De Arthur Ferreira Jr.'.
Dedicado a Mestre Montalvan e a Yeats
Veio o sono, e transpus os obstáculos largados no caminho do meu sonhar, com a maior facilidade. Desfiz a existência daquelas pragas que começavam a acumular-se pela terra branca, informe e enevoada que cercava os meus domínios. Eram ervas daninhas: como bromélias feitas de carne, cartilagem, e com um único olho dentro daquela massa gotejante, tresandando a carniça. Sem maiores reclamações, extirpei-as, uma a uma: era meu dever.
Que importava se, na noite seguinte, devia repetir o mesmo processo? Era o meu dever.
Naquela noite o leviatã não viria. Ele começava a rarear suas aparições, mas quando isso acontecia, a colheita daqueles fungos diabólicos era sempre mais pesada. Por toda a planície. E, por isso, eu precisava estar ali, antes que a noite caísse no mundo dos despertos, antes que as presenças dos que dormem tornassem-se multidões.
Dia após dia, noite após noite, a planície parecia aumentar de tamanho. Mais presenças, uma ou outra, era quase imperceptível. Mais presas para o leviatã, mais vítimas incautas para o envenenamento dos fungos.
Mais desespero, mais crimes, mais loucura pela terra dos despertos. Se eu não estivesse ali, a maré turva de sangue tomaria tudo com mais pressa e ímpeto.
O céu malva se retorcia, bem devagar. Era um dia de rotina.
IMAGENS E ILUSTRAÇÕES, AUTORES E FONTES
ResponderExcluir"Worship", de Clark Ashton Smith.
Não queria estar neste lugar...
ResponderExcluirPerfeita a descrição, dá quase para sentir o odor fétido do local.
É a infestação com que Virgílio Mago, do conto http://insanemission.blogspot.com/2010/09/o-farol-na-escuridao.html , está tendo de lidar ... o mini-conto Virgo se passa após O Farol na Escuridão.
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