Por Jorginho Demó
Ora, hoje estou sóbrio. Logo, irrito-me.
Porque não posso pôr uma mísera gota’rdente
Da água estonteante em meus lábios sequiosos?
Ficarás tonto, dizem. Ficarás inebriado.
Creio porém que o estado de inebriação é superior à
Lucidez que nos prende às firmes amarras da razão.
Dê-me logo esta garrafa plena de ilusões!
Bebo a sôfregos goles. Sinto escaldar-me a garganta.
Suficiente contudo não é, quero e posso tomar mais
E levo o resto da maldita noite a beber, a beber,
Potencialmente aumentando o tamanho de meu ventre,
Já inchado por esta gula, esta ânsia abominável.
Logo estou bêbado. Logo estou bêbado ainda mais.
Impulsionado pela própria turvação do vinho.
Passam-se alguns minutos. Não agüento mais continuar.
Peço que chamem um táxi, preciso sair daqui.
Corro às ruas antes de ser atendido, perturbado.
Caio na sarjeta, percebo os momentos finais.
Abstraio-me das centelhas a piscar antes que venha
O coma alcoólico, o esperado torpor, a sublimação.
Me deixem morrer. Não me socorram. Adeus.
Dedicado a uma figura que passou em minha vida, em 12/07/2004
Jorginho Demó é um heterônimo de Arthur Ferreira Jr.'.
IMAGENS E ILUSTRAÇÕES, AUTORES E FONTES
ResponderExcluirImagem de campanha da ABRAMET
http://www.zupi.com.br/index.php/site_zupi/view/voce_pode_beber_e_dirigir_ou_beber_e/
Essa parte "Dê-me logo esta garrafa plena de ilusões!" Diz basicamente tudo o que eu penso sobre bebidas. Sou a favor do livre pensar, do livre agir.
ResponderExcluirAcho que eu só fiquei bêbado três vezes na minhas três décadas de vida.
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