tag:blogger.com,1999:blog-12034736980130807912024-03-05T01:54:20.806-03:00A Busca Pela MortalidadeCONTOS E POEMAS LANÇADOS AO CAOSKAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.comBlogger103125tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-11939127433016429542011-07-11T13:11:00.001-03:002011-07-11T13:33:34.749-03:00DESPERTAR BRUTALA <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a> continua com seu Episódio 22<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://us.123rf.com/400wm/400/400/truelight/truelight1008/truelight100800022/7517392-a-fantasy-landscape-of-dark-hills-sun-red-sky-and-alien-orbiting-planet.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://us.123rf.com/400wm/400/400/truelight/truelight1008/truelight100800022/7517392-a-fantasy-landscape-of-dark-hills-sun-red-sky-and-alien-orbiting-planet.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></span><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">AS TRÊS PRODÍGIOS CAMINHAVAM CAUTELOSAMENTE pela ravina, seguindo as indicações deixadas no terreno por Azif: um rastro óbvio ali, um grafito rabiscado no paredão crescente. Charya teve a impressão de que o rapaz encontrava-se nas bordas do alcance de sua telepatia – mas ainda assim o sentia com mais vividez do que podia detectar a presença de Euro.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Mais cedo, antes de saírem do acampamento contrabandista para a primeira missão designada pelo Grão-Mestre, Charya reuniu a todos e conseguiu estabelecer aquele elo telepático forte – ela ainda não sabia o quanto aquela ligação iria durar, mas seria útil tanto para comunicação quanto para coordenação em caso de batalha.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A maior dificuldade em estabelecer o elo havia sido com Berya (óbvio, dado que se conheciam há pouco tempo e a natureza um tanto retraída da Prodígio Azul) e – isso a preocupava – com Euro. Natural que sentisse Azif com mais força, já que guardavam dentro de si aquele amor não-concretizado, mas Euro parecia especialmente desfocado, desconectado... deprimido, talvez. Quanto a Dova, bem, a menina tornava tudo mais fácil, era uma catalisadora.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Charya a princípio imaginou que os acontecimentos durante a semana em coma haviam revelado a Euro mais sobre si mesmo do que ele gostaria de saber. As memórias vagas de ser uma espada – uma espada como a katana que empunhava naquele momento, enquanto as três desviavam-se das rochas que atravancavam o caminho – nas mãos de Dova mostravam a Charya uma luta sem sentido de Euro contra o próprio meio-irmão, e o murro descomunal que atingira a Prodígio Branca no rosto.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> As cenas haviam acontecido dentro da mente da própria Charya, claro, mas a realidade daquilo tudo era inegável para os três combatentes, e a Prodígio Vermelha saboreava devagar o paradoxo de que, apesar dela também ter estado lá, na forma de espada, e de toda a aventura ter se desenrolado dentro daquele espaço em branco – espaço <i>lethean</i>, como o chamavam os neander – suas memórias eram mais tênues e ela não tinha noção direta do que havia acontecido com Berya e Euro.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Euro! De repente, aquela presença fraca do meio-neander, na orla extrema de sua percepção telepática, tornou-se vívida e pulsante – Charya <i>enxergava sinestesicamente</i> o ponto amarelo-claro virar um dourado reluzente, e sair apressado do alcance da mente da líder dos Prodígios.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i> Rápido! Vamos dar apoio a ele</i>, soou a voz da Prodígio Vermelha na mente de Berya e Dova. Mas logo Charya percebeu que não tinha ideia do que poderiam enfrentar; e que talvez estivessem caindo numa armadilha; mas a ordem já havia sido dada, e não queria parecer indecisa.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Dova sentiu o cheiro de baunilha que era característico quando Charya tocava sua mente, uma pontada de medo, mas materializou seu armadoxo com facilidade e marchou para a frente na ravina onde antes Azif e Euro haviam se embrenhado. O báculo em sua mão servia não só para desferir golpes, como ajudava a focar sua intuição. Que diferença de quando tinha a “espada de Charya”, percebeu Dova, o descontrole de suas emoções naquela ocasião era evidente quando comparado à estabilidade que o báculo lhe fornecia.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Percebeu também de imediato que “ele” era Euro e não Azif; e algo também lhe dizia que precisava correr, correr como Euro havia feito – ela não havia visto nem ouvido a investida do meio-neander, mais à frente, mas sabia o que havia acontecido com ele, o elo telepático entre todos estabelecido por Charya aumentava tremendamente a empatia e a ligação que sentia com os outros Prodígios. <i>É como se eles fossem minha verdadeira família</i>, pensou Dova, e logo se arrependeu, lembrando do avô e do irmão Manyu. As cenas de quando fez a “cópia” do irmão em pedacinhos a estavam assombrando desde que despertara do coma.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Tentou ignorar a recordação e acompanhou as outras pela ravina, já ouvindo a voz de Azif gritar em sua mente, ecoada pelos poderes de Charya: <i>Aranha gigante, demônio do Ermo, fardo que devemos suportar, cicatriz monstruosa dos erros de uma era passada, eu te exorcizo em nome da Rainha Mercúrio, que o Grande Goog me dê sabedoria na batalha,</i> aquilo era uma prece, um mantra proferido em desespero mas solenidade. O tom apavorou Dova e reconfortou Berya – era idêntico ao tom dos sacerdotes da Terra Castanha.</span><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://jujulies.files.wordpress.com/2011/02/aranha-2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://jujulies.files.wordpress.com/2011/02/aranha-2.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Na planície negra, a terra fofa pelo húmus não atrapalhou em nada o ímpeto de corrida de Euro em direção à aranha azul – corria poucos centímetros acima do solo, sem ser impedido por nada em seu caminho. Os últimos passos da investida na verdade foram se tornando um grande salto, e de um salto uma voadora direto no grande abdômen do monstro, que recuou ferido e assustado pelo brilho dourado do ataque – era como se estivesse distraído e fosse pego de surpresa.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i>Aranhas daath não costumam ser desatentas assim,</i> pensou Azif ao contemplar a cena, não são símbolos da vigilância incansável? O Prodígio Negro não perdeu muito tempo pensando após completar sua prece, e impeliu seu corpo pelo espaço na direção dos dois combatentes, buscando ajudar Euro a não ser trucidado pelo contra-ataque da aranha. O impulso arremeteu Azif para a frente, distorcendo o espaço e jogando-o direto para a planície de húmus.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Foi então que ali, a cerca de dez metros de Euro, notou o que havia acontecido com seu meio-irmão: besouros e outros insetos dourados enxameavam sobre seu uniforme-paradoxo, e antes que a daath pudesse reagir, Euro vestia novamente placas douradas sobre o uniforme amarelo, formadas a partir dos minúsculos insetos que o paradoxo havia liberado. Novamente, como havia sido no sonho coletivo há tão pouco tempo. Só que agora era tudo real.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Daquele ponto de vista Azif não conseguia enxergar o terrível terceiro olho na testa do Prodígio Amarelo, mas sabia que ele podia estar ali encimando uma tiara dourada, e alterando o comportamento de Euro como havia feito no espaço mental de Charya. Sacou a cimitarra do uniforme, pronto para intervir contra o próprio irmão se fosse preciso, de novo – mas agora havia a gigantesca aranha prendendo a atenção do “herói da Terra Castanha”, então era melhor ajudá-lo a matar o demônio do Ermo antes que algo pior acontecesse.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Aproveitando o atordoamento da aranha daath, Euro ergueu as descomunais manoplas douradas que agora cobriam suas mãos, ajustou melhor sua posição em volta do monstro e, de mãos entrelaçadas, golpeou os muitos olhos da aranha, esmagando alguns no processo.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Aliviado, Azif notou que o terceiro olho estava lá na testa de Euro, mas fechado. Empunhando a cimitarra que lhe serve de armadoxo, o Prodígio Negro sentiu de repente a presença de Dova correndo pela ravina em sua direção, e numa intuição profunda arremessou a cimitarra, girando contra a aranha, como nunca havia feito antes. A armadoxo rodou pelo ar como um bumerangue, cortando afiada uma das pernas articuladas do monstro, mas não retornou às mãos do dono – ao invés disso, foi o dono que se rematerializou com a cimitarra assim que esta fez seu estrago, num teleporte ainda mais espetacular pelo fato de que Azif reapareceu portando a máscara de gás e a musculatura artificial que havia sido característica do sonho compartilhado dentro da mente de Charya.</span><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://ferramenteira.files.wordpress.com/2008/08/alfange.jpg?w=250&h=179" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://ferramenteira.files.wordpress.com/2008/08/alfange.jpg?w=250&h=179" /></a></div><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Quando virou a cimitarra na mão para dar-lhe balanço, sentiu-a mais pesada: durante o arremesso ela havia de alguma forma aumentado de tamanho, estava mais para um alfanje que uma cimitarra curta – forçando Azif a empunhá-la com as duas mãos.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Berya era um pouco mais rápida que as outras duas Prodígios e foi a primeira a chegar onde a ravina desembocava na planície negra. Uma mistura de excitação e horror tomou a Prodígio Azul; sentia uma energia incomum percorrer todo o seu corpo da cabeça aos pés, deixando seus cabelos arrepiados. Estacou bem onde o caminho pedregoso da ravina dava lugar ao húmus preto da planície, já com sua espada curta na mão. Quando as outras duas chegaram notaram de imediato como os olhos de Berya haviam se enchido de um azul profundo e de uma determinação intensa – como se ela fosse soberana de si, de tudo e de todos à sua volta.</span><br />
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</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://thumbs.imagekind.com/member/f9fd89cc-4023-4396-9d0e-3ddeda2d6f45/uploadedartwork/450X450/a9f7bbae-f4b3-4f30-b719-91645d3108fe.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="251" src="http://thumbs.imagekind.com/member/f9fd89cc-4023-4396-9d0e-3ddeda2d6f45/uploadedartwork/450X450/a9f7bbae-f4b3-4f30-b719-91645d3108fe.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/07/teias-de-fogo-azul.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a><br />
BAIXE A COMPILAÇÃO DAS PRIMEIRAS FASES:</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA (Episódios 1 a 9)</a></div><div style="text-align: center;">E</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/WWTcTeVc/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_10-19_REVO.html">REVOLUÇÃO (Episódios 10 a 19)</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-84640580879850515372011-07-04T10:56:00.001-03:002011-07-04T10:58:47.984-03:00TEIAS DE FOGO AZULArthur Ferreira Jr.'. retoma a <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a> em seu Episódio 21:<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><a href="http://www.cityofportsmouth.com/school/dondero/msm/spider/cobabluf.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://www.cityofportsmouth.com/school/dondero/msm/spider/cobabluf.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">UMA ENORME ARANHA DE PELOS AZULADOS escalava a parede úmida da cripta, indo em direção a uma teia na junção das paredes com o teto, onde a esperava outra aranha, de tamanho bem menor.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O olhar de Manyu Daury já tinha a tendência de vagar pelos cantos, exasperando qualquer interlocutor, e aquela aranha azul definitivamente capturava sua atenção enquanto o homem vestido de branco à sua frente tentava impressioná-lo com seu discurso – a aranha estava a um metro e meio de distância dele, calculou Manyu, <i>se o resultado da hipotenusa estiver correto</i>, pensou o rapaz.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Entende que você me deve a vida, certo...? Nós os salvamos da morte na mão dos zelotes. Digo nós porque eu sou o líder do grupo que o salvou, e digo que você deve a vida a mim, mais uma vez, porque eu sou o líder.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Manyu desfocou sua atenção na aranha, que já ia atingindo a teia, e voltou-a para o homem de branco, que sorria maquiavelicamente. “Isso quer dizer que agora você é meu líder... é isso?” O outro assentiu com ar condescendente.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Também quer dizer que faço parte do bando agora?” Distraído, quase fleumático, Manyu Daury não estava acostumado a sentir medo – quase nada quando os zelotes o atacaram, semanas atrás. Mas aquele homem o dava calafrios quando prolongava muito o fim de cada frase ou pergunta.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Er... não.” Em algum lugar da cripta, ouviram-se pigarros. Aquele canto estava iluminado por velas dispostas num padrão qualquer, no chão (por que no chão? perguntava-se Manyu), de modo que o outro extremo da extensa cripta estava preenchido de sombras, onde o jovem Daury sabia que ocultavam-se o bando de Lacernos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Lacernos era o homem de vestes brancas, que Manyu sabia apenas, até agora, ser líder de um bando de criminosos operante no Nomo das Torres. “Não. Você vai ser meu subordinado direto... vai trabalhar aqui.” A voz de Lacernos era ao mesmo tempo rude e afável.</span><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaYJxA9Gn5ngGz0y6DioLTHpGBHvRRUhNVKrGJTXFur0u1eIXgVmMXoPmaQC935X-aDnpCcefoenqqv29v63vrKGUGD5QZXzwpeG6icgtb7EQgzP2_AGYBNMScehszM6P6Li9fbKCW4WI/s1600/Pablito+Designer+-+Vampire.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="201" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaYJxA9Gn5ngGz0y6DioLTHpGBHvRRUhNVKrGJTXFur0u1eIXgVmMXoPmaQC935X-aDnpCcefoenqqv29v63vrKGUGD5QZXzwpeG6icgtb7EQgzP2_AGYBNMScehszM6P6Li9fbKCW4WI/s320/Pablito+Designer+-+Vampire.png" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Aqui...? E o que tem demais nessa cripta?” Manyu também sabia estar numa cripta no subterrâneo do Nomo das Torres; mas não sabia exatamente onde, havia sido vendado pelos seus salvadores... ou captores, não fazia mais diferença alguma.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Também não fazia mais luz alguma, porque as velas haviam apagado de repente.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">***</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Uma enorme aranha de pelos azulados rastejava pela planície negra. Com mais de três metros de comprimento, uma daath podia ser cavalgada por alguém corajoso o suficiente para domá-la – ou seja, quase ninguém. Azif avistou a monstruosa figura movendo-se logo à frente, e agradeceu silenciosamente aos deuses da Terra Castanha por ela não tê-lo percebido.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Euro vinha mais atrás e Azif fez-lhe um gesto para que parasse ali mesmo. O meio-neander reagiu com uma cara de enfado, fazendo Azif imaginar por que demônios o seu irmão estava comportando-se daquele jeito desde o princípio da missão.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Teriam de esperar a aranha sair daquela seção do Ermo, para que pudessem passar. O Prodígio Negro concentrou-se e seu uniforme-paradoxo deformou-se sobre o rosto, criando lentes de metal escuro e resina de tom prateado. Um dos novos truques com conseguia fazer desde a semana em coma. Agora enxergava perfeitamente a aranha, mas perdia noção das coisas logo ao seu redor.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> E foi assim que não percebeu de imediato que Euro passara por ele investindo em grande velocidade, os pés praticamente não tocando o chão pedregoso daquela ravina por onde haviam vindo. E em instantes o Prodígio Amarelo já estava na faixa de planície negra, pronto para lutar contra a gigantesca aranha azul... a mortífera daath.</span><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.scenicreflections.com/files/Blue_Desert_Wallpaper_7ksyw.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://www.scenicreflections.com/files/Blue_Desert_Wallpaper_7ksyw.jpg" width="400" /></a></div><br />
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<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/05/no-principio-era-o-paradoxo.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a><br />
BAIXE A COMPILAÇÃO DAS PRIMEIRAS FASES:</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA (Episódios 1 a 9)</a></div><div style="text-align: center;">E</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/WWTcTeVc/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_10-19_REVO.html">REVOLUÇÃO (Episódios 10 a 19)</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-74505516473521866552011-06-29T13:05:00.000-03:002011-06-29T13:05:32.084-03:00VÉU DE ABELHApor <i>Desdêmona</i> *<br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; font-size: large;">Um véu simples,<br />
Uma mão morta balançando na janela.<br />
Um véu simplório,<br />
Um zangão morto pela abelha-rainha.<br />
Um véu solitário,<br />
Um zumbido ausente de meus ouvidos.<br />
<br />
Há quanto tempo o zumbido se foi<br />
E não notei o êxodo das abelhas?<br />
Há quanto tempo<br />
As dançarinas não brilham mais ao sol?<br />
<br />
Havia um serralho sobre a colina,<br />
E um palanquim deserto à noite.<br />
Lá meu amado aparecia sob o véu das sombras,<br />
E ninguém notava quando ele se ia.<br />
<br />
E agora que ele está morto<br />
E a garoa leve dança ruidosa no telhado,<br />
As colmeias ocas são enterradas no jardim,<br />
E o vento frio da estepe me envolve a alma, clamando justiça,<br />
Desvelo os segredos daquele amor cinzento<br />
E retorno ao mundo, sabendo que o matei.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.pixelrobot.com/blog/wp-content/uploads/2008/06/camilladerrico1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="361" src="http://www.pixelrobot.com/blog/wp-content/uploads/2008/06/camilladerrico1.jpg" width="640" /></a></div><br />
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<div style="text-align: right;">* Desdêmona é um heterônimo feminino de Arthur Ferreira Jr.'.</div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-31973955344409117472011-06-15T12:13:00.000-03:002011-06-15T12:13:19.640-03:00ALÉM DA PRESENÇA DA DEUSApor Neith War e Arthur Ferreira Jr.'.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKS4cfEafvL33Vrt-oFgvO7G9snRrwryU08nEyxwMpTzVIAMvqIcam3l4M4od29Z_YtoGVmgH-WmCZ5S-uZCRQONzw7W9n3TXnfPzcPqZ698LA4gjkTv4aCnhcacwwvTTCLCAtNbvcF4g/s1600/behold-serpent-woman-sexy.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKS4cfEafvL33Vrt-oFgvO7G9snRrwryU08nEyxwMpTzVIAMvqIcam3l4M4od29Z_YtoGVmgH-WmCZ5S-uZCRQONzw7W9n3TXnfPzcPqZ698LA4gjkTv4aCnhcacwwvTTCLCAtNbvcF4g/s320/behold-serpent-woman-sexy.jpg" width="319" /></a></div><br />
<br />
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Como peregrino numa terra faminta<br />
Busco minha deusa e não a encontro<br />
Ponho oferendas no altar, e sinto um intenso aroma<br />
Seria o cheiro excitante de minha deusa a se manifestar?<br />
Oh, não, deve ser só o incenso e sua bruma perfumada.<br />
Vou deixando deserta a sala de ofertas e rituais,<br />
Mas ao passar do umbral, ouço uma risada provocante...<br />
<br />
*<br />
<br />
Meu querido e sombrio amante!<br />
Seu corpo provocante me chama e atiça<br />
Você pode sentir o meu desejo fluindo através dos poros?<br />
Minha pele queima de prazer ao imaginar-me em teus braços<br />
Minha fome de luxúria é tão intensa que sinto meu sangue ferver<br />
Exalo um cheiro adocicado de prazer e desejo<br />
A divina sensação de êxtase num demoníaco ato de sedução<br />
<br />
*<br />
<br />
Olho para trás, e sobre o altar, ela jaz tentadora<br />
Seu corpo é um paraíso em forma de mulher,<br />
Suas curvas, as voltas secretas dos deuses na Terra;<br />
Sua pele, como a seda mais sagrada que pende no santuário.<br />
Mas seus seios exibem uma firmeza que revela uma excitação infernal;<br />
Suas pernas entreabertas, aquele caminho estreito<br />
Onde os mortais se perdem para sempre.<br />
<br />
*<br />
<br />
Venha até mim e faça-me gemer de prazer<br />
Delicie-me com teu hálito fresco e tua pele quente<br />
Você me chamou e eu o desejo <br />
Sacie minha obscura alma com teu toque infernal<br />
Deixe-me envolvê-lo numa teia de desejo<br />
Invada-me e preencha meu corpo com tua deliciosa existência!<br />
<br />
*<br />
<br />
Não resisto ao sorriso fascinante dela, mostrando os dentes alvos,<br />
Fazendo-me cobiçar sua boca tão ávida.<br />
Tiro meu robe de devoto, e não me importo mais,<br />
Se é deusa ou demônia, a provarei assim mesmo.<br />
Assim me igualo a ela, estamos ambos nus e sós,<br />
Mas agora seremos dois corpos trocando calor e desejo, paixão divina e agonia sensual.<br />
<br />
*</div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"></div><div class="separator" style="clear: both; font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS6Ex0GeKvA9XLIIxLFsGD9OtCY6fLKEbJE6Ujz1hvpw2UibUAF4-z67_AzJ0SAV7Fzk3XVMiUmd-Fth7CYSmzajMOGo1gk6KITp78TQb2s3HI26RxwrTENj-djMcE2Numi-nCiBi1vUA/s1600/tcho_tcho_legendary_queen_seen_as_ancient_egyptian_goddess_nut.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS6Ex0GeKvA9XLIIxLFsGD9OtCY6fLKEbJE6Ujz1hvpw2UibUAF4-z67_AzJ0SAV7Fzk3XVMiUmd-Fth7CYSmzajMOGo1gk6KITp78TQb2s3HI26RxwrTENj-djMcE2Numi-nCiBi1vUA/s320/tcho_tcho_legendary_queen_seen_as_ancient_egyptian_goddess_nut.jpg" width="214" /></a></div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Minhas mãos tocam a pele dele<br />
Irresistívelmente quente<br />
Meus lábios entreabertos buscam os seus<br />
Deslizo minha lingua para dentro de sua boca<br />
Um torpor me invade e sinto a energia pulsante correr por minhas veias<br />
Os corpos colados um ao outro<br />
Desejo sua alma...<br />
<br />
*</div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Um fervor extremo, um misto de veneração e luxúria me toma<br />
Eu desejo devorar a minha deusa, minha demônia.<br />
Sinto sua língua dançar com a minha, mais intensa que a própria dança cósmica;<br />
Sinto sua pele deliciosa encostar-se à minha, a carne divina que eu cobiço.<br />
Mordisco seu pescoço e sinto todos os seus poros arrepiarem-se<br />
Liberando mais da sublime e fatal fragrância que me envenena de prazer.<br />
Com ela ali, o duro altar de mármore parece mais confortável que um dossel de folhas.<br />
<br />
*<br />
<br />
As velas parecem tochas incandescentes a tornar o ambiente fatalmente mais aconchegante<br />
O incenso se mescla ao cheiro de nossas peles transformando-se numa fragância excitante<br />
Sinto seu corpo sob o meu<br />
Suas mãos acariciando minha pele enquanto me invade provocando-me<br />
Meu corpo o recebe de forma intensa<br />
Nossos gemidos ecoam por todo o ambiente<br />
Música para todos os demônios ali presentes<br />
<br />
*<br />
<br />
Meu orgasmo explode por todo o universo, sou uno com minha deusa!<br />
Sinto-a sobre meu corpo, tremendo, gritando e fazendo ecoar segredos fatais nas paredes.<br />
Tudo isso parece uma eternidade que vai se comprimindo em poucos segundos de êxtase...<br />
E que se dissipa exatamente como a fumaça do incenso,<br />
Revelando-me nu e só sobre o altar, e atordoado a imaginar:<br />
Foi tudo aquilo um sonho, ou o resto de minha vida apenas será<br />
Um pesadelo banal, uma existência vazia sem a presença de minha deusa?...</div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRlf3QPexOpGw3AVr2WZ9bgdJb_LHgXfQW21Tstr4Gw7bhHzctiAi0w2bKxgR9BKFh1Gk_ia0ko8-5Ohuf69SQM-5uP2rDZcmJ6RyLF3nnYZfUnH0GSv_B43rTavf44jzSNbJe888q18g/s1600/Beatrice_Addressing_Dante_%2528by_William_Blake%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="449" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRlf3QPexOpGw3AVr2WZ9bgdJb_LHgXfQW21Tstr4Gw7bhHzctiAi0w2bKxgR9BKFh1Gk_ia0ko8-5Ohuf69SQM-5uP2rDZcmJ6RyLF3nnYZfUnH0GSv_B43rTavf44jzSNbJe888q18g/s640/Beatrice_Addressing_Dante_%2528by_William_Blake%2529.jpg" width="640" /></a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-46585048158285879992011-06-13T22:32:00.050-03:002011-06-15T12:18:22.601-03:00NAS GARRAS DE UMA MENTIRA<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-size: x-large;"><span style="font-size: small;">3o. conto da Tetralogia da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Aline%20Cortez">Crisálida</a>, por <span style="font-size: large;">Arthur Ferreira Jr.'. <span style="font-size: small;">e</span> <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Kinn">Kinn</a></span></span></span></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
<span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-size: x-large;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: x-small;">(Os personagens <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Aline%20Cortez">Aline Cortez</a> originalmente criada por Arthur Ferreira Jr.'. e <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Lady">Lady Mizune</a> no miniconto <a href="http://insanemission.blogspot.com/2010/12/ela-so-queria-dancar.html">Ela Só Queria Dançar</a>; Thiago Podestà e <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Vanessa">Vanessa</a> originalmente criados por <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Neith">Neith War</a> e Arthur Ferreira Jr.'. no conto<a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/01/misterios-do-horizonte.html"> Mistérios do Horizonte</a>)</span></span></span></span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-size: x-large;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: x-small;"><i>Nota:</i> Embora este conto esteja entrelaçado com os eventos narrados nos contos <a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/01/crisalida-e-esfinge.html">A Crisálida e a Esfinge</a> e <a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/03/verdade-seja-dita.html">Verdade Seja Dita</a>, você não precisa necessariamente lê-los ANTES! Porém, os links estão aí como referência.</span></span></span></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.werewolves.com/wordpress/wp-content/uploads/2009/10/werewolf-city.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.werewolves.com/wordpress/wp-content/uploads/2009/10/werewolf-city.jpg" width="221" /></a></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;">MAL COMEÇARA A MANHÃ EM CRISÁLIDA, e a fumaça já ascendia aos céus. Isto é comum em cidades grandes, especialmente quando essa fumaça é sinal do progresso eternamente em andamento, buscando fazer a cidade crescer nos atos de seus cidadãos. Mas hoje é um dia especial. Caminhões chegam em certos locais de entrega, vindos não se sabe de onde. E ninguém pergunta sua procedência, por que seria falta de etiqueta. E a etiqueta é algo muito importante na sociedade. Todos os grupos oficiais e extraoficiais da sociedade na cidade seguem-na rigidamente.<br />
<br />
Dizem que mesmo os monstros e fantasmas – se você acredita neles – seguem essas regras não escritas, que todos conhecem. Não segui-las é atrair a atenção e chamar problemas, de um jeito ou de outro. Tanta rigidez exige compensações. E a cidade, ciente disso, oferece de tudo para satisfazer seus habitantes. Todo tipo de diversão e prazer, lícitos ou ilícitos, podem ser obtidos por um preço, de acordo com o bolso e gosto do freguês.<br />
<br />
Gregor viu um desses caminhões chegar no galpão, enquanto se ocultava na ruma do beco, o tonel gerando calor durante a noite esgotava seu combustível. Gregor vivia nas ruas há muito tempo. Suas roupas esgarçadas, sujas, bem como sua barba cheia, mostravam toda sua decadência. A garrafa vazia ao seu lado completava a cena óbvia do imaginário do sem teto que era, mesmo que em seus sonhos, se visse com uma vida de luxo e nobreza de berço.<br />
<br />
Aquele era um bairro violento. Mas Gregor sempre estava por lá, vivo, não sofrendo nenhuma das injúrias, nem desaparecendo como muita gente naquela região. Era sempre Gregor, o louco; Gregor Sansa, a barata da sociedade, que tinha ilusões de grandeza e riqueza; Gregor Spinovit, ou seja o sobrenome que ele inventava ter no dia. Igualmente variava a versão da forma teria tido a mão direita amputada. Combatendo piratas ou tentando obter tesouros em masmorras antigas, ele era a diversão dos transeuntes, especialmente mafiosos e bandidos da região. A única coisa que nunca mudava em suas histórias era o vilão, seu arqui-inimigo o Conde Sinuhe, que era responsável de alguma forma pela perda da mão do herói e fugia rindo malevolamente.<br />
<br />
Hoje, havia chegado mercadoria nova e alguém teve a ideia de dar um presente para o mendigo mais divertido do bairro. Disseram a ele que ia tornar os sonhos dele realidade...</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> <br />
Ironicamente, não poderiam adivinhar quão perto da verdade estavam...</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="border-bottom: 7.50pt double #000000; border-left: none; border-right: none; border-top: none; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm; padding-bottom: 0.07cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><span style="font-family: Georgia,serif;"><i><br />
</i></span><br />
<a href="http://www.roleplaycity.com/infusco/images/werewolf.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.roleplaycity.com/infusco/images/werewolf.jpg" width="225" /></a><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>A CIDADE TEM UM RITMO DIFERENTE, </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;">pensou Nyarlathotep, o Esfinge Negra. </span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>Estou há tão pouco tempo aqui, e algo me diz que não vou permanecer muito tempo, mas consigo perceber a diferença. Há algo no ar... um pulsar, uma presença, um tanto distinta da presença que senti no ar desde que cheguei a Crisálida, e a nova presença está ao mesmo tempo se opondo e sendo abraçada pela cidade. Algumas pessoas de quem me alimentei parecem estranhas, e como vampiro de sangue, memórias, sentimentos... senti o gosto profundo e alterado em seus sangues, o experiência em suas memórias, o frenesi em suas emoções.</i></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><i> É uma droga. E bem diferente da cocaína, maconha e ecstasy que saboreei em algumas de minhas vítimas. Mas isto veio a calhar: vai apressar o meu plano. As marcas que estou deixando na cidade, as mortes, vão atrair a atenção desse outro vampiro que detecto à distância... e tenho o pressentimento que ainda mais rápido, se as mortes estiverem ligadas a essa droga.</i></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><i> Se há uma coisa que esse Sinuhe tem, é curiosidade.</i></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><i> Vamos ver se ele vai cair na armadilha do diário... hum, devaneios à parte, mais um drogado se aproxima, hora de deixar mais uma marca e deixar o bairro de Raven Lake ainda mais apavorante e sedutor...</i></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><i> </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">“Amigão! Tem fogo?” </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>Às vezes os clichês funcionam melhor que tudo, </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">riu-se Esfinge Negra por dentro.</span></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Não tenho dinheiro, cara.” O sujeito, de óculos fundo de garrafa, barba por fazer e roupas comuns – camiseta, moletom e calça jeans – cheirava à nova droga. Ele apressou o passo, e nesse passo renovado o Esfinge percebeu que ele levantava os pés de forma mais similar a de um animal do que de um ser humano. Um certo pressentimento, um aviso de imprudência cruzou a mente do vampiro, mas a impressão de perseguir um animal selvagem atropelou o alarme de sua intuição, e tudo que Nyarlathotep quis, naquele momento, foi a sensação da caçada perigosa.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> O Vulto Vulpino foi rápido e alcançou sua presa, segurando-a pelo pescoço – só que o rapaz se voltou quase tão ágil, vibrando um chute no estômago de seu perseguidor. Tendo se desvencilhado, deu dois passos para longe do Esfinge e – para espanto e excitação do vampiro – chiou como se fosse um gato, arqueando a postura, seus olhos brilhando na penumbra.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> Nyarlathotep sorriu por dentro. </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>Perfeito! Primeira vez que encontro um monstro tangível, de verdade, em Crisálida! </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">E atacou, seus olhos azul-cobalto revelando-se tanto quanto os olhos licantrópicos de sua presa.</span></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>Jogo de ganha-ganha! Se ele se provar muito forte, eu fujo deixando a sacola com o diário para trás, e tenho certeza que assim cairá nas mãos do Bibliotecário! Se ele for fraco, mais uma refeição e eu deixo o diário no moletom do cadáver...</i></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="border-bottom: 7.50pt double #000000; border-left: none; border-right: none; border-top: none; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm; padding-bottom: 0.07cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><a href="http://zupi.com.br/images/uploads/Alfonso_Zubiaga4.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://zupi.com.br/images/uploads/Alfonso_Zubiaga4.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: Georgia,serif;">TRIM! TRIM! </span> </div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;">TRIM! TRIM!</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> O aparelho não parava de tocar, até que a porta da rua abriu e chegou uma jovem cheia de compras. Ela olha para o lado e vê o dono da casa na mesa olhando uma pilha confusa de papéis.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Não vai atender, Sinuhe?” perguntou a jovem, enquanto pousava as compras no chão.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Não. Por que deveria?”</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Nós quase nunca recebemos ligações. Não está nem um pouco curioso em saber quem é?”</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Nem um pouco. Só uma pessoa usa esse aparelho infernal para nos incomodar. E sempre são notícias ruins. Desligue-o, por favor.”</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Mas o aparelho continuava a tocar insistente. Quem estava do outro lado mostrava que não desistiria até conseguir ser atendido. A jovem, confusa, parou em frente ao aparelho, na dúvida entre obedecer a ordem e fazer seu mestre sofrer as consequências de desafiar a pessoa do outro lado da linha. Por fim, Sinuhe, vendo a consternação da jovem, se levantou e foi até o aparelho, enquanto disse para a jovem guardar as compras.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Ele observou o aparelho, incomodado tanto pelo barulho que fazia, quanto dissabor de ter de usar um instrumento tão esquisito para ele.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Eu te odeio, Graham Bell.” disse antes de atender.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> A ligação, ao contrário do parecia, não era mais um dos serviços sujos da organização para qual trabalhava. Era um comunicado para convidá-lo a uma festa na alta sociedade. Parecia uma noite de negócios onde uma novidade peculiar seria apresentada. Ele deveria vigiar uma presa: a jovem líder dos italianos e obter detalhes; se pudesse obter uma amostra ou a fórmula, melhor ainda. Informação e o controle dela eram as armas da Organização e os talentos dele seriam úteis nessa operação.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Algum tempo depois estava trajado de forma impecável para a solenidade. A jovem ajudava-o a completar seu bem vestir.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Pronto, Sinuhe. Está muito bem vestido. Vai para uma festa e ainda assim, não parece de bom humor. Devia aproveitar e se divertir. Um lugar destes para alguém como você deveria ser uma oportunidade de ouro. Quase fico com ciúmes de saber que vai seduzir tantas garotas lá.”</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “A festa não me interessa, Fumiko. A moça não me interessa. Nem estas presas que eles estão dizendo que estão cedendo para mim. Eu sei que há algo desagradável nisso tudo, senão aquele homem desprezível não teria me escolhido. Mas eu farei o que foi ordenado e depois que terminar, me esquecerei que este dia existiu.”</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Mas Sinuhe... você quer dizer que, mesmo vivendo para sempre, que vai esquecendo das coisas? Quer dizer que um dia vai me esquecer?”</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Ele sorri e ela vê o fulgor de seus olhos verdes que um dia tanto fascinaram e a fizeram abandonar tudo.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Eu escolho sempre esquecer tudo de ruim e lembrar das coisas boas. Eu sou muito criterioso na escolha de meus servos humanos. E nunca esqueci do tratamento de nenhum deles. É assim que eu sou e assim serei para sempre, enquanto minha vida, que é eterna, subsistir.”</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Ele dá um ósculo na testa dela e sai. Sem notar que olhos sinistros não gostaram nada de sua declaração...</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="border-bottom: 7.50pt double #000000; border-left: none; border-right: none; border-top: none; font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm; padding-bottom: 0.07cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
<br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://zupi.com.br/images/uploads/laurent_pierlot0.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://zupi.com.br/images/uploads/laurent_pierlot0.jpg" width="276" /></a></div><br />
“<span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">OLHOS SINISTROS E ONIPRESENTES OBSERVAVAM cada canto da cidade, porém mesmo um olhar tão ubíquo deixa de notar certas coisas; afinal, não estamos sempre ignorando coisas que acontecem no canto do olho? O que acontece se os cantos desses olhos sinistros estão – oh, não, olhos que são cada esquina de uma cidade que parece viva?”</span></span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> “Esse sujeito era meio poeta, né, chefe?” Domenico Podestà se irritava um pouco a cada vez que ouvia um desses comentários clichês de Antonello, mas não tinha jeito. Um capanga extremamente fiel, mas um sujeito bronco e de personalidade monocromática. </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>Bem, não se pode ter tudo</i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">, pensou Domenico, </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>e com certeza eu prezo mais a fidelidade. Que ele deixe o refinamento para mim. </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">Assim, nem se deu ao trabalho de responder ao braço direito, mas pulou logo para o assunto de interesse mais imediato da noite:</span></span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Mande verificar o carro antes de sairmos. Não quero surpresas hoje, depois que explodiram o carro do Pasini, quero que seja rotina revistarmos o motor, o porta-malas... tudo. Aproveite e selecione um homem de confiança para estar do lado da mocinha...”</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> Antonello assentiu com um grunhido e foi resolver as demandas. </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>Mocinha, </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">Podestà mergulhava em pensamentos, com o diário na mão. </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>Não devo mais chamá-la assim, pelo menos não na frente dos outros. É tão bom ser o homem por trás do trono, mas há de se ter atenção para não trair as verdadeiras hierarquias ocultas. </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">Voltou os olhos para o pequeno caderno que segurava, e pensou também nas circunstâncias estranhas em que aquela – obra de arte, assim o mafioso a avaliava, digna talvez de ser vendida ao sr. Leonardi, se aquele comerciante de antiguidades e artigos estranhos, seu amigo de longa data, não tivesse de ter sido discretamente eliminado há quase dois anos antes, por motivos de que Domenico agora se arrependia – aquela peça de literatura, escrita numa caligrafia nervosa mas legível, havia lhe caído nas mãos.</span></span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> Ainda não havia tido tempo de ler todo, mas o que havia pescado ao folhar o diário já garantia algum retorno do dinheiro do suborno. Propina paga à polícia para ignorar a morte esquisita de um dos usuários da nova droga que sua organização estava agora vendendo... o sujeito havia perdido quase metade do sangue, sabe-se lá como, porque não haviam feridas profundas... e num corolário, o cadáver havia se deformado de jeito quase animalesco. Era um corpo </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>estranho, esquisito</i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">, Domenico avaliava. E não era o primeiro a morrer assim um tanto deformado – a princípio o mafioso ligou essas ocorrências a algum tipo bizarro de overdose, mas houveram outras overdoses sem essas reações alérgicas tão peculiares.</span></span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Por outro lado, as outras aberrações não haviam perdido metade do sangue ao morrer; nem largado consigo diários de valor literário elevado.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Era um enigma, como o do tal Esfinge Negra que matara gente pela cidade e a máfia não tinha noção de quem seria o assassino. Aliás, Domenico achou que vira a palavra esfinge no meio do texto no diário, mas preferiu verificar isso mais tarde. Já estava meio atrasado.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> De qualquer forma, nenhuma das mortes ligadas ao Esfinge envolveu overdose ou deformidades. E estas mortes bizarras, sim, precisavam ficar longe dos tabloides. Domenico Podestà era um homem que primava pelo respeito à discrição. Ele pensava na Bíblia, que dizia que era necessário que houvessem escândalos, mas que, ai dos que provocassem escândalos. Domenico pensava que os mesmos escândalos de sempre, as mesmas mortes de sempre, não eram escândalos de verdade e ninguém sofria com isso. Especialmente ele ou sua organização.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> Já aquelas mortes atrairiam uma atenção indesejada. </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>Olhos sinistros e onipresentes, não é assim que diz este livrinho? Melhor me preparar para os olhos sinistros e mais mundanos da festa de logo mais. </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">Pôs o diário no bolso do paletó – era de tamanho reduzido – e, levantando-se, foi para a garagem onde a escolta e o carro revistado já deviam estar lhe esperando.</span></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="border-bottom: 7.50pt double #000000; border-left: none; border-right: none; border-top: none; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm; padding-bottom: 0.07cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://farm6.static.flickr.com/5061/5772275609_dc12b49c47_z.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="261" src="http://farm6.static.flickr.com/5061/5772275609_dc12b49c47_z.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: Georgia,serif;">A FESTA ERA NUMA COBERTURA FAMOSA DA CIDADE. Um dos inúmeros arranha-céus impressionantes que Crisálida gosta de ostentar, para tornar tangível a sensação de pequenez de seus habitantes diante de si. Uma célula social, onde os habitantes eram meras formigas passeando de um lado para o outro, em seu enorme aquário para o entretenimento alheio. E entretenimento era algo muito importante nesta cidade, onde todos precisavam manter as aparências com tanta força.<br />
<br />
Assim sendo, Paloma Genaro, a herdeira do clã italiano acabava de chegar, atraindo olhares e atenção de todos com seu magnetismo natural. Por muitos já era considerada a líder da organização mafiosa da família, embora quem comanda de fato ainda não tenha morrido ou oficialmente se aposentado. Assim, a jovem prodígio aproveita seu status e poder inerente para fazer o que bem entende, seja isso constrangedor para sua vítima ou não. Ela adorava contrariar regras e levar todos os participantes de seus jogos ao limite perigoso da intervenção das leis não escritas da cidade.<br />
<br />
Ela gostava do perigo. De inverter os papeis nos jogos sociais e deixar a todos desconcertados. Seus protetores tinham trabalho para cuidar dela. Na maioria das vezes o pior inimigo dela era ela mesma. Ela viu ao longe, quase ocultas nas sombras do salão, duas pessoas peculiares conversando. Ela sentiu a sensação de presa perante o caçador e percebeu que poderia se divertir muito esta noite, desafiando-o perigosamente a inverter os papeis. Ela era a filha de uma importante clã mafioso. Ninguém, nem mesmo um monstro predador, poderia ignorar isso, sem desafiar as leis. Como sempre, ela tentaria usar isso ao favor dela para manter o jogo ao seu favor. E se ela, a seduzida, mudasse e seduzisse o sedutor?<br />
<br />
Os dois que conversavam tinham outra atenção na sua tensa, porém amigável, conversa. Irritação do lado de um dos interlocutores e sensação de ser traído, além do enfado habitual de eventos sociais como este. O outro era educado, porém rígido em seus avisos. Estes dois pertenciam às sombras da cidade, não existindo oficialmente, embora um deles tivesse uma fachada social plenamente estabelecida.<br />
<br />
"Que significa isto, Dalton? Eu pensei que isto era um trabalho. Não imaginei nunca que você usaria de truques sujos comigo."<br />
<br />
"Tenha calma, Sinuhe. Estou tão obrigado a participar deste evento quanto você. Minha posição da organização exige estar presente em eventos como esse e socializar com estas pessoas, por muitas das quais não tenho o menor interesse de interação, da mesma forma que você. E eu lhe disse para me chamar de Richard. Quando me chama pelo meu sobrenome, me lembra o que disse tempos atrás."<br />
<br />
"Eu mantenho o que eu disse. Se trair minha confiança, eu terei provado que é impossível ter um amigo. Mas você se esforça bastante em cumprir sua parte do trato. Já que este evento não tem a ver comigo e nem é armação sua, o que é?"<br />
<br />
"Existem duas coisas que serão tratadas nesta festa. Há uma nova droga na cidade e não sabemos nada sobre ela. Nossa organização não pode não saber nada sobre um assunto. Isto é um tabu."<br />
<br />
"Eu sei."<br />
<br />
"Ela está em posse dos italianos. Se você puder extraí-la da inconstante jovem líder deles, sua posição na Guilda irá subir vertiginosamente. Isto é em parte um presente meu, um teste e prova de confiança minha, para que a organização veja como um todo que você não deve estar alocado numa posição tão subalterna."<br />
<br />
"Eu sabia que você tinha colocado seus dedos em alguma parte deste projeto, Richard. Mas aceito o favor. Se isso me livrar do contato do meu 'superior imediato' atual, eu perdoo sua tentativa de intervir no meu mundo de solidão. Eu lhe deveria outro favor..."<br />
<br />
"Só peço que tome cuidado com sua abordagem, pois a menina é explosiva. Ela tentará fazer você trair nossas leis e as deles, criando o caos na cidade. Ela fará de tudo para conseguir isso de você. Suborno, ofertas generosas, promessas que nunca irá cumprir..."<br />
<br />
"Hum... agora entendo porque me chamou. Me chamou não porque sou capaz de seduzi-la, mas porque sou imune às tentações dela. Você já sabe disso, então quer mostrar meu valor assim para o resto da organização..."<br />
<br />
Sinuhe não teve tempo de concluir seus pensamentos. Paloma já havia se aproximado dos dois e tomado o vampiro para o centro do salão para uma valsa que começou a tocar com a ordem dela. Richard Dalton, presidente da Fraternidade das Sombras, não conseguiu avisar o seu amigo que Paloma Genaro não era uma qualquer. Sua missão seria um verdadeiro desafio e seu sucesso ou fracasso iria resultar em enormes mudanças na conjuntura urbana. Era a cidade se movendo e movendo seus tentáculos, pensava Dalton, enquanto se aproximava de Podestà.<br />
<br />
A Fraternidade das Sombras era uma das redes mais bem informadas da cidade. E Dalton ouviu falar de um diário misterioso. Misterioso era uma palavra importante para seu grupo. Eles desejavam obter toda sorte de material misterioso. Mas ele ouviu falar um nome em especial citado no diário. Um nome que tornava imprescindível adquirir este objeto. Era o nome do Sinuhe citado nele. Ele não sabia o porquê disto – e haviam poucas coisas que Richard Dalton não sabia nesta cidade – mas ele iria descobrir com certeza.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="border-bottom: 7.50pt double #000000; border-left: none; border-right: none; border-top: none; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm; padding-bottom: 0.07cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://farm3.static.flickr.com/2626/5773284098_733f3d1e4a_z.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="229" src="http://farm3.static.flickr.com/2626/5773284098_733f3d1e4a_z.jpg" width="320" /></a></div><br />
“<span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">ALINE CORTEZ É O SEU NOME?” O bate-estaca da boate era ensurdecedor, e Aline quase não conseguiu ouvir a pergunta, mas pelo menos conseguiu reconhecer o próprio nome e adivinhar o que o rapaz perguntava.</span></span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “É isso mesmo.” Não tinha muito ânimo de responder outra coisa, ela nem sabia direito porque estava ali, e também o barulho da boate não ajudava conversas elaboradas.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Tá muito barulho aqui, né?” comentou o rapaz de fala macia. “Vamos</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;">pra outra festa, lá a coisa é mais elegante, não tava a fim de entrar lá sem uma bela companhia como você.”</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Aline remexeu nervosa um cacho solto e fitou pensativa o moço que havia sido lhe apresentado há menos de vinte minutos, por sua nova vizinha. Essa, por sinal, se acabava na pista de dança, completamente doida. Aline sabia que ela estava alta da nova droga, sensação da cidade, pílulas que traziam impulsos além de qualquer limite, e de fato sensações além de qualquer descrição. Pelo menos foram essas as palavras usadas pela vizinha, Vanessa. Aline havia resistido até aquela noite a experimentar a droga, embora a tentação fosse grande: há menos de dois meses havia completado 23 anos (apesar de aparentar pouco mais de dezoito), seu marido havia lhe pedido o divórcio, sua mãe havia morrido e surgira uma oportunidade de um emprego mais estável, embora mais puxado, na Cidade de Crisálida. E Crisálida parecia totalmente diferente de sua cidade natal, era uma outra vida, menos provinciana, ela se sentia ao mesmo tempo mais livre e correndo perigo, lá no fundo de sua mente. Todas estas mudanças faziam Aline se sentir perdida, em vários momentos do dia ou da noite.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Aquele era um desses momentos, e Aline Cortez aceitou o convite.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Seguiu o rapaz recém-apresentado até seu carro estacionado do lado de fora da boate. Ela sabia – tinha absoluta certeza – de que o moço também consumia a nova droga, e que lhe ofereceria uma ou mais pílulas. E também tinha absoluta certeza de que seria muito melhor experimentar a nova droga na companhia daquele rapaz sedutor, de fala macia e monocórdica, olhos verdes penetrantes e toque firme. Toque que ela sentia em suas pernas enquanto o carro acelerava.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Como ela esperava, o rapaz – chamava-se Tiago Podestà, um nome que Aline achou charmoso e exótico – ofereceu-lhe um punhado de pílulas. Belknap-14. Ou a Garra, era o nome que rastejava pelas ruas e ecoava pelas boates e inferninhos. Mas ao contrário do que ela esperava, ele não tomou a Avenida da Fundação e entrou por uma ladeira direto num dos bairros mal-afamados de Crisálida, Raven Lake.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Envolvendo as cinco pílulas na mão, Aline perguntou a Tiago, tentando esconder a apreensão, “Não era mais fácil chegar nessa tal festa pela Avenida da Fundação, se é mesmo onde você disse?”</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> “Não esquenta, gata. Eu soube de uma notícia quente, um mendigo saiu de Raven Lake matando gente. Deve estar agora na Fundação, pelo que ouvi, então é muito mais seguro e rápido passar por esse atalho aqui, onde ele não está mais, do que arriscar a sofrer uma blitz.” Enquanto explicava, as mãos de Tiago exploravam as coxas morenas de Aline, expostas pela minissaia. De alguma forma, aquele toque experiente fazia o argumento ter muito mais força.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> As luzes piscantes e estroboscópicas da Crisálida deram lugares aos fachos mortiços de Raven Lake. O carro balançava com mais força, revelando o calçamento precário das ruas do bairro. Das janelas escancaradas vinha um vento que trazia não um cheiro de decadência, como Aline esperava – nunca havia passado por Raven Lake em sua curta estadia na cidade, mas tinha suas expectativas quanto a certos lugares famosos – e sim um odor antisséptico, de éter, como se o carro corresse dentro de um gigantesco hospital a céu aberto. Ou um laboratório. A mão áspera, mas delicada, de Tiago, subia mais em sua coxa, e antes que atingisse sua calcinha, Aline engoliu de vez as cinco pílulas.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>Máximo de cinco pílulas, cinco pílulas, amiga! Mais que isso e é overdose na certa, mas esse número limite é que é mais gostoooooso! </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">Aline Cortez quase podia ouvir a voz de Vanessa sussurrando em seus ouvidos, apesar da frase original ter sido berrada no apartamento da vizinha. Em pouco tempo a mão de Tiago alcançou sua calcinha, e Aline se sentia molhada – mas não era só de excitação, sentia água saindo de todos os seus poros, e além da mão do rapaz tocando sua virilha, sentia outros toques pelo corpo. Era como se um outro alguém estivesse ali, invisível, acariciando seu corpo.</span></span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Porém esses toques intangíveis eram como um rascar de unhas, praticamente garras maliciosas se insinuando por sua pele, inclusive por dentro da roupa. Uma fagulha de lucidez em Aline lhe disse que esses deviam ser os efeitos da droga, mas ela se surpreendeu com a rapidez. Tudo tão imediato e tão real. Ela praticamente poderia usar o termo ultrarrealidade para descrever aquilo. Parecia mais real do que o toque do seu acompanhante, e ela começou a gemer e arquejar, fazendo com que Tiago achasse que eram os seus toques que provocavam aquele prazer.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Infelizmente para ele, não dava mais para enrolar – ele não queria parar nas ruas mais estranhas de Raven Lake e já havia chegado no edifício chique do bairro elegante onde se dava a festa de seus parentes, ironicamente próximo demais do lúgubre cortiço disfarçado que era Raven Lake, cheio de casas abandonadas tomadas de indigentes. Mas ali não havia indigente algum – só alguns seguranças diante do prédio.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Tiago se deu ao luxo de tentar um amasso com sua nova conquista (era assim que ele a encarava, como uma presa) mas essa pegação não durou muito tempo: em menos de cinco minutos, a moça interrompeu os avanços do rapaz e abriu a porta, pulando vigorosa em direção à entrada do prédio.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>Gosta de brincar de gato e rato</i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">, pensou o jovem Podestà. </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>A noite promete... </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">e ele tinha toda razão. As promessas que a noite sussurrava no ouvido de Aline seriam todas cumpridas em pouco tempo.</span></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="border-bottom: 7.50pt double #000000; border-left: none; border-right: none; border-top: none; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm; padding-bottom: 0.07cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://farm3.static.flickr.com/2456/5773284374_2cde1539df_z.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="221" src="http://farm3.static.flickr.com/2456/5773284374_2cde1539df_z.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">GREGOR SE SENTIA MAIS QUE TUDO NAQUELE DIA, PLENO! Realizado! Vivo! Finalmente podia gritar e berrar seu ódio contra quem decepou sua mão. Tinha a perfeita sensação de que sua mão crescia novamente e podia mover seus dedos como nas suas lembranças. A melhor parte era o mundo multicor onde caminhava agora. Onde ele era um rei, onde seu súditos aplaudiam quando ele perseguia o malévolo Conde Sinuhe e o matava.<br />
<br />
Mas o Conde Sinuhe era muito ardiloso e Gregor tinha de matá-lo de novo e de novo. Uma parte de si mesmo lhe dizia que esse talvez não fosse o verdadeiro. Estava muito fácil, mas o prazer... a sensação doce em seus dedos, ao esmagá-lo. Isso Gregor não queria esquecer nem deixar de sentir.<br />
<br />
</span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">A Garra era conhecida por realizar alterações em certos indivíduos, despertar a fera interior de certas pessoas alinhadas com seu propósito original. Mas o que acontece quando ela entra em contato com alguém que já foi mudado? </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>Ela modifica-o na mesma medida em que ela é modificada de seu propósito original no ser dele. </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"><br />
<br />
</span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">E Gregor com certeza era diferente, mesmo que ninguém mais soubesse. Nem haveria de ser, afinal, sua mão fora decepada de fato por Sinuhe séculos atrás. Mas agora ele despertava de sua decadência e com seu corpo inflamado de excitação da droga e do prazer, se transformando numa máquina assassina! Virara um monstro. Alguns clamavam que o mendigo havia virado um demônio. Embora fosse um exagero, não estava muito longe da </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>verdade</i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">que a droga havia despertado.</span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> </span></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> E ele iria farejar sua presa e realizar sua vingança. De preferência antes do efeito acabar.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;">***</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;">Enquanto isso, na festa, a dupla bailava: Sinuhe e Paloma, rodopiando pelo salão de festas. Os dois, com um incrível magnetismo iam atraindo e apaixonando a suscetível audiência, mais e mais, levando-a a segui-los na contradança. Ela adorava a sensação. Já sentia os olhos esmeraldas do vampiro se esforçando para mesmerizá-la. E ela ria, dançando se perguntando quando o contrário surtiria efeito.<br />
<br />
Por outro lado, Sinuhe se sentia estranho perto dela. Como sempre gostava de frisar, era um ser vazio, sempre necessitando preencher o seu ser, sem nunca ficar satisfeito. Um desgraçado, eternamente em busca de pequenos prazeres mesquinhos que o fizessem não se sentir solitário, mesmo que por alguns instantes. Essa jovem, Paloma, tão cheia de si, não percebia, mas vazava tanto de si mesma, que sua mera presença era capaz de acalentar e ocupar o buraco no coração dele, sem que ele precisasse tomar sua vida. Ele sentia o calor e o prazer que ela emitia.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Agora ele entendia o porquê do aviso de Dalton. E entendia o que ele podia fazer para vencê-la. Poderia mostrar a ela o vazio infinito de sua solidão e, desequilibrando a confiança dela, conseguiria a informação que mandaram buscar e, desta forma, obteria o respeito de seu pares – sem contar a segurança da negociação entre os grupos que sairiam em paz.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Ou poderia fazer o que sempre fez em situações de conflito onde tem a vantagem: não fazer nada. Deixaria que o prazer destas sensações tão efêmeras tomassem posse de seu ser. Sentiria o prazer e a paixão distantes, como eram desejos secretos do coração de Paloma, um desejo tão forte de ser amada, tão irracional, que fazia ela recusar-se a amar qualquer um que por ela se apaixonasse. Mas, a faria amar quem amasse esse jeito dela de ser, esta química explosiva, da atração proibida que nenhum dos grupos poderiam tolerar.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> O resultado disso seria sangue, dissabor e vergonha para qualquer um dos dois. Mas não pareciam se importar. Paloma, exibindo seu prêmio; Sinuhe, vívido, seguia o fluxo, para desespero de alguns ali.<br />
<br />
</span></span><span style="font-family: Georgia,serif;">Dalton já sabia de antemão como seu amigo se comportaria. Mesmo querendo dar-lhe esta chance, já sabia que teria de negociar pessoalmente pelo que veio buscar na festa. "Com certeza, isso era armação da cidade, querendo realizar alguma de suas famosas façanhas de mudança em seus habitantes... mas quem?", ele se perguntava. Dalton queria ver para onde a cidade ia se mover, e estes diversos estranhos eventos pareciam mostrar que se tratava de algo grande. Ele decidira apostar alto e entrar no jogo dela, já que não parecia prudente desafiá-la, como seu amigo fazia.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0.5cm; margin-left: 1.01cm; margin-right: 0.99cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Por isso mesmo, se aproximou de Domenico Podestà e declarou suas ofertas pelo que desejava - por um preço bem maior do que valia, o tão falado diário. Da mesma forma desejava, informações sobre a Belknap 14: produtor, origem, efeitos, fórmula, preço... Richard Dalton era conhecido sob muitas faces na cidade. Todas elas eram igualmente respeitadas, mas sua face sombria era a que mais intimidava as pessoas. Ele parecia saber dos segredos de todo mundo; ou parecia ter meios de descobri-los sem fazer esforço. Por isso, era tão perigoso recusar uma negociação com ele... especialmente se ele oferecesse pelo objeto em questão um valor maior do que qualquer um iria cobrar.</span> <span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> </span></span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> O enorme quebra cabeças que estava sendo montado, usava a cidade toda como palco. Por isso, mesmo Dalton, que era acostumado a jogá-lo, não conseguia ver sua extensão. Mas ele sabia que algumas peças estavam se mexendo nesse exato momento:<br />
<br />
Aline acabara de entrar no salão. Seu corpo pulsava e suava num ritmo próprio. Paloma viu imediatamente nela uma rival em potencial e tratou de arrastar Sinuhe para a direção oposta, onde poderiam se desvencilhar de todos que iriam detê-los de sua aventura proibida.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;">***</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Na Avenida Fundação, as pessoas em pânico corriam do monstro que chacinava pessoas a olhos vistos. Ele cantava e cantava algo ininteligível e parecia uma besta selvagem bípede e de cauda. Algumas pessoas acreditavam se tratar de um filme. Outros de um maluco fantasiado. Mas houve quem lembrou da lenda da cidade e disse que fora o espírito que habitava a fundação que havia voltado, cantando que a verdade iria ser mostrada para todos.<br />
<br />
Olhos sinistros sorriam e preparavam seu movimento. Logo tudo estaria em seu devido lugar no tabuleiro. Todos os vetores estavam em ação. Aos jogadores, restava participar do jogo.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="border-bottom: 7.50pt double #000000; border-left: none; border-right: none; border-top: none; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm; padding-bottom: 0.07cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<a href="http://farm3.static.flickr.com/2275/5772780441_c6318f0235_z.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="187" src="http://farm3.static.flickr.com/2275/5772780441_c6318f0235_z.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">SEU NOME ERA THIAGO PODESTÀ E ESTAVA VICIADO na nova droga, a Garra, mesmo apesar dos conselhos, advertências e ordens expressas de seu pai, o figurão mafioso – na fachada da alta sociedade, um empresário e mecenas filantropo, quando mais jovem um </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>marchand </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">perito – Domenico Podestà. A família Podestà era uma das três principais famílias (no sentido estrito da palavra) influentes na máfia de origem italiana em Crisálida (e sim, haviam outras máfias: chinesa, russa, cubana e até o bando criminoso originário de um estranho país do Leste Europeu chamado Maelstronia). A cidade das mudanças era de fato uma enorme metrópole, cosmopolita e corrupta o suficiente para receber de braços abertos o novo influxo da sensação do momento.</span></span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Thiago sabia que não era muito adequado que ele consumisse o que seu pai distribuía (ainda que indiretamente), e só havia tomado uma única pílula da Garra, ao contrário de sua acompanhante, a cobiçada Aline Cortez, que já se sentia totalmente revirada por dentro.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Bastante cobiçada, pois logo Thiago percebeu que não era só ele que desejava Aline – logo ao entrar no grande salão de festas da cobertura, a mocinha atraiu olhares e interesses como se soltasse feromônios invisíveis no ar. Invisíveis e irresistíveis – embora poucos ali tivessem coragem de abordá-la, porque todos também sabiam de quem Thiago era filho.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Afinal, todos conheciam as regras do jogo.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Ou pelo menos pensavam assim. Infelizmente para a maioria das pessoas naquela festa (e na cidade), algumas regras são escritas em letras tão miúdas que só aqueles mais conhecedores – como Sinuhe, Richard Dalton e uma certa moça ruiva em outra cidade, que naquele exato momento contemplava a própria barriga, grávida, no espelho – acabam notando sua existência. Talvez algumas regras sejam tão disfarçadas que nem mesmo esses luminares notem. E às vezes, por capricho do destino ou manipulação da cidade que escrevia a maior parte das regras, algumas pessoas comuns descobriam essas regra ocultas.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Era o caso de Thiago. Ao entrar no salão, sentiu imediatamente o cheiro de medo e desejo que se entrelaçavam naquele covil de demônios bem-apessoados. Era uma sensação que nunca havia antes experimentado – a Garra muitas vezes lhe ampliava e iluminava os sentidos (embora ele achasse que estava apenas viajando de leve), mas não àquele ponto.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> Aline parecia deslumbrada, ou melhor, fascinada pelas pessoas da festa – figurões de fora da cidade, ali para uma noite que mudaria suas vidas; atores e atrizes da badalada Companhia de Teatro Crisálida; novos-ricos que experimentavam a companhia das famílias que sempre foram enxergadas como a aristocracia. E é claro, algumas pessoas assumidamente perigosas – capangas dos Podestà e Genaro, os advogados a serviço da máfia, o rancoroso herdeiro da família Dalmácia, cujo pai havia sido assassinado pelo </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>serial killer </i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">Esfinge Negra semanas antes. Pessoas também que eram perigosas embora poucos soubessem disso, como os magos da comitiva secreta da Fraternidade das Sombras, escoltando Richard Dalton em sua “missão diplomática”.</span></span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Por dentro, Aline sempre tivera atração pelo perigo, embora nunca houvesse admitido esse fato abertamente. Esse fascínio, elevado à quinta potência pelas cinco doses da Garra, vinha agora acompanhado de uma sensação certeira que apontava exatamente essas pessoas perigosas no meio da pequena multidão.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Em teoria, Thiago sentia a mesma coisa, embora num grau muito menor e por ele não ser predisposto à Garra como era o caso de Aline – detalhe que nenhum dos dois tinha a menor ideia. Exatamente uma dessas pessoas terríveis passou perto do balcão do bar onde Thiago havia se encostado junto com Aline. Ele sentia-se tonto e incapacitado, enquanto Aline sofria de uma agitação que mal era controlada, uma hiperatividade que aflorava à pele. Assim, quando a tal pessoa – Virgo, da comitiva de Dalton, um rapaz de olhar de poucos amigos, apesar da aparência frágil, vestido um blazer elegante – Aline não resistiu e foi abordá-lo, enquanto Thiago mal encontrou forças para impedi-la. A única coisa que fez foi pedir um copo d'água ao barman.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> A valsa que Sinuhe e Paloma haviam dançado enquanto se estudavam mutuamente acabou, e a orquestra começou a tocar o Bolero de Ravel. Apesar de sua dedicação à Fraternidade das Sombras, onde servia como – era o nome oficial que Richard havia lhe dado – cartógrafo de sonhos, mapeando os padrões dos sonhos dos habitantes da cidade, Virgo não passava de um rapaz tímido quando se tratava de mulheres. Assim, não conseguiu recusar nem fazer qualquer comentário espirituoso quando a bela morena que se apresentou como Aline Cortez o tirou para dançar ao som da música cadenciada.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Como Paloma havia propositalmente afastado Sinuhe da moça que chamava tanto a atenção, essa mesma moça fez questão de chamar mais atenção ainda. De longe, Aline percebia a presença estranha do vampiro e o reconhecia como um predador – porém não se via como presa, pelo contrário. Sinuhe era-lhe um rival. A moça começou a arfar enquanto dançava mais ousadamente com Virgo, que apertava sua cintura com mais força quando sentia o rosnado – que interpretou como excitação libidinosa – de Aline pertinho do ouvido.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Dentro de si, Aline explodia e todos os seus pensamentos racionais eram submergidos por alguma coisa que se agitava dentro dela. Essa coisa assumia controle – não, controle é uma palavra muito sofisticada, diríamos melhor tomava posse dos membros e movimentos de Aline, que ia conduzindo a dança de forma selvagem, quase como uma dança ritualística e primal de acasalamento. Aquilo já estava começando a chamar de fato a atenção como algo estranho, fora do normal, e não apenas exótico e sedutor.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> A pele de Aline estava totalmente suada, mas não encharcada, o suor porejava de modo sensual e seu cheiro parecia avassalador ao parceiro de dança. Virgo sentia-se embrigado de desejo por ela, tanto que permaneceu silencioso durante toda a dança... até que a moça, tendo conduzido a dança até a suntuosa parte aberta da cobertura, mais e mais perto da beirada – onde Paloma e Sinuhe conversavam aos sussurros – não conseguiu mais controlar o último impulso assassino que pouco a pouco a havia tomado, e expôs sua verdadeira forma.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Sua verdadeira forma, que ela jamais havia sequer conhecido, apenas pressentido, exposta pelo consumo Garra.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Cerca de três outras pessoas (incluindo o filho do falecido Dom Magno Dalmácia) viram essa forma se manifestar, mas a confusão toda ocorreu em questão de segundos, e quando pararam para prestar atenção, o pior já havia acontecido.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Virgo, mesmo um novato na Fraternidade das Sombras, tão tímido com as mulheres, era na verdade muito capaz e precavido. Tão precavido que nunca saía para um novo lugar, ou uma situação potencialmente perigosa, sem tecer toda uma trama de encantamentos sobre si – feitiços de proteção, meios mágicos de evitar um ataque, em especial o primeiro ataque de um inimigo, que se for desferido de surpresa pode matar.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> O Bolero de Ravel encerrou de modo triunfante, e Aline Cortez exibia suas presas – uma fileira de dentes afiados e animalescos – enquanto seus olhos revelavam-se amarelados como os de uma loba, e os pelinhos de seus braços revelavam-se muito mais espessos e ficavam em pé, arrepiados como um gato no momento do bote. A orquestra, sem saber de nada do que acontecia, emendou com A Noite no Monte Calvo, do atormentado compositor Mussorgsky. E nos primeiros acordes, antes que Aline mordesse selvagemente o rosto de Virgo, sua presa mais próxima, o mago sentiu uma onda de energia em estado bruto subir por sua garganta, reagindo ao perigo. Embora assustado, ele aceitou a onda que queria se liberar, queria resguardá-lo da fera que o atacava – e a onda saiu-lhe dos lábios como uma única sílaba gutural, mal ouvida por Paloma e os outros circunstantes, mas percebida nitidamente por Aline e Sinuhe.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> A palavra mística libertada tomou o controle da própria realidade, adestrou os braços de Virgo em milésimos de segundos para reagir ao ataque, e em vez de ser mordido pela lobisomem, o mago bloqueou a investida com um tapa – um gesto tão forte e ressonante que Aline Cortez foi lançada longe, ganindo, caindo exatamente sobre Sinuhe, que estava recostado na balustrada até então.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> O impacto da mulher-fera caindo sobre o vampiro foi tão poderoso que os dois despencaram pelo peitoril, e de lá de baixo, um outro monstro muito mais perigoso que os dois percebeu que seu nêmesis, o Conde Sinuhe, caía do topo de seu palácio, estilhaçando os vitrais da torre e lutando na queda para se desvencilhar de uma mulher que Gregor, o Monstro, imaginou ser muito parecida com ele.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> No topo do prédio, um grito feminino e a música da orquestra tocando como se tudo estivesse acontecendo conforme planejado.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="border-bottom: 7.50pt double #000000; border-left: none; border-right: none; border-top: none; font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm; padding-bottom: 0.07cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://static.desktopnexus.com/thumbnails/546250-bigthumbnail.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="http://static.desktopnexus.com/thumbnails/546250-bigthumbnail.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: Georgia,serif;">DESCONEXÃO. ERA ISSO QUE SINUHE sentia. Apartado de Paloma, voltara a seu ser habitual: letárgico, apesar de enérgico. Sua existência vazia e odiosa, mas ainda assim, existência que buscava preservar enquanto fosse capaz. A criatura feral se recuperara do impacto que a arremessou em direção a ele e agora ela desejava combater seu rival, usando suas garras e presas, num combate épico, deslizando ambos em queda livre pela fachada vítrea do arranha-céu. <br />
<br />
Mas agora o vampiro, desperto de seu torpor causado pela energia da vida mortal que o alimentava, sacava suas próprias garras para combater a fera descontrolada. Ele era ágil e administrar essa luta não seria problema. O problema real era lidar com o impacto da queda livre e a outra fera monstruosa que aguardava os dois no solo, que emanava tanto desejo de morte quanto os dois lutadores.<br />
<br />
A noite, porém, era a vantagem dos vampiros, ainda mais de alguém associado a Fraternidade. Sinuhe calculou com precisão seu movimento, enquanto dominava Aline, e aproveitava a sombra gerada pelo monstro que fumegava, inflamado pelas próprias chamas, mergulhando de cabeça pelas sombras atrás de Gregor, trespassando a passagem entre mundos e planos. </span> </div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> Estavam agora em transição para outro lugar, o vampiro e a </span></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><i>licantropsicodélica</i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;">.<br />
<br />
Para desespero do monstro Gregor, seu desafeto escapara. Um dia, ele teria sua vingança, ele tinha certeza.<br />
<br />
* * * <br />
<br />
Algum tempo depois, num prédio da Fraternidade, Dalton encontra seu amigo.<br />
<br />
"Os membros da câmara de contenção me informaram do prêmio que você trouxe. A noite saiu melhor que o esperado. Você evitou um escândalo com a jovem líder da Cosa Nostra, evitou o alarde na festa e ainda nos arranjou um espécime para estudo. Os italianos contaram que conseguiram a Garra com um intermediário bastante esquivo e bom de negociação. Vendeu a eles um lote muito grande e depois sumiu. Enquanto continuamos no rastro dele, o estudo da jovem usuária – isso também confirmado pelos italianos, ela chegou com o filho de Don Podestà – servirá para nos revelar a natureza dessa droga. Daí teremos dados suficientes para rastrear o intermediário observando compras suspeitas de matéria prima. Bom trabalho."</span></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-style: normal;"> "Foi pura sorte. Eu não planejei nada disto."<br />
<br />
"Eu sei que não. Mas foi tudo tão bem orquestrado que só pode ter sido coisa da cidade."<br />
<br />
"De novo com esses contos de fada?"<br />
<br />
"Um vampiro que vem me falar disso..."<br />
<br />
"Certo, não vou mais insistir no assunto. Há algo mais exigindo minha atenção? Do contrário, voltarei ao conforto de meu lar."<br />
<br />
"Na verdade, há. Consegui um diário muito interessante. Seu nome é citado nele. Dê uma olhada. Vai despertar seu interesse, garanto."<br />
<br />
"Meu nome? Está bem. Você conseguiu. Ainda não estou tomado pela fadiga, mesmo após o exercício. Isso me chamou a atenção mais que esses monstros - já soube que o outro sumiu, mas preferi aproveitar a sombra dele para evadir-me, do que ficar em desvantagem de enfrentar duas criaturas. Bom, irei verificar o conteúdo deste livrinho... na biblioteca, que é o meu lugar, não é?"<br />
<br />
"Sim, é. Mas seu bom trabalho será recompensado. Aguarde e saberá. E Sinuhe...?"<br />
<br />
"Sim?"<br />
<br />
"Livre-se do cartão que Paloma lhe deu e esqueça que um dia a viu. Evitará problema para todos nós."<br />
<br />
"Você não deixa passar nada, não é?"<br />
<br />
"Esse é o meu trabalho."<br />
<br />
* * *<br />
<br />
Pouco tempo depois dali, tendo lido o diário, Sinuhe foi até o local onde enfrentou o Esfinge Negra e o venceu, fazendo mais uma captura para a Fraternidade Sombria para que trabalhava: Erishkigal, a forma presa na parede, que emanava uma onda umbrática num padrão bem peculiar.</span></span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Ambos vampiros como ele, Sinuhe, mas vampiros de alguma espécie diferente, jamais vista por ele. Ao chegar na janela do hotel por onde havia caído Esfinge Negra, Sinuhe meditou sobre a aparente fragilidade daquelas criaturas, comparadas a ele, e sobre as estranhas similaridades... não havia há pouco caído de um prédio, e esse assassino Esfinge Negra também fora atirado pela janela por uma magia descontrolada?</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Se pelo menos o bibliotecário soubesse que aquela queda também havia permitido ao Esfinge Negra escapar pelas rachaduras entre os mundos, só que sem o corpo que havia lhe servido de hospedeiro... um tanto impressionado, na balustrada Sinuhe permitiu-se sentir um calafrio de antecipação, o primeiro de muitos séculos, e voltou os olhos do cadáver lá embaixo para a forma presa na parede suja.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><a href="http://zupi.com.br/images/uploads/Alfonso_Zubiaga9.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="239" src="http://zupi.com.br/images/uploads/Alfonso_Zubiaga9.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: Georgia,serif;"> Seria essa a peça final do grande quebra-cabeça que a cidade montara para realizar seu grande jogo obscuro? E agora ela movia seus tentáculos mais e mais para realizar sua obra-prima, agora que cada peça tinha se reunido no tabuleiro nas posições corretas.<br />
<br />
Todos podiam sentir que algo grande estava para acontecer... só não podiam dizer o quê. E Sinuhe não sabia de onde vinha essa sensação, mas algo lhe dizia que passara séculos mentindo para si mesmo.</span><br />
<br />
</div><div class="western" style="border-bottom: 7.50pt double #000000; border-left: none; border-right: none; border-top: none; font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm; padding-bottom: 0.07cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"><br />
</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;">ERAM DUAS CIDADES.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Uma, cheia de vida, de uma inteligência maliciosa, exultante em provocar a mudança. A outra, vazia e burocrática, seus habitantes governados por uma sinarquia oculta.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Uma, uma entidade enganosa e mefítica, apreciando jogos e propondo desafios sutis. A outra, um receptáculo polido de magia e controle, abominando a mentira mas ocultando verdades essenciais.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;"> Uma, metrópole e nexo de onde ninguém sai sem ter sido modificado de alguma forma, cidade onde todos do mundo sabem onde fica e admiram seus segredos e lendas. A outra, uma cidade provinciana, quase um subúrbio que adquiriu tamanha independência, que num dia está num local, noutro dia, em outra localização totalmente diversa.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><span style="font-family: Georgia,serif;">SÃO DUAS CIDADES. MAS ESTA SITUAÇÃO NÃO DURARÁ MUITO.</span></div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://farm3.static.flickr.com/2486/5773283832_c23b291f00_b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="http://farm3.static.flickr.com/2486/5773283832_c23b291f00_b.jpg" width="441" /></a></div><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.97cm; margin-right: 1.06cm;"><br />
</div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-27694715658534553942011-06-13T22:03:00.000-03:002011-06-13T22:03:38.786-03:00NO PRINCÍPIO ERA O PARADOXO<b>Arthur Ferreira Jr.'.</b> apresenta o Episódio Vinte da <span style="font-size: large;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a></span>, o primeiro da terceira fase, <b>TEOGONIA</b><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYOQOUa9j1mRNDCne8Nj6AnyMfpzwM5XmyejlJW44Xo69n_wI5XguGQp0b6WcjIeV50ofMpxLUyoFpKfl1WyYv7eDmIj0KG3i2cejH_x8iX7zvyLrs9AsxPYlTFJil6BvWXLNmciYOmGk/s1600/CHARYA+para+pdf.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYOQOUa9j1mRNDCne8Nj6AnyMfpzwM5XmyejlJW44Xo69n_wI5XguGQp0b6WcjIeV50ofMpxLUyoFpKfl1WyYv7eDmIj0KG3i2cejH_x8iX7zvyLrs9AsxPYlTFJil6BvWXLNmciYOmGk/s320/CHARYA+para+pdf.jpg" width="254" /></a></div><br />
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">AS CHAMAS DOMINAVAM O HORIZONTE E CHARYA pôde enxergar a Torre Vermelha, a Torre Azul, a prisão-elevada e outros edifícios da cidade serem consumidos por trás das muralhas. <i>O que estou fazendo aqui? Deveria ter acordado junto com os outros.</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Não se assuste, menina,” soou a voz vinda do topo de uma árvore solitária na pradaria onde Charya contemplava o incêndio. “Isto aqui são apenas os últimos instantes das suas próprias criações. No mundo desperto, apenas segundos de diferença.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Minhas criações? E quem é você, afinal?” A mulher no topo da árvore segurava a cabeça do inimigo que os Prodígios haviam acabado de derrotar. Ela usava vestes sacerdotais leves, exibia a Marca da Mãe-Monstro no rosto e sorria condescendente. Charya lembrou-se que ela estava presente na batalha dentro de sua própria mente... e que não havia interferido.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Pelo menos, não aparentemente.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Observe.” A mulher ficou em pé na árvore, sem precisar de nenhum apoio, e apontou para exércitos que atacavam a cidade em chamas. Logo a cidade se desfazia numa nuvem e consumia os soldados.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A nuvem se aproximava das duas, paradas no meio do nada e da vegetação rasteira. A cabeça de Mordekai abriu os olhos e a boca, “Vai acontecer tudo de novo ou vocês serão diferentes?”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Charya soube que aquilo era só o material que havia preenchido o espaço vazio de sua mente, dissolvendo, deixando o campo livre e branco para ser o que ela quisesse, se um dia ela aprendesse como dominar mais a própria mente. Mas mesmo assim entrou em quase pânico quando a nuvem se aproximou, milhares de milhões de fragmentos metálicos rodopiando pelo ar e turbilhonando num trovejar sem fim, formando figuras e vultos em meio à escuridão que sua sombra provocava.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Nada pessoal,” gritou a voz da mulher por sobre o rugido da nuvem, “se precisar conversar, me procure aqui.” E aquela massa de trevas e metal engolfou Charya, que pouco antes de perder os sentidos – ou seria melhor dizer acordar – enxergou a desconhecida e a cabeça que ela segurava desfazer-se em fragmentos de metal e cristal reluzente e juntar-se a milhões de vozes, trovões, imagens, ícones, figuras, rostos, cheiros de óleo e sal, éter e carne podre, medos, desejos, conhecimento e esquecimento concentrados numa nuvem viva.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i> Nada pessoal,</i> <i>nada pessoal,</i> Charya acordou com a frase pulsando e repetindo no fundo da mente.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">***</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvM8EMsjei_llWRO1UzTRRGQV2nOYG5cFXWe5R_ryX2pYG3XSixuuWxj-ZKY8fx67bCzIIlo4SCwPsdBm_itDPdMWzYxMldVpS_EGLJX8OBZHeKAlcBcZzNGwgu-HKdrjyQSYW4BI1Vps/s1600/DOVA.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvM8EMsjei_llWRO1UzTRRGQV2nOYG5cFXWe5R_ryX2pYG3XSixuuWxj-ZKY8fx67bCzIIlo4SCwPsdBm_itDPdMWzYxMldVpS_EGLJX8OBZHeKAlcBcZzNGwgu-HKdrjyQSYW4BI1Vps/s320/DOVA.png" width="245" /></a></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">E de fato a frase a perseguiu até mesmo no dia seguinte, quando os cinco Prodígios saíam para sua primeira missão.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O Ermo da Condenação começava a diminuir seu caráter agreste – o que tornava claro que eles estavam se aproximando das fronteiras da Terra Castanha. Haviam atravessado uma boa faixa de lodo cheio de húmus – Dova percebia a presença nítida das trufas logo abaixo da primeira camada de sedimentos, mas não estavam ali para catar trufas.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i>Paradoxalmente,</i> pensou Dova, <i>porque eu fui “contratada” pra isso, não? Resgatada da prisão-elevada pra farejar trufas do Ermo. E ao invés disso, vou andando no meio desse nada com mais quatro pessoas que vestem o mesmo traje vivo que eu. Um de cada cor. E seria tudo mais estranho se o Grão-Mestre não tivesse contado aquelas coisas na noite de ontem.</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Berya andava logo ao lado de Dova e comentou em voz baixa, “Insuportável, não é?”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “O que é insuportável? Seu uniforme-paradoxo tá coçando ou algo assim? ”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Não,” a garota mais alta respondeu, “a umidade das trufas mexe comigo. Eu as sinto lá embaixo, vivas. Quero sair daqui logo.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “É só isso mesmo? Você não parece muito bem... desde que acordou notei em você um ar de cansada. Apesar de não te conhecer antes das duas batalhas... nelas você não tinha essa expressão. É difícil não ter como voltar pra casa de seus pais, não é?”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Not exactly,” Berya respondeu no dialeto antigo que aprendeu no harém dos Mordekai, “eu vi meu pai morrer duas vezes, e nas duas eu me vi responsável por tudo. Agora eu sei que o Alienígena estava me controlando, e que eu não tenho culpa; e sei que na segunda vez, aquela coisa tinha só a aparência de meu pai. Mas a questão é que eu nunca gostei de meu pai de verdade, e só percebo isso agora. Mesmo quando não sabia que ele me pôs condicionada, a vida inteira com uma coleira dentro da cabeça, eu já sabia que ele não prestava: só não podia reagir.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Eu não me dava muito bem com minha família, também. Só meu avô me entendia direito. Mas sinto falta da fazenda na fronteira, da vida em família... mesmo que vários da família não me fossem muito simpáticos, sabe?”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Você era uma dalai tsu como os outros que foram mortos, Dova-<i>zula</i>? Sabe, meu pai não teve nada a ver com aquele massacre. Foram os ortodoxos que te capturaram.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2QCL0Je19qKbKvn7iYSq2hor2av_VySx5K280MB4CPMxQz9q5iJpSx26LARY8wTttv2ZouKDClioYgwvIpmG42t6Fzhe3yLI1UabrkRCYfzgGYGsjxSb37K5MmCLqCYLDbT9gR4OYSO0/s1600/BERYA+-+Esbo%25C3%25A7o.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="275" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2QCL0Je19qKbKvn7iYSq2hor2av_VySx5K280MB4CPMxQz9q5iJpSx26LARY8wTttv2ZouKDClioYgwvIpmG42t6Fzhe3yLI1UabrkRCYfzgGYGsjxSb37K5MmCLqCYLDbT9gR4OYSO0/s320/BERYA+-+Esbo%25C3%25A7o.png" width="320" /></a></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i>“Muito bem, Prodígios,”</i> interrompeu a voz de Charya, soando direto nas mentes de todos, <i>“Azif deu sinal de que já enxerga a Torre Azul. Preparem-se, porque talvez a cidade esteja sofrendo um cerco e seja difícil passar pelos zelotes.”</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i>“Sabe que eu duvido disso, não é, Charya?” </i>A mente da Prodígio Vermelha funcionava como uma estação repetidora, permitindo que todos os cinco conversassem se estivessem perto o suficiente dela. Azif era o batedor, mas estava próximo o bastante para conseguir entrar em contato e reclamar,<i> “Da última vez que estive aqui, era uma guerra civil desorganizada, e ainda não deu tempo de tropas de outros nomos chegarem por aqui.”</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i> “De qualquer forma, vamos ter cautela. Euro, vai mais adiantado pra dar cobertura a Azif.”</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O meio-neander olhou para trás – para as duas garotas que estavam até poucos instantes conversando, e mais diretamente para Berya – e, virando a cabeça de volta, avançou marchando, aproveitando que o terreno não era mais lamacento.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i> “Então você não se lembra mesmo de ter destruído ou não a tearcubadeira que seu pai montou, Berya? Eu posso ajudar você a lembrar, isso nos pouparia tempo. Porque se não destruiu, é quase certo que ela foi roubada da Torre Azul.”</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A Prodígio Azul respondeu em voz alta, fora do canal telepático: “Desculpe, Charya-zula, mas prefiro que ninguém mexa com minha cabeça agora. Pode dar mais trabalho assim, porém é mais seguro. Sério.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i> “Calma, foi só uma sugestão e não uma ordem.” </i>Charya fechou o canal telepático e pensou consigo mesma, <i>nem eu mesma tenho certeza se ia conseguir o que sugeri. Eu não consigo acessar minhas próprias memórias, afinal de contas. Mas não posso parecer fraca demais. O Grão-Mestre me colocou como líder de campo dos Prodígios, esta é a nossa primeira missão e eu quero fazer de tudo pra não decepcionar ninguém. Recuperar a tearcubadeira da Torre Azul. Tirar a capacidade de gerar uniformes-paradoxo das mãos de qualquer sacerdote da Terra Castanha – ortodoxo ou herege.</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i><br />
</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i> Hum. Me irrita um pouco esse hábito dela de nos tratar formalmente. Zul, zula. Tratamento típico dado a gente de fora da própria Família, na Terra Castanha.</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i><br />
</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i> Oh, uma nuvem de fumaça no horizonte. Incêndio na cidade...? Não foi justamente de um incêndio que o Grão-Mestre mencionou em sua história?</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i><br />
</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i> Só coincidência, não pode ser um sinal...</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">***</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz_uAodS_vBnVrjeemfXp-N5LqMu-8EiHkPqYm_l20ESS8H2tBW_I6xQcrnHwzLeXXdUTbCMyQiMm5GSliBqRvms8WQzjyXH-MNmbwiWV3gRo1MgvTCoWJlCb0EhCemN4k3T3zQqsUZ90/s1600/EURO.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz_uAodS_vBnVrjeemfXp-N5LqMu-8EiHkPqYm_l20ESS8H2tBW_I6xQcrnHwzLeXXdUTbCMyQiMm5GSliBqRvms8WQzjyXH-MNmbwiWV3gRo1MgvTCoWJlCb0EhCemN4k3T3zQqsUZ90/s320/EURO.png" width="312" /></a></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">DO RELATO DO GRÃO-MESTRE FÍDIAS BENDANTE:</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Numa era anterior, o mundo conhecido se dividia entre duas grandes potências, duas grandes nações, e havia uma grande máquina numa cidade – uma máquina que podia transportar as pessoas para qualquer lugar do mundo, muito além do que você pode fazer agora, Azif. Essa máquina não funcionava direito e era uma relíquia de eras ainda mais remotas; mas era cobiçada, por alguma razão, por pessoas da nação oposta à da cidade.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Naquela época, a humanidade estava se recuperando de uma praga que causava o esquecimento – todos, ou quase todos, eram como Charya... e o retorno da capacidade de lembrar trouxe consigo poderes incríveis. Um potencial imenso caía nas mãos dos homens, prodígios que vocês mesmos podem realizar, prodígios que vocês SÃO.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Os humanos da nação que impôs o cerco a essa cidade – vamos chamá-la de Shamballa, assim a chamam em certos registros antigos – tinham o Povo Neander como prisioneiro, e grandes guerreiros e guerreiras do povo foram lançados no esforço de guerra contra Shamballa. Entre estes haviam cinco, que são importantes nesta história que conto agora.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Um homem dessa nação invasora dotara um esquadrão especial de cinco neander, três homens e duas mulheres, com os primeiros uniformes-paradoxos conhecidos. O que reza a lenda é que ele sabia o que estava fazendo: não criando uma arma de guerra para sua nação, Aggartha, mas libertando todo o Povo Neander. Depois de praticamente incinerar a cidade para tomar a máquina de teleporte, o esquadrão assumiu o controle de Shamballa e voltou-se contra Aggartha. Os líderes humanos das duas nações tinham grandes poderes como os de vocês, mas os uniformes ampliaram tremendamente as capacidades dos neander – não só do esquadrão como do Povo Neander inteiro.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Apesar dos poderes novos descobertos e das incríveis armas do passado redescobertas, essa guerra só fez desfazer as duas nações em várias outras menores e gerar zonas arrasadas... como o Ermo da Condenação.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Com o tempo, o Povo se refugiou nas cavernas subterrâneas que um dia fizeram parte do Império de Aggartha, e cada bebê nascido desde esta época era unido a um uniforme-paradoxo. Os paradoxos aceitavam – e aceitam – os neander com muito mais facilidade do que um humano como eu. O Povo Neander e o Paradoxo tornaram-se uma só espécie. O Paradoxo estruturou a cultura, a tecnologia e até os ritos de acasalamento dos neander – enquanto em uma pessoa como eu, um uniforme se alimenta de certos fluidos vitais, de certas energias, que me impediriam de ter filhos... nos neander essa ligação é suspensa em determinadas épocas do ano, e na prática é como se eles entrassem num cio, acasalassem e voltassem ao normal estéril depois da concepção.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Uma mulher do Povo, quando grávida, é afetada pelo uniforme-paradoxo que ela veste, e o bebê já nasce com uma semente do Paradoxo em si, que cresce com o tempo, ajustado a ele. Vocês viram um processo parecido acontecer em Dova, vindo do uniforme de Euro, só que muito mais acelerado. Como o próprio Euro não nasceu de uma neander e sim de uma humana-padrão... a mesma mulher que deu a luz a você, Azif, e a você, Berya... o meu filho adotivo aqui não foi preparado para o Paradoxo e correria risco de vida se tentasse se unir a um uniforme.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O Incêndio de Shamballa marcou o fim de uma era e o início de outra. Os poderes incríveis foram amainando, encontrados cada vez mais apenas em certas linhagens, e as armas estupendas foram ocultas por governantes paranoicos, mantidas nas mãos das elites. Mas se o que foi passado de boca a boca na minha Família for certo, começamos agora uma nova era: a Era dos Prodígios.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdswW5V2PSAB_Z-rLTpk4OUakw9eWj_lRvZT2YD0L212o7go9MhXYrJ3rqlbH8lPcVYdnTwtISzlQHsjEvsTZnxQRudD077UkuTxo9hXYpyyl-ao_7TqP4pHb_I3o1Ju3n_TeDv6rnDzo/s1600/AZIF+-+para+pdf.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdswW5V2PSAB_Z-rLTpk4OUakw9eWj_lRvZT2YD0L212o7go9MhXYrJ3rqlbH8lPcVYdnTwtISzlQHsjEvsTZnxQRudD077UkuTxo9hXYpyyl-ao_7TqP4pHb_I3o1Ju3n_TeDv6rnDzo/s320/AZIF+-+para+pdf.jpg" width="271" /></a></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/alem-da-torre-vermelha.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a><br />
BAIXE A COMPILAÇÃO DAS PRIMEIRAS FASES:</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA (Episódios 1 a 9)</a></div><div style="text-align: center;">E</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/WWTcTeVc/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_10-19_REVO.html">REVOLUÇÃO (Episódios 10 a 19)</a></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-62427921476975122422011-04-24T14:27:00.003-03:002011-05-04T19:30:18.039-03:00ALÉM DA TORRE VERMELHAArthur Ferreira Jr.'. acha que o Episódio Dezenove fala por si mesmo.<br />
E com ele a <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a> chega ao final do segundo arco de histórias: <a href="http://www.4shared.com/document/WWTcTeVc/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_10-19_REVO.html">REVOLUÇÃO</a><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.dumage.com/img/art/impressive-digital-girls/impressive-digital-girls24.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="233" src="http://www.dumage.com/img/art/impressive-digital-girls/impressive-digital-girls24.jpg" width="320" /></a></div><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></span><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i>PRODÍGIOS! VAMOS RESOLVER ISSO E IR PRA CASA! </i>O pulso telepático de Charya se fez ouvir na mente de Azif, Berya, Dova e Euro, e a Prodígio Vermelha ergueu a katana dupla e começou a girá-la por sobre a cabeça. A nanoconsciência com a forma do Alto Sacerdote Mordekai arregalou os olhos ao perceber que estava tudo perdido. Azif notou que a outra nanoconsciência – a que assumira a forma da Matriarca Kashramael – casualmente encostou-se na parede do salão, braços cruzados e sorridente, como se para assistir um espetáculo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i>Azif...</i> a voz de Charya quase dominava a mente do Prodígio Negro com tamanha força e presença, e o rapaz sentia o amor que ambos sentiam um pelo outro, cada um à sua maneira. <i>Agora, como da última vez! Me lance pelo ar!</i></span><i><br style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;" /></i><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A segurança naquela voz telepática deixava claro que ali eles podiam ir além de seus limites – e Azif limitou-se a brandir sua cimitarra negra na direção de Charya, contrariando toda a fadiga que o exauria. A katana dupla girou mais forte e a Prodígio Vermelha sumiu naquele ponto num estrondo, ressurgindo por trás do Alienígena que havia reassumido parte de sua forma original e atacava Dova, estrangulando-a com seus tentáculos. Depois do teleporte, as lâminas pareciam cortar o próprio espaço. Como um ciclone, Charya girou a espada de dois gumes por sobre a matéria ectoplásmica do monstro, fazendo jorrar parte de sua substância viscosa e algo que parecia sangue sobre Dova, Euro e o falso sacerdote Mordekai. Os tentáculos afrouxaram o aperto e Dova se viu livre de novo, respirando fundo e recobrando a sanidade que havia sumido em parte durante toda aquela aventura.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A menina soube então que era a fúria de Charya presa na forma da katana que havia empunhado aquele tempo todo. <i>Eu sou uma catalisadora,</i> lembrou Dova, e repetiu mentalmente a litania que seu avô Nehru havia lhe ensinado. <i>Eu me conecto. Eu aprimoro. Eu absorvo. Eu curo.</i></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.camilladerrico.com/fileuploads/display/81" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="http://www.camilladerrico.com/fileuploads/display/81" width="640" /></a></div><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Euro olhou para Charya enquanto manietava o falso Mordekai, que resistia bravamente, e lhe ocorreu, <i>letheana transcendente, ela poderia simplesmente escolher acordar agora e encerrar tudo mas prefere nos unir na batalha – é como um simples treinamento, ou essa coisa com o rosto do Alto Sacerdote é responsável por este falso mundo e ela está disputando pelo controle mesmo agora?</i> Este pensamento fez Euro redobrar os esforços em manter Mordekai preso. Tentava lhe aplicar um mata-leão mas o duplo saía-se muito bem resistindo a suas manobras.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Berya fitou fixamente a figura com a forma de sua mãe, que encostada na parede esperava o desfecho da batalha. “Você é a deusa? A Mãe-Monstro?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Devia dar atenção aos seus amigos,” o duplo respondeu com um tom de sarcasmo. “Mas pode-se dizer que sim, sou a Mãe-Monstro, apesar de ser uma entre muitas. Meu nascimento não foi finito, foi infinito, assim diz o Manifesto da Mãe-Monstro. Eu sou uma imagem... e fui programada por sua mãe.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Então o outro...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Inferior, programado por seu pai para suprimir sua rebeldia. E permaneceu com você, dentro do corpo e da mente, mesmo quando foi possuída por aquela criatura. E como seu pai, ele serve àquela coisa. Ia deixar vocês presos aqui para sempre... e Charya em coma.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “A criatura está aqui mesmo? Como eu e você?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “É só uma projeção da vontade desses novos deuses usurpadores, e está se desfazendo agora graças a Charya. Vai lhe fazer bem se voltar à antiga Fé, minha filha. Pense como uma proteção extra.” E sorriu insinuante, exatamente como a Mãe-Monstro sorria nas antigas esculturas.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.dumage.com/img/art/impressive-digital-girls/impressive-digital-girls16.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://www.dumage.com/img/art/impressive-digital-girls/impressive-digital-girls16.jpg" width="242" /></a></div><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Azif conseguia ouvir este diálogo enquanto corria na direção do falso Mordekai, pensando, <i>talvez Charya tenha unido a mente de todos nós. Se for assim... devemos destruir juntos o verdadeiro inimigo.</i> A cimitarra negra penetrou fundo o corpo do duplo, que não conseguia se mexer direito enquanto lutava contra Euro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Dova percebeu que o resquício do Alienígena que havia infiltrado a mente de Charya na batalha do labirinto-penhasco foi se desfazendo como um camaleão-do-meio-dia atingido por Euro. Àquela curta distância, a Prodígio Branca conseguia ouvir a vibração da espada dupla de Charya que havia cortado Alienígena e o próprio espaço ilusório ao redor dele – um perfeito golpe mental. Vendo Azif brandir a cimitarra contra o Alto Sacerdote, Dova notou que o cansaço no rosto de seu amigo se desfazia ao chegar tão perto dela. Sou mesmo uma catalisadora, meu avô estava certo. Com um salto a garota se pôs do lado de Azif e Euro, sua mão esquerda esticada para tocar o ombro do Prodígio Amarelo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Berya voltou-se para a batalha e com um gesto duplo, as duas espadas curtas voltaram às suas mãos.<i> É incrível,</i> pensou a Prodígio Azul,<i> todos nós cinco somos paranormais, não só a telepata. E a menina de branco catalisa e aumenta os poderes de todos nós, e mais ainda porque todos usamos uniforme-paradoxo.</i> Deu alguns passos na direção do centro do salão. <i>Percebo com toda clareza meu potencial agora... não apenas farejar trufas, mas dominar o fogo-fátuo do Ermo e a própria energia que define essa maldita duplicata de meu pai...</i> Berya franziu a testa e segurou com mais força as bainhas de suas armadoxos. </span><i><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Eu leio os padrões nesse duplo e leio até como ele define o que estou fazendo com ele: eletrocinese.</span></i><i><br style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;" /></i><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i> Enquanto eu provoco falhas na estrutura dessa... nanoconsciência... eu roubo os dados que a compõem... antes que Euro a destrua completamente... </i>A Prodígio Azul cruzava as lâminas das espadas como se as amolasse ou cobiçasse um prato que ia ser posto na mesa.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Euro sentiu um leve calor percorrer seu corpo e sua confiança ser redobrada. <i>Vamos, Euro!</i> A telepatia de Charya soou em sua mente. <i>Deixe que Dova o faça ultrapassar todos os limites... </i>o meio-neander sentiu que a força de suas mãos não era apenas força física mas uma imposição da mente sobre a matéria. <i>Telecinésia tátil,</i> pensou Berya enquanto absorvia o conhecimento do falso Mordekai.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A azul pouco a pouco fragmentava o impostor em pedacinhos. O negro vibrava sua lâmina dentro dele, despedaçando o espaço que o definia. A branca fazia sua parte retirando as limitações do negro e do amarelo e aprimorando os poderes de todos. A vermelha emitiu mais um comando telepático, dando uma confiança ainda maior ao amarelo e os dois, num só movimento sincronizado, fizeram a cabeça do falso sacerdote rolar com um golpe decapitador e seu corpo explodir por dentro com telecinese.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://fama.zupi.com.br/system/works/2405/9060/small/M%C3%BAsica__2.jpg?1271709718" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://fama.zupi.com.br/system/works/2405/9060/small/M%C3%BAsica__2.jpg?1271709718" width="213" /></a></div><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A cabeça quicou e foi rodando pelo chão até os pés da Kashramael-simulada. E antes que Berya ou os outros pudessem recobrar o foco e fazer alguma coisa, ela se abaixou, segurou a cabeça degolada e disse antes de desaparecer, “Baibai, filhotes.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A cena foi desvanecendo e a visão de todos os cinco foi se tornando turva – até mesmo a de Charya, que não resistiu e... acordou num colchão improvisado do novo acampamento nas cavernas dos contrabandistas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Anisha, a mãe adotiva de Euro e Azif, esposa do Grão-Mestre, passava um pano úmido em sua testa quando os olhos da Prodígio Vermelha se arregalaram – o que fez com que a mulher espantada gritasse por seu marido e pelos outros.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Ao redor dela, outros quatro colchões, dois de cada lado, com os outros Prodígios despertando aos poucos. O Grão-Mestre Bendante veio correndo afobado e se postou diante deles, o sorriso aflito desenhado no rosto envelhecido:</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “É mesmo um Prodígio que estejam vivos! Uma semana desacordados e só vivendo de água e da energia reciclada pelos uniformes.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Dova espreguiçou-se e foi a primeira a tentar levantar, notando que era verdade, não haviam lhe tirado o uniforme-paradoxo. E ele – bem como os outros quatro – havia 'voltado ao normal', sem desenhos estranhos ou decotes insinuantes. Passou os dedos no ombro e comentou, ressabiada, enquanto os outros esfregavam os olhos, “A gente nunca tira essas roupas?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Hum, precisamos mesmo conversar. E todos nós, não só você e eu, Dova.” O velho Bendante passou os olhos em sua tropa e pediu, “Antes que façam qualquer pergunta, vou lhes contar uma história. Não quero ser interrompido enquanto não a terminar... pode ser?”</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://zupi.com.br/images/uploads/binho_martinsint1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="217" src="http://zupi.com.br/images/uploads/binho_martinsint1.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/o-retorno-da-rainha.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a><br />
BAIXE A COMPILAÇÃO DOS PRIMEIROS ARCO DE HISTÓRIAS:</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA (Episódios 1 a 9)</a></div><div style="text-align: center;">E</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/WWTcTeVc/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_10-19_REVO.html">REVOLUÇÃO (Episódios 10 a 19)</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-74725913679948657582011-04-23T17:04:00.001-03:002011-04-23T17:13:09.838-03:00O RETORNO DA RAINHAO Capítulo Dezoito da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a> surpreendeu até ao autor Arthur Ferreira Jr.'.<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.dumage.com/img/art/impressive-digital-girls/impressive-digital-girls01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="233" src="http://www.dumage.com/img/art/impressive-digital-girls/impressive-digital-girls01.jpg" width="320" /></a></div><br />
<i>Prazer em conhecer<br />
Espero que adivinhe meu nome<br />
Oh, sim, pois o que os confunde<br />
É a natureza do meu jogo</i><br />
Cântico da Simpatia, de um culto dalai tsu à Avalanche<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">NO CENTRO DO SALÃO DE MÁRMORE RUBRO, um homem de vestes sacerdotais púrpuras sorria para os três Prodígios enquanto tocava a coxa de uma garota pendurada por correntes do teto, trajando um uniforme-paradoxo vermelho. Entre esta figura – Azif a identificou de pronto como o Alto Sacerdote Judaas Mordekai, ou um simulacro da mesma espécie do irmão de Dova – e os três invasores estava a Soberana Berya, as duas mãos erguidas na direção de Dova, que se contorcia no chão com o choque elétrico provocado pelo fogo-fátuo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> <i>Dessa vez o fogo-fátuo não parece muito a nosso favor, </i>pensou Azif fascinado. <i>Demônios do Ermo, como ela é bonita... mas é minha irmã.</i> Enquanto Euro aparecia na porta para ajudar Dova, Berya ergueu as mãos em gestos precisos e solenes, declarando numa voz autoritária: “Pela honra da Terra Castanha...!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Os véus que lhe cobriam o corpo azulado pareceram obedecer a uma compulsão mágica, pois se dissolveram como névoa sobre a pele de Berya e se reformularam como um tipo de exoesqueleto macabro, vagamente biomecânico, acentuando a aparência já alienígena da Soberana. Seu cabelo longo e azul se movia como se houvesse vento forte no salão, e as laterais de seu rosto se cobriram da mesma casca resiliente que lhe protegia o corpo. Toda essa transformação levou pouco mais de dois segundos para acontecer. Os olhos brilhavam com um azul sobre azul, sem distinção de pupila.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Azif não sabia bem o que dizer e tentou argumentar, “Nós só estamos aqui para ver Charya, não queremos machucá-los...” O olhar que Berya lhe retornou era indiferente e frio. Era como se estivesse em transe. Ela o respondeu sacando do exoesqueleto azul-quase-negro que cobria seus braços, duas espadas curtas de metal também azul, só que de outro tom, leve e reluzente – era a primeira vez que Azif via alguém manifestar dois armadoxos de uma só vez. <i>É um pesadelo, e eu quero acordar, </i>gemia no fundo de sua mente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Dova abriu os olhos meio atordoada e viu a situação toda num átimo. Alguma coisa dentro de si – mais forte que suas intuições, mais forte que o sussurrar de seu uniforme-paradoxo – a moveu para a frente, e ela sabia que era o único ato certo a fazer: deu um chute preciso no meio das costas de Azif, tirando seu fôlego e fazendo-o cuspir um jato de cristal como aquele que havia antes se desprendido no lodaçal... a nuvem de cristal anão que se formava rodopiou e distraiu Berya, e isso foi a deixa para Euro investir correndo sobre o sacerdote Mordekai.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://img.photobucket.com/albums/v324/May38/LJ/Cappreviews/img000061.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="180" src="http://img.photobucket.com/albums/v324/May38/LJ/Cappreviews/img000061.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Berya tentou ignorar a nuvem e atacar Azif e Dova com suas espadas, mas o próprio cristal a impediu – assumiu uma forma feminina, a mesma que mais cedo Azif havia confundido com sua mãe, Kashramael. “E então, menina? Vai ferir sua própria mãe?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Enquanto isso Dova se arremessava por cima do campo de batalha que o salão da Torre havia se tornado, empunhando báculo e katana na ânsia de ajudar Euro a derrotar Mordekai, que havia recebido um soco poderosíssimo no rosto, sem piscar. “Não sou tão frágil quanto vocês imaginam – e que ótimo, a garotinha veio trazer a espada da Adversária para mim...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Azif estremeceu ao ver a figura de cristal sair de dentro de si e assumir de novo aquela forma, mas sua surpresa paralisante durou pouco. Teleportou-se para trás de Berya e pôs a cimitarra em seu pescoço, “Renda-se, eu já disse, não quero ter que te machucar, irmã...” <i>Falo a verdade,</i> pensou Azif entrando numa espécie de desespero, <i>mesmo sendo aqui só um sonho muito real.</i></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Esta não é minha mãe, mortal.” Mortal? <i>Ela pensa que é uma deusa?</i></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Exatamente, filha. Você não é sábia e onisciente? Então,” interrompeu a criatura com a forma de Kashramael, sorrindo e exibindo dentes afiados, “use sua visão profunda e enxergue o que eu sou – o que todos nós somos!”</span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://zupi.com.br/images/uploads/marconi3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="226" src="http://zupi.com.br/images/uploads/marconi3.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Uma semente de dúvida brotou na mente rígida de Berya e ela fez o que a coisa pedia. Sua percepção se expandiu, tocando toda a Torre Vermelha... e a presença próxima dos outros quatro estimulou algo que ela não tinha experimentado antes: toda a área ao seu redor era branca, um nada informe, uma aparência ilusória... e só ela e os outro três Prodígios eram reais. Até mesmo os guardas mortos nos corredores não passavam de decoração... exceto duas criaturas cristalinas que enxameavam assumindo formas humanas, a forma de sua mãe diante de si e a forma de seu pai lutando contra Euro e Dova. O padrão dos cristais era o mesmo dos ídolos de cristal anão que ela guardava em um nicho na Torre Azul, durante sua infância. Restos de uma era anterior, depósitos de informação, objetos de veneração – os cristais anões também eram usados pela elite da Terra Castanha para condicionar os jovens mais problemáticos de sua própria casta. Aquilo se tornou evidente às percepções profundas de Berya. Era como brincar com fogo, porque aqueles dois cristais haviam assumido vida própria, mas ela ainda não saiba o porquê.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Dova ergueu a katana de Charya e percebeu que havia cometido um erro – ao saltar ansiosa para combater o Alto Sacerdote, não havia deixado uma mão livre para fazer o gesto de bênção e liberar a Prodígio Vermelha de seu sono forçado. Mas percebeu que podia usar a espada para dispersar Mordekai em pedacinhos como havia feito com a falsa Kashramael – os dois pareciam ser feitos da mesma substância, distinta tanto da dos zelotes derrotados quanto da substância dela, de Euro, Azif e Berya. Apenas não conseguiu fazer isso, porque Mordekai vibrou um golpe de mãos nuas sobre o pulso de Dova, desarmando-a e fazendo a katana cair longe, quase aos pés de Berya e Azif.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Filha!” gritou o falso sacerdote enquanto tentava se desvencilhar de Euro que o tentava imobilizar, “Eletrocute esse desgraçado e pegue a espada!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Não...” Berya jogou as próprias espadas longe e Azif imediatamente retirou sua cimitarra do pescoço da irmã. A Kashramael-simulada deu três passos para trás como se quisesse assistir melhor a cena, ainda sorrindo, divertida.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Dova aproveitou que Euro deixava o sacerdote ocupado e usou sua mão livre para tocar o corpo da Adversária – parte da sua raiva havia se esvaído ao ser desarmada, Charya deveria acordar naquele instante e tudo estaria acabado, o sonho teria um fim.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Mas não foi isto que aconteceu.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.eldritchdark.com/files/galleries/inspired-by-cas/maleficarum4.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://www.eldritchdark.com/files/galleries/inspired-by-cas/maleficarum4.jpg" width="400" /></a></div><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> A Adversária abriu os olhos e Berya imediatamente sentiu que aquela massa inerte com a forma de Charya despertava e diferenciava-se da massa branca e ilusória, era na verdade – Berya sentia isso com sua segunda visão profunda – um rodopio multicolorido, como a aurora boreal do Ermo. Como o Alienígena que a havia possuído, ela agora lembrava. <i>Algo está faltando, algo está faltando, alguém...</i> E lembrando tentou um ato inesperado – estendeu a mão para a espada e ela veio para suas mãos, por um instante parecia que empunharia a katana de Charya numa batalha mítica contra o Alienígena e a criatura cristalina que havia assumido ali a forma de seu pai...</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Mais uma vez, não foi isto que aconteceu.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> A Adversária atacou Dova estendendo tentáculos cor de aurora que saíam do corpo idêntico ao de Charya, os olhos multicoloridos como Dova havia presenciado em Berya na batalha no labirinto-penhasco. Euro se engalfinhava com o sacerdote que parecia muito mais forte do que sua forma franzina aparentava. Azif avaliava a situação e preparou-se para teleportar para o lado da Adversária e defender Dova.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Berya partiu a katana com as duas mãos – parecia mais fácil do que quebrar a casca de um ovo – e o ar diante da Prodígio Azul se distorceu, dando lugar a uma garota de cerca de seus dezessete anos, cabelos loiros presos num rabo de cavalo, olhos atentos e boca carnuda, envergando um uniforme-paradoxo vermelho – quase uma armadura feita de casca de crustáceo perfeitamente adaptada aos contornos de seu corpo, cheia de espinhos rubros – e uma espada de dois gumes nas mãos, na verdade uma katana de dois gumes.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Charya, a Prodígio Vermelha.</span><br />
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><a href="http://www.blogger.com/goog_1928507320"><br />
</a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.camilladerrico.com/fileuploads/display/27" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://www.camilladerrico.com/fileuploads/display/27" width="310" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><a href="http://www.blogger.com/goog_1928507320"><br />
</a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><a href="http://www.blogger.com/goog_1928507320"><br />
</a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><a href="http://www.blogger.com/goog_1928507320"><br />
</a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><a href="http://www.blogger.com/goog_1928507320"><br />
</a></div><br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/rainha-de-espadas.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a><br />
BAIXE A COMPILAÇÃO DO PRIMEIRO ARCO DE HISTÓRIAS:</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-31282363757287956142011-04-22T17:23:00.001-03:002011-04-22T17:33:02.350-03:00A RAINHA DE ESPADASArthur Ferreira Jr.'. orgulhosamente (nem tanto) apresenta o Capítulo Dezessete da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><i style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Estou com sorte.</i></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">- Mantra dos devotos do Grande Goog</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><a href="http://zupi.com.br/images/uploads/Sex.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://zupi.com.br/images/uploads/Sex.jpg" width="226" /></a><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">O RELÂMPAGO SUAVE E O TROVÃO PERSISTENTE enchiam a paisagem de som e fúria. <i>Natural, </i>pensava Azif enquanto Euro pilotava a biga planadora de volta ao Nomo das Torres, <i>Charya sempre gostou das histórias desses espíritos do Ermo. Se estamos mesmo na mente dela... nada mais natural que eles apareçam com tanta força quando finalmente descobrimos o que está acontecendo.</i></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> <i>Se é que é esta mesmo a verdade. Há algumas pontas soltas. Euro parece meio envergonhado de falar do seu tempo com Berya... se é que houve algum tempo e tudo não passou de memórias falsas. E isto de memórias falsas deve atormentar meu irmão ainda mais: deve achar que falhou no retrospectar por ser meio-neander.</i></span><i><br style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;" /><br style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;" /><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> E Dova. Ela parece tão bela à luz dos relâmpagos que cruzam a noite. E apesar do pouco tempo que a conheço, nunca me pareceu tão perigosa.</span></i><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Estas algemas me incomodam.” A voz de Dova se fez ouvir sobre o ruído dos trovões e a propulsão da biga.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Não há outro jeito,” fez Euro. “E deem graças que não será uma entrada triunfante, o povo não costuma ficar nas ruas com uma chuva destas.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Definitivamente não gostaria de ser exposta como um troféu de caça.” Lábios crispados, os olhos de Dova fitavam a Torre Vermelha, visível do lado de fora da cidade. Era uma estrutura cheia de janelas de vitral multicolorido, com paredes de cor rubra. Seu formato era hexagonal, quando visto de cima. Mas poucos a viam de cima – a Nomo das Torres não era conhecido pelas máquinas voadoras que eram às vezes vistas em outros nomos. A biga planadora era praticamente a única máquina ancestral usada ali.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> E, naquele sonho estranhamente coeso, dentro da mente de Charya, isso continuava sendo verdade. Euro amaldiçoou este fato, internamente, porque poderiam ir direto ao topo da Torre se tivessem equipamento melhor. Ele queria se livrar da situação o mais rápido possível. Agora que estava livre de sua ilusão de poder – ou achava que estava livre – a irrealidade daquele sonho, oculta logo abaixo da superfície de suas percepções, o irritava bastante.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Teve até vontade de fazer a biga espatifar-se contra as muralhas da cidade, acabar com tudo – mas até aí sua percepção alterada o impedia, porque ele tinha a nítida impressão de que fazê-lo ia interromper o sonho e recomeçá-lo de novo, com ele, Euro, no lugar de um herói popular admirado e invejado por todos da Terra Castanha e do povo neander.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> <i>Talvez isso já tenha acontecido antes, </i>pensou o Prodígio Amarelo. <i>Mas eu não vou deixar que dê tudo errado de novo... se é que deu errado antes. Malditas dúvidas.</i></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Pousada a biga, Euro escoltou os dois em direção ao palácio da Soberana... haviam poucas pessoas na rua, e quando pensou não estar sendo observado, desviou o caminho para a Torre Vermelha.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Como eu pensava,” sussurrou Dova. “Todas as pessoas que passamos perto me pareceram iguais às paredes da muralha, ao mato em volta da estrada...” Por dentro, Dova sentia ganas de esmagar aquelas pessoas como fizera com seu falso irmão.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Chegaram diante de um arco de entrada para a parte pública da Torre Vermelha. No terceiro andar, sabia Euro, estava o corpo da Adversária. Azif reparou que os tijolos que compunham o exterior daquele edifício tinham quase a mesma tonalidade do uniforme de Charya – e ele sabia que, no mundo real, era diferente, o prédio estava em mau estado e aquele rubro era quase um negro coagulado. Dova sentiu raiva dos tijolos do prédio tanto quanto do grupo de sete zelotes postado à entrada.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://zupi.com.br/images/uploads/kako-3.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://zupi.com.br/images/uploads/kako-3.jpg" width="306" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Que surpresa, senhor.” O zelota de baixo escalão sorria como se soubesse demais. “Veio investigar de novo?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Quero interrogar estes prisioneiros diante da Adversária. Eles terão de confrontar seu crime... tenho certeza que lá confessarão.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> <i> Parece uma ideia idiota,</i> pensou Azif. <i>Mas vamos ver.</i> Foram entrando pelo arco e parecia que tudo ia correr bem, até Dova desferir um chute contra o zelote mais próximo de si.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Ficou doida?!?” gritava Azif enquanto os outros zelotes sacavam suas armachoques. Euro assumiu postura de batalha, e as joias em seu corpo reagiram, enxameando e formando a armadura de placas que era agora seu uniforme-paradoxo. “Ele já estava sacando a armachoque!” bradou Dova enquanto se soltava das algemas propositalmente frouxas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Bom,” exclamou Euro enquanto quebrava a mandíbula de um dos zelotes, “pelo menos não preciso me conter contra estes vermes. Nunca gostei de zelotes mesmo.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Azif não conseguiu se esquivar da descarga de uma armachoque (<i>Nem sempre este teleporte funciona, e ele parece consumir minha energia interna... melhor maneirar, </i>pensou o Prodígio Negro) mas retaliou o ataque com um golpe de cimitarra, parte da eletricidade voltando para o zelote que o atacou, através da lâmina.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> <i>Quem diria que eu poderia sobreviver a uma armachoque,</i> Dova não deixou de notar enquanto materializava seu báculo e aparava a descarga de dois zelotes ao mesmo tempo. Um terceiro sacou duas espadas e preparou-se para atacar a Prodígio Branca, mas Euro o conteve com um tremendo soco no estômago, fazendo o zelote perder o fôlego e largar as espadas pelo chão.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.pspsps.tv/Protoscreenshot_large.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://www.pspsps.tv/Protoscreenshot_large.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Ah! Dane-se!” Azif zumbiu pelo átrio da Torre Vermelha, golpeando com precisão os últimos três zelotes pelas costas, o sangue jorrando sobre Dova e Euro. O ruído de um alarme começou a soar pela estrutura da Torre. “Temos que subir! Senão isso aqui vai ficar coalhado de gente, e pode ser que até mesmo a gente possa morrer de verdade aqui!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Nunca se sabe,” comentou Dova enquanto chutava a cabeça de um dos zelotes caídos. Azif balançou a cabeça em reprovação e continuou, “Vamos, Euro, seja nosso guia.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Alguém deve tê-los avisado de alguma coisa... talvez o Alto Sacerdote.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Talvez Berya,” sorriu Dova para Euro. O meio-neander ia retrucar alguma coisa, mas notou que era um sorriso amargo – irônico. <i>Melhor rir do que chorar, </i>pensou Euro, e apontou um dos corredores laterais:</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Acho que consigo nos desviar das patrulhas se formos por ali. Tomamos um pouco mais de tempo, mas é mais seguro.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Sinceramente,” Dova rodou o báculo numa mão e estendeu a outra para que Azif lhe passasse a katana de Charya, “eu não me importo nem um pouquinho de esmagar estes zelotes falsos – eles me dão nojo, quase tanto quanto um zelote de verdade.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Por que quer isto de volta?” Azif perguntou segurando mais firme no cabo das duas espadas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Gente, estamos perdendo tempo...” Euro começou a se irritar. “Azif, dê logo a katana se é o que ela quer – não é sua mesmo.” Virou-se para Dova, “Vamos fazer sua vontade então, vamos pelo caminho mais rápido. Mas depois não nos culpe se isto aqui virar um pesadelo.”</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.camilladerrico.com/fileuploads/display/403" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://www.camilladerrico.com/fileuploads/display/403" width="255" /></a></div><a href="http://www.camilladerrico.com/fileuploads/display/403"></a><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> ***</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">“Não sei se isso é um pesadelo, parece mais um sonho erótico.” Dova esmagou a cabeça de um zelote e rasgou a garganta de outro com um golpe de katana, girando elegante enquanto se deslocava em meio à multidão de guardas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Será possível que está tendo prazer nisso?” Azif zuniu pela rampa entre o segundo e o terceiro andar, derrubando vários zelotes. Por dentro se sentia exausto, mas algo ainda o dava forças e renovava seus ataques.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Fácil demais,” murmurou Euro depois de rodar os punhos ao redor enquanto aparava descargas de armachoque e, com mais um giro, atingia os zelotes armados como se fossem pinos de boliche.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Depois vamos conversar, Dova.” Azif retirou a cimitarra do corpo do último zelote naquele setor. A mocinha arfava, suada, suja de sangue e tremendo com as duas armadoxos na mão.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Não tente me dar sermão! Nem agora nem nunca!” Azif se surpreendeu com o tom de voz que lhe parecia familiar demais, mas cortou a discussão que ameaçava iniciar, “Que seja, vamos, por aquela porta abaulada.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Eu não vou negar que as mortes deles...” comentou Euro baixinho enquanto andavam alertas pelo corredor seguinte, “... parecem, não sei, justas.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Azif limitou-se a suspirar, mas a máscara de gás que agora cobria seu rosto transformava o suspiro num chiado rouco. Apontou para uma porta no final do corredor e sussurrou, “Aquela, Euro?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Essa mesma, a última do corredor depois da rampa...”</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Dova se adiantou e correu para abrir a porta. Azif seguiu logo atrás para tentar impedi-la de talvez ser eletrocutada por algum dispositivo de segurança ativado durante o alarme, mas o cansaço acumulado pelas batalhas o tornou menos rápido que o necessário – e ele viu, como esperava, Dova ser fulminada por uma rajada elétrica.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Mas não vinha de nenhum dispositivo arcano e sim de dentro do salão que Dova havia aberto a porta: uma garota vestindo apenas véus que ocultavam sua pele azul tatuada fez outro gesto de arremesso e o fogo-fátuo elétrico foi na direção de Azif... que conseguiu se esquivar rolando para dentro do salão, diante de sua meia-irmã Berya, a Soberana das Torres.</span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://zupi.com.br/images/uploads/alarcao6.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="164" src="http://zupi.com.br/images/uploads/alarcao6.jpg" width="320" /></a></div><br />
<br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/cinco-nobres-verdades.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a><br />
BAIXE A COMPILAÇÃO DO PRIMEIRO ARCO DE HISTÓRIAS:</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-1057790853137952092011-04-21T00:03:00.002-03:002011-04-21T10:21:53.827-03:00CINCO NOBRES VERDADESArthur Ferreira Jr.'. revela o Capítulo Dezesseis da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><a href="http://www.dumage.com/img/art/impressive-digital-girls/impressive-digital-girls03.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://www.dumage.com/img/art/impressive-digital-girls/impressive-digital-girls03.jpg" width="233" /></a><i style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Meu filho, somos peregrinos numa terra profana.</i><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Citação do pai do semideus Último Cruzado, </span><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">supostamente referindo-se ao Ermo da Condenação</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">“PELOS... QUATRO... BESOUROS SAGRADOS... DOVA...! o que foi que você fez com esse coitado?” Azif cogitou segurar de fato o pulso da companheira, mas preferiu não fazê-lo. Quase sentia medo da expressão furiosa da menina – era quase como se ela estivesse também disposta a esmigalhar a ele e a Euro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Azif... ele não só não era meu irmão,” Dova inspirava e expirava fundo, “como não era nem mesmo uma pessoa real.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Hã?” Azif abriu a boca, atônito, enquanto Euro balançava a cabeça como se concordando.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Quando eu te resgatei do lodaçal, andamos por várias árvores... a minha sensação diante desse rapaz, ao chegar perto dele, era a mesma de ao passar perto dessas árvores ou ao tocar na vegetação da pradaria que atravessamos. Ele não é uma pessoa.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O céu começava a escurecer como se prenunciasse chuva e Azif disparou: “Mas isso é insanidade! E você já estava bem estranha!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “É mesmo? Vou ignorar esse comentário agora... temos mais coisas pra resolver. Vamos lá. Pra começar, como vivemos parar aqui? E onde diabos é isso aqui? E, Euro, onde é que está Charya? Por que você pediu antes a espada dela, se referindo como a 'espada da Adversária'?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Uma leve chuva começou a cair sobre os três e sobre o cadáver (seria mesmo um cadáver?), mas ninguém saiu do lugar. Euro respondeu, “Acho que sei o que está acontecendo aqui. Depois que ela matou esse sujeito...” virou-se para Azif, sério, “as coisas ficaram mais claras para mim. Dova, você não conheceu Charya.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “É verdade. Não a conheci como vocês dois.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Lembra-se que foi ela que desferiu o golpe final no monstro... depois disso nós caímos todos?”</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.dumage.com/img/art/impressive-digital-girls/impressive-digital-girls25.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="233" src="http://www.dumage.com/img/art/impressive-digital-girls/impressive-digital-girls25.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Azif arregalou os olhos. “É verdade! Como pude me esquecer disso? Eu pensei ter sido devorado pela criatura! E ela estava mentaligada a todos nós.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “A mesma coisa comigo,” complementou Dova. “Depois disso eu revivi minha vida toda, e pensei ter morrido até aparecer numa árvore do lodaçal onde achei Azif... e senti ele próximo. E estava furiosa.” Paradoxalmente, a fúria no olhar de Dova foi se acalmando.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A chuva, ao contrário, foi ficando mais forte. “Charya era uma<i> letheana</i>.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Lethe... como assim, Euro?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Azif atalhou, “São os neander que não conseguem retrospectar... ter acesso às memórias raciais da espécie...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “E qualquer um que tenha amnésia. Sabe o que é isso, não, Dova?” perguntou Euro, apoiando a mão no ombro de Azif.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Sim, acho que sei, mas o que é que isso tem a ver?” A fúria ameaçava voltar, mas ela se controlou.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Tem a ver que ela é uma telepata!” gritou Azif. “Como foi aquela história que papai nos contou, Euro?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Telepatas têm o mundo interior muito vívido... e telepatas <i>lethean</i> são usados pelo meu povo para armazenar as principais memórias da raça, assim cada neander tem um acesso emprestado a memórias dos neander de quem não descende.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Como um espaço vazio que pode ser preenchido... então quer dizer,” falou Dova meio tremendo com a chuva que piorava, “que nós estamos dentro da mente de Charya?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Exatamente,” respondeu Euro meio perturbado com o que ele mesmo dizia, “e ela é a Adversária que jaz morta na Torre Vermelha, lá na cidade de onde vim.”</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMWmBNrVDSx2a21p65349jiZcECelpFkGABHnaMdh_tc7V-8fwO9wtBx_wKHXc6m0Oaib0Om3cOfnbJic8pRc65TtwKuMSk0JlD_jfrXBxt2C7JzYg_47x54Cd1COPSBPrsi1bdj8sZCXh/s400/004_Lion-Before-Storm-II,+Massai+Mara+2006+-+NICK+BRANDT.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="255" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMWmBNrVDSx2a21p65349jiZcECelpFkGABHnaMdh_tc7V-8fwO9wtBx_wKHXc6m0Oaib0Om3cOfnbJic8pRc65TtwKuMSk0JlD_jfrXBxt2C7JzYg_47x54Cd1COPSBPrsi1bdj8sZCXh/s320/004_Lion-Before-Storm-II,+Massai+Mara+2006+-+NICK+BRANDT.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “MORTA?” Azif segurou a mão de Euro com força.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Eu acho... não tenho certeza... mas acho que isso é só um símbolo, de que ela está inconsciente, perdida, caída dentro de si mesma. Nós temos que salvá-la, acordá-la de algum modo... tipo, como vocês me despertaram?” O meio-neander virou-se para Dova, esperançoso.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Sim...” Dova esboçou um sorriso que logo se desfez. “Mas, espera aí. Não está faltando alguém?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Berya Mordekai, do uniforme-paradoxo azul,” a voz de Azif soou ominosa e solene. “Euro... se Dova apareceu perto de mim, então você...?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Nossa irmã, Berya.” O meio-neander apertou os olhos. “Nem eu sabia e de algum modo essas memórias falsas – agora posso reconhecê-las como falsas – me mostraram a moça de cabelo azul que estava dominada pelo monstro, e que nos ajudou a derrotá-lo depois... e ela é filha de Kashramael como eu e você, Azif.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Hein? Disso eu não sabia, pensei que fosse filha do Alto Sacerdote com uma das concubinas...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Hmpf,” fez Dova enquanto enlaçava Azif e Euro pela cintura e a chuva caía mais forte, “parece então que vamos ter que salvá-la também; ela é parte da família de vocês.” A Prodígio Branca sorriu um tanto maliciosa. “Onde é que ela está, Euro? Presa na cidade, também?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Mais do que isso, Dova. Ela é a Soberana do nomo das Torres. Sátrapa e Matriarca. Vamos ter problemas.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Espere, Euro...” interrompeu Azif. “Matriarca? Ela nunca poderia ser Matriarca usando um uniforme-paradoxo! Não poderia ter filhos! Como...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Isto aqui é um sonho que parece muito real, lembra? Olha só essas joias e amuletos pelo meu corpo. Só precisa fazer sentido até certo ponto...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Esperem vocês,” atalhou Dova enquanto um trovão rugia nos céus. “Não poder ter filhos, como assim?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “DEPOIS eu explico isso direito, vamos andando que está chovendo forte demais,” respondeu Azif nervoso, soltando-se de Dova e dando passos pela estrada. Apontou o dedo na direção da cidade. “Euro, você vinha nos prender, certo? Então nos leve para dentro da cidade como falsos prisioneiros e direto até onde está Charya... se a despertarmos primeiro acho que vamos todos acordar desse delírio terrível sem precisar lidar com Berya. Ela pode ser nossa irmã mas eu prefiro a conhecer como ela é de verdade e não como uma tirana.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Ela não é tirana sozinha,” respondeu Euro meio envergonhado, conduzindo Dova que entrara em modo pensativo e apontando para a biga planadora. “há o Alto Sacerdote, que deve ser tão real como esse cadáver que vamos deixando para trás e... havia eu.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O trovão rugiu persistente, e relâmpagos caíram ao longe. Começava a ficar escuro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i>Vai ser uma longa noite</i>, pensou Azif.</span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://downloads.open4group.com/wallpapers/synthetic-storm-617ce.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://downloads.open4group.com/wallpapers/synthetic-storm-617ce.jpg" width="400" /></a></div><br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/espada-de-dois-gumes.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a><br />
BAIXE A COMPILAÇÃO DO PRIMEIRO ARCO DE HISTÓRIAS:</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-1236104086822390072011-04-20T16:20:00.003-03:002011-04-20T19:50:41.730-03:00ESPADA DE DOIS GUMESArthur Ferreira Jr.'. lhes traz o Episódio Quinze da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSb2YZD8jNrNCyRynejOObYC15WRTucBpH69cLNpwyZFTbGO5Lidj5C5jEVU0404uK6Anc48FGD0wUki86OdiQ98S7TPa-7VRdYKpokpkhwYFuUj_MdGuEmA_TTk9uGJ6DD-kGqO_fZrw/s1600/impressive-digital-girls02.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSb2YZD8jNrNCyRynejOObYC15WRTucBpH69cLNpwyZFTbGO5Lidj5C5jEVU0404uK6Anc48FGD0wUki86OdiQ98S7TPa-7VRdYKpokpkhwYFuUj_MdGuEmA_TTk9uGJ6DD-kGqO_fZrw/s320/impressive-digital-girls02.jpg" width="233" /></a></div><br />
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i>Esta fúria que dura mil anos<br />
Logo se extinguirá<br />
Esta chama que queima dentro de mim<br />
Ouço as harmonias secretas<br />
É uma espécie de magia</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">- Canção secreta dos monges da Rainha Mercúrio</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">“É UM MISTÉRIO! QUANDO PENSO que temos o controle total, acontece uma coisa dessas.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “E a sua comunicação direta com os novos deuses está abalada, você diz.” O homem de cabelos bem penteados e cavanhaque balançava a cabeça. “Minha filha, fez mal em dizer isso a Euro. Mesmo ele tem que reconhecê-la pelo que você é: um símbolo da infalibilidade dos deuses de além das estrelas. Hmmm... talvez haja um bloqueio dos canais. Algo parece estar bloqueando, não? Não perca sua fé nos deuses: é algo externo que está impedindo que você os ouça. Veja o que eles já fizeram por você.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A Soberana olhou para baixo e contemplou os vários matizes de seu próprio corpo azulado: cobalto puro nos cabelos, padrões de turquesa cobrindo seu corpo azul-celeste, como tatuagens. Sim, ela era um símbolo de que havia se tornado mais como os deuses alienígenas... e menos humana.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Pai, minha sabedoria está comprometida,” falou a Soberana Berya, em tom amargo. “O que o senhor aconselha?”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Vamos até a Torre Vermelha,” respondeu o Alto Sacerdote Mordekai. “Não acho que encontraremos nenhuma outra pista lá, mas pode ser que hajam problemas adicionais e se for esse o caso, seus poderes serão de grande valia enquanto Euro está fora.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Então, fique aqui no palácio enquanto...”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Não...” sorriu o sacerdote com um brilho estranho nos olhos. “Acho melhor ir com você. Quero observar suas reações e talvez sugerir algum bálsamo contra esse bloqueio. Além disso... quero rever o cadáver da Adversária. Ele me conforta, me dá a sensação de que detemos as forças da barbárie que ameaçam a Terra Castanha.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Ele caminhou pelo salão como se estivesse despreocupado, divagando: “Há centenas de anos, a barbárie que dominava a Terra Castanha – não se chamava então Terra Castanha, o grande Ruiz, o Castanho não havia nascido – grassava sem limites, em guerras, até que os deuses se manifestaram e a religião unificou o povo. Mas, com o tempo, a separação entre os nomos e as cidades se intensificou... e as intrigas internas aumentaram... e há poucos anos atrás estávamos a beira de uma ruptura que poderia destruir nossa sociedade. Cairíamos de novo na barbárie, entende, minha filha? Mas a vinda dos novos deuses, dos verdadeiros deuses, impediu que isto acontecesse, unificou o povo mais uma vez e agora eles têm heróis como você e Euro para servir-lhes de ídolos vivos. Alguns poucos não gostaram da nova ordem e foram sufocados... mas você sabe de tudo isso, não? Eu gosto de repetir e repetir para você para que não esqueça; eu sei que não esquecerá, mas me agrada repetir. Os dalai tsu perderam toda influência, ficaram contidos nas margens da Terra Castanha, especialmente depois que sua campeã – embora eles jamais tenham admitido a ligação com ela – ousou se erguer contra a nova ordem.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “E mantemos o inexplicável cadáver que não se decompõe no templo... e os dalai tsu vivos para que não se tornem mártires.” A voz de Berya encerrou a prelação, e toda sensação de amargura, indecisão e irrealidade que a oprimia foi embora.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Exatamente, muito bom, filhota, as mesmas palavras de sempre,” sorriu novamente Mordekai, o sol que se filtrava pelos vitrais batia em seu rosto e ele sequer piscava. “É essa a verdade. E gosto de contemplá-la de novo: vamos ao templo da Torre Vermelha.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> ***</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_n2Z_WOz0kLLb0Nb9nwNOOtvtTpTscmgiJLwA5l1H7MCM8Oul6eA7UVHzYMqVw_b4B8xeE_32rm1zkczxxXQlSQtM1M3R9KUcBc_D0widGcn46KbPvTR2zVq04WvLehU842zG9SE3osk/s1600/impressive-digital-girls15.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="353" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_n2Z_WOz0kLLb0Nb9nwNOOtvtTpTscmgiJLwA5l1H7MCM8Oul6eA7UVHzYMqVw_b4B8xeE_32rm1zkczxxXQlSQtM1M3R9KUcBc_D0widGcn46KbPvTR2zVq04WvLehU842zG9SE3osk/s640/impressive-digital-girls15.jpg" width="640" /></a></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Azif torcia-se de ciúmes e segurava forte as bainhas das espadas em suas mãos. Euro pensava, <i>acordei de um logo sono... e esse rapaz que Dova abraça é um dos dalai tsu, um herege... mas não, isso de hereges era coisa do sonho</i>... e balançava a cabeça devagar para expulsar a sensação de paradoxo que o tomava por dentro.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Dova apertou o rapaz contra si durante cerca de dez segundos, e ele parecia espantado, mas segurou-a pela cintura, e uma de suas mãos subiu para as costas parcialmente nuas da garota – isto fez Azif dar um passo na direção deles, mas antes que pudesse tomar alguma atitude, a própria Dova desvencilhou-se do abraço e olhou o rapaz com espanto. Ele dizendo, “O quê?..” ou algo do gênero, mas mas a Prodígio Branco materializou em sua mão esquerda o báculo – sua armadoxo genuína – e com ele golpeou o rapaz no rosto, no queixo onde ela antes havia sido atingida por Euro; no crânio quando ele foi caindo de dor; nas têmperas, nos ombros, no ventre... os dois outros Prodígios se assustaram e Azif chegou do lado de Dova tentando segurar sua mão (<i>mais lento, cansado após a batalha com Euro, droga!</i> pensou Azif), mas não havia mais jeito: o rapaz estava morto no chão.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Dova virou-se para os dois rapazes, quase espumando de raiva, os dentes trincados, sujos do sangue da batalha anterior, os ombros expostos tensos, a prata de seu uniforme-paradoxo reluzindo ao sol, os olhos raivosos piscando forte:</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Este... NÃO... era... MEU IRMÃO!”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8jfQjGOu5Nrh37IwDBvLf1KM3-z4uEBVpx7MKJrIxFphMlAs4DaLgY7RdvTaqlbs4IJ09Z48iEYn57J6cXe28FH4-PhYNSkR9pxkQx2BzV5yGupDReJALP6NKR5sHpJdGh-vNd67ITfA/s1600/impressive-digital-girls23.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="233" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8jfQjGOu5Nrh37IwDBvLf1KM3-z4uEBVpx7MKJrIxFphMlAs4DaLgY7RdvTaqlbs4IJ09Z48iEYn57J6cXe28FH4-PhYNSkR9pxkQx2BzV5yGupDReJALP6NKR5sHpJdGh-vNd67ITfA/s320/impressive-digital-girls23.jpg" width="320" /></a></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/de-olhos-bem-abertos.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a><br />
BAIXE A COMPILAÇÃO DO PRIMEIRO ARCO DE HISTÓRIAS:</div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-8936006837624006122011-04-19T00:35:00.003-03:002011-04-19T01:20:03.790-03:00DE OLHOS BEM ABERTOSArthur Ferreira Jr.'. começa a tripudiar de seus personagens no Episódio Catorze desta <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a><br />
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<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3VwH3ZijPNb1hN2Us-WT8GeKGIzWR2HJEoZV57Kmf0g2lGkrzUNEhgh5yd2ndrRRqq25NSVcd75oEE0U42nrJOFQh_T9aNbphemBYSUF8DpY8lNxXRJOpqoQ1oudxddagWBZ62iTCiAU/s1600/camilla+d%2527errico+meaningless+desconstructionist+kingpin.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3VwH3ZijPNb1hN2Us-WT8GeKGIzWR2HJEoZV57Kmf0g2lGkrzUNEhgh5yd2ndrRRqq25NSVcd75oEE0U42nrJOFQh_T9aNbphemBYSUF8DpY8lNxXRJOpqoQ1oudxddagWBZ62iTCiAU/s320/camilla+d%2527errico+meaningless+desconstructionist+kingpin.jpg" width="320" /></a></div><br />
<i style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Curai o mundo<br />
Fazei dele um lugar melhor<br />
Para mim, para ti<br />
E para toda a espécie humana</i><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Hino a Mikhail-Jehova</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">“ALTO!” gritou Euro, e os dois puderam perceber que o uniforme-paradoxo amarelo do meio-neander havia sofrido alterações também radicais: era praticamente uma armadura de placas, e havia aquele olho macabro no meio de uma tiara dourada – o mesmo olho estranho que Dova havia fechado quando conteve a convulsão do paradoxo de Euro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Ele vinha numa biga planadora – coisa muito rara que Azif vira seu pai pilotar uma vez, roubada de um alto comandante dos zelotes que havia caído em desgraça. A pequena nave não voava mais alto que vinte centímetros do chão e era muito sensível a terreno irregular – se fosse forçada numa pedreira, por exemplo, poderia capotar. Por isso, além de ser rara, era pouco usada.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Tem alguma coisa estranha com ele,” sussurrou Dova tão logo soltou os lábios de Azif, e sacou a katana.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “A espada da Adversária!” bradou Euro enquanto saltava da biga a sete passos dos dois Prodígios. “Não sei quem vocês são, mas se antes teriam de me acompanhar à cidade para registrar seus uniformes, agora estão presos. E me dê essa katana, mocinha.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Dova, espere...” Azif tentou impedir a Prodígio Branca, que manteve a mão da espada baixa e ergueu a mão esquerda para tentar alcançar o olho dourado, como fizera da outra vez. Mas não só Azif não conseguiu deter a agora impetuosa garota, como, apesar da guarda de Dova não estar aberta, Euro revidou a tentativa de bênção com um estrondoso murro no queixo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Dova caiu a uns seis metros de distância, ainda agarrada à katana. A nova proteção do uniforme-paradoxo negro fechou-se ao redor da boca de Azif e sua voz saiu abafada e em desespero, “Seu louco!”, enquanto sacava a própria armadoxo, a cimitarra sombria. Quase inconsciente, no terreno fora da estrada, Dova percebeu que estava no gramado rasteiro que enxergaram antes, e não na pradaria.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Muito bem, infrator, herege ou pior;” reagiu Euro com um sorriso de dentes trincados. “Se é briga que quer, pode acabar morto pelos punhos do Predestinado.”</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> E avançou na direção de Azif, que se esquivou com seu quase teleporte. <i>Consegui fazer isso de novo, </i>pensou o Prodígio Negro, <i>por que não consegui antes escapar do lodaçal, então?</i> Aproveitando a surpresa do Prodígio Amarelo, que por dentro pensava, <i>ele não tremeu ao ouvir o nome do Predestinado e agora para onde foi?</i>, Azif bateu com o lado da cimitarra no flanco do irmão.</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i> Só para ele saber que eu posso acertá-lo a qualquer momento...</i> e gritou: “Euro! Sou eu, Azif, seu meio-irmão! Acorde!” enquanto teleportava para o lado de Dova e se interpunha entre esta e o meio-neander furioso.</span><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRpa9FBzl73vXDZ_zgNJ3750Iu-RC6W_9F7QeMlBiCZ6URaet7BljNW67qBydr-ew0Y0fdV5VGM_iU2Occ6xgkcjPPPTkyBbo5w8kmev926ePeA_Tnb-uU0n2P1xffi7cN6GlZuVCoW8g/s1600/GOSTOSINHAAAAA.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRpa9FBzl73vXDZ_zgNJ3750Iu-RC6W_9F7QeMlBiCZ6URaet7BljNW67qBydr-ew0Y0fdV5VGM_iU2Occ6xgkcjPPPTkyBbo5w8kmev926ePeA_Tnb-uU0n2P1xffi7cN6GlZuVCoW8g/s320/GOSTOSINHAAAAA.png" width="242" /></a></div><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Achertche elhe no tercheiro oio com icho...” Azif ouviu a voz débil de Dova que quase não conseguia estender-lhe a katana.<i> Como assim? Vou confiar em você, Dova.</i> De qualquer forma, depois daquilo, Azif estava doido para dar uma surra no irmão mais novo, sentia com uma intensidade inédita. <i>Como ele ousou agredir Dova? </i>E agarrou a espada, passando a cimitarra para a mão esquerda.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O meio-neander então investiu mais uma vez assim que livrou-se daquele atordoamento inesperado. <i>Esses hereges vão pagar.</i> Azif também correu na direção dele e parecia que haveria uma colisão na qual o Prodígio Negro levaria a pior... mas o soco tremendo de Euro atingiu o nada, seu inimigo (<i>Meio-irmão? Que gozação era aquela? Inimigo e herege!</i>) esquivando-se mais uma vez de modo impossível, e no ritmo daquele movimento que quase rasgava o espaço, Azif fez que golpeava Euro com a cimitarra.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O ruivo aparou o golpe com um dos punhos dourados... finta! Azif aproveitou a distração e cravou a katana de Charya no olho dourado da nova versão do uniforme amarelo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O gigantesco rapaz desabou. Seu paradoxo se desfez em milhares de insetos, besouros, escorpiões, aranhas, minúsculos bichos dourados, reorganizando-se na forma das joias que antes cobriam o corpo de Euro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Azif ainda estava com a katana na mão – o golpe havia sido suficientemente preciso para penetrar apenas o necessário. Ou mais ou menos isso: a testa de Euro estava sangrando.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Dova se arrastava até o rapaz caído, e Azif a impediu, “Mas o que é isso? Deixe que eu te ajudo...”</span><br />
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<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Me lheve até elhe...” Azif notou que a mandíbula de Dova havia sido deslocada pela potência do murro de Euro. Apesar de irritado com o irmão – e de um jeito excessivo, começou a perceber – o Prodígio Negro carregou a garota até o corpo desmaiado de Euro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Dova estendeu a mão esquerda e enfim pôde tocar na testa do meio-neander, agora sem a tiara do terceiro olho, de onde fluíam filetes de sangue. A menina havia se obrigado a tocar na testa – alguma coisa dentro de si dava-lhe a ideia de aproveitar a derrota do Prodígio Amarelo e esganar seu pescoço exposto.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Mas não o fez, e Azif sentiu o estremecimento do corpo da garota. Assombrado viu que Dova mexia a boca, experimentando-a, como se não houvesse mais ferimento algum, e assim que ela tirou a mão da testa de Euro, viu também que aquela perfuração havia cicatrizado. O ruivo abriu os dois olhos, “Dova?... Azif!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Havia muito a ser dito e perguntando naquele instante, se Dova não percebesse alguém que chegava pela estrada e parecia ter presenciado toda a batalha. Desvencilhou-se afobada de Azif e, correndo, foi abraçar o rapaz de pouco mais de vinte anos, barba por fazer, roupas de fazendeiro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “MANYU! Manyu Daury! Meu irmão...” chorava nos braços do rapaz. “Eu pensei que você estivesse morto!...”</span><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsKGiU-HH9LD634araBDlT1_kl5qXSj0wxOE-gkDxowud4v9gMtgAl26HBf9GColju0ZjaNQLT4Aurjjzm0cz7tt8MZlfjeqFbRF6rmTL2W9a_cPGDSrBvFyoRxFzFextu4ixkSNqULJs/s1600/camilla+d%2527errico+forest+beastie.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="105" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsKGiU-HH9LD634araBDlT1_kl5qXSj0wxOE-gkDxowud4v9gMtgAl26HBf9GColju0ZjaNQLT4Aurjjzm0cz7tt8MZlfjeqFbRF6rmTL2W9a_cPGDSrBvFyoRxFzFextu4ixkSNqULJs/s320/camilla+d%2527errico+forest+beastie.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/esmague-minha-utopia.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a></div><div style="text-align: center;">BAIXE A COMPILAÇÃO DO PRIMEIRO ARCO DE HISTÓRIAS:</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA</a><br />
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</div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-43560687096845560612011-04-18T01:20:00.006-03:002011-04-19T01:07:49.084-03:00ESMAGUE MINHA UTOPIAO Episódio Treze quase fez o autor <span style="font-size: large;">Arthur Ferreira Jr.'.</span> perder a simpatia por alguns de seus personagens da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios"><span style="font-size: large;">SAGA DOS PRODÍGIOS</span></a><br />
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<i>Não poderia amar um homem de modo tão puro<br />
Até a escuridão perdoou seus caminhos tortos<br />
Aprendi que nosso amor é como um tijolo<br />
Construa uma casa ou afunde um cadáver</i><br />
Fragmento de um Épico da Mãe-Monstro: <br />
O Tolo Sagrado e o Rei Sem Uma Coroa<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjASDn_-ZU16yp0T5Mk7-1eeLJBPyAe8feL6s-vWJYbpTJEUJD1-8AFnEhmx_0RObwr2o9wQW5l-aFRiKfMvk-TmhDouwtmO8fvbuW3FA4jiz_F3Ed_tapqu_UAp9b6qvMt_ygBrGlNqks/s1600/holy-grail.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjASDn_-ZU16yp0T5Mk7-1eeLJBPyAe8feL6s-vWJYbpTJEUJD1-8AFnEhmx_0RObwr2o9wQW5l-aFRiKfMvk-TmhDouwtmO8fvbuW3FA4jiz_F3Ed_tapqu_UAp9b6qvMt_ygBrGlNqks/s320/holy-grail.jpg" width="238" /></a></div><br />
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">O AR SE ENCHEU DE PERFUMES E O INCENSO se dispersou, porque ela não estava tolerando adulações dos sacerdotes naquele dia. A Soberana pôs a mão na testa e inalou os perfumes que ela mesmo gerava. Ela sentia seus poros formigando e a preocupação aumentar. Levantou a outra mão e um dos serviçais se aproximou para receber as ordens:</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Traga-me Euro.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Euro, o Predestinado. Em menos de dez minutos ele entrava no salão da corte da Soberana, e o ambiente se iluminava com as joias douradas que ele usava para adornar seu corpo: braceletes, <i>piercings</i>, braçadeiras, um grande medalhão com o símbolo do clã Adonai, tudo compondo quase uma armadura amarela, âmbar e dourada.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Entrou e, ao contrário da imensa maioria dos que entravam no salão de audiências, não se prostrou diante da Soberana, porque ela o considerava um igual. O herói mesmo assim demonstrava respeito e esperou aquela bela e esguia mulher, envolta em véus de um azul translúcido que mal escondiam sua própria pele também azulada – uma cor azul celeste coberta por tatuagens turquesa e complementada por um longo cabelo azul-cobalto – dizer a razão pela qual Euro fora chamado.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “É um mistério,” começou a Soberana, “consulto os deuses e eles não me sabem responder. Recebo só estática em troca de minhas perguntas. Isso me deixa mais aflita.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “O que aconteceu?” Euro sabia que a Soberana costumava comentar primeiro as consequências ou interpretações dos problemas antes de mencionar os problemas diretamente, e aprendeu a ter paciência nesses momentos... mas hoje, apesar do protocolo obedecido, Euro estava com uma sensação estranha na garganta. Uma agonia e um sentimento de urgência o levaram a tentar apressar o pedido da Soberana.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “A espada da inimiga dos deuses desapareceu sem deixar vestígios. Os zelotes não sabem dizer o que aconteceu.” O tom de voz era frio e imparcial, ou pelo menos tentava ser assim. Euro percebeu que era apenas uma tentativa, mas só detectou isto devido à intimidade com a Soberana. “A princípio pensei que havia alguma trama ou incompetência, mas os que a vigiavam não podem mentir para mim, então pela primeira vez em alguns anos... estou sem saber o que fazer a não ser mandar chamá-lo.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Soberana,” respondeu o Predestinado Dourado, “a Torre Vermelha onde o corpo é guardado é de fato muito bem vigiada, e por homens de confiança. Mas ela é também um miliário de peregrinação, muitos vão até lá presenciar a prova de que a Adversária foi derrotada com sua própria espada,” fez uma pausa um tanto dramática e continuou, “só que creio ter sido este o erro. Sei que o cadáver da Adversária é incorruptível e esse fato inexplicável nos serviu para criar um monumento ao fim da revolução e à derrota dos antigos deuses, mas... eu sempre pressenti algo errado, e esse algo acabou acontecendo.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A jovem de pele azul que era chamada de Soberana se irritou e revidou, “Euro. Tenho certeza de que não quer questionar minha sabedoria quando o que é preciso é que o problema seja solucionado. É preciso que a katana seja recuperada, não é possível inventar uma reforma na Torre sem despertar suspeitas, então não é uma providência que dure muito tempo.”<br />
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</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhThRWwi_U72vJL0lNB-pWRLilOxYAk8XWw52gg1V-eeFvVAF_Slrsmfgcrjg4_L14rrHgm62E74bHgSWIi6wDlB2OxPo8lFntRUoFzMzLzw-IBlcLE5xoYz9fKtlHjpwprMqy40IFHfcM/s1600/Crimson+Altar-blue+woman.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="237" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhThRWwi_U72vJL0lNB-pWRLilOxYAk8XWw52gg1V-eeFvVAF_Slrsmfgcrjg4_L14rrHgm62E74bHgSWIi6wDlB2OxPo8lFntRUoFzMzLzw-IBlcLE5xoYz9fKtlHjpwprMqy40IFHfcM/s320/Crimson+Altar-blue+woman.jpg" width="320" /></a></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Não seria talvez oportuno aproveitar o ensejo e acusar os dalai tsu do roubo, Soberana? Eles têm sido uma pedra em nossa paz, e pelo pacto antigo estamos obrigados a tolerá-los, mas um escândalo como esse furto poderia servir a nosso favor.” O herói demonstrava uma seriedade total em seu rosto, que foi respondida com um sorriso amargo de sua parceira e com a resposta:</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Não mesmo. Isto seria traição e ainda acho que os tsu podem me ser úteis. O que quero é que você saia em busca da espada enquanto a Torre Vermelha passa por uma reforma. Se você conseguir recuperá-la, será uma boa razão para destruir de vez aquele cadáver incorruptível sem parecermos fracos e você fica com a katana como espólio... digo, como símbolo de seu valor na defesa da Terra Castanha.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Euro torceu os lábios, “Algum oráculo para me guiar na demanda?”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Saia de modo triunfal e espalhafatoso como é de seu costume,” respondeu um tanto sardônica a Soberana, “mas não revele a ninguém onde vai. Depois fique atento porque com certeza alguém vai te seguir, é inevitável. Não sendo uma de suas fãs entre seu povo, interrogue quem quer que seja e extraia indícios.”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O herói dos neander sacudiu a cabeçorra afirmativamente e apenas comentou, “Espero que seja um oráculo genuíno, porque vou interrogar o espião nem que seja uma de minha admiradoras.” Sorriu e saiu correndo do salão, deixando a mulher que acumulava a posição de sátrapa líder e Matriarca do nomo imersa em seus pensamentos confusos, sua estática na cabeça.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Ao chegar nas ruas da cidade, o meio-neander foi aclamado por alguns passantes, que gritavam, “Viva Euro! Viva o Predestinado! Viva a Soberana! Viva Berya!”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Na praça principal correu na direção de sua biga voadora – já a havia deixado à espera, por conta do tal pressentimento – e antes que subisse e desse partida naquele transporte da elite, uma das tecnologias antigas recuperada, fez uma postura de batalha e bradou, “Pelo poder de Adonai!”, suas joias douradas multiplicaram-se como um enxame ávido de besouros sobre seu corpo, e em instantes o uniforme-paradoxo do maior herói da Terra Castanha e do povo neander estava formado: um conjunto de placas bem delineadas, como uma armadura, de aspecto brutal mas peso leve, e um terceiro olho dourado aberto na tiara de aspecto aristocrático que lhe protegia a testa.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O Predestinado subiu na biga e partiu pela estrada que saía da cidade a toda velocidade, desacelerando logo que estava fora de alcance do olho nu, para esperar quem quer que o seguisse.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Porém mais à distância enxergou uma cena esquisita: uma mocinha de uniforme-paradoxo branco, ombros à mostra e espinhos prateados enfeitando seu corpo, os cabelos castanho-claros um tanto ondulados. Ela beijava um rapaz também de paradoxo, só que de músculos negros e proteção facial, aberta no momento do beijo.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i>Ora, ora, </i>pensou Euro,<i> desconhecidos envergando a veste dos deuses! Hora de abortar o plano inicial... </i>Investiu com a biga pela estrada, gritando:</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “ALTO!”</div><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYCXOoshZCxu6WbhKGEnJ5N0jO29D-_WLtijXujL9VXbLlPoaH0ZG29smai0PADHjYn7UkIs03a3tPRh5dnpCZ1KnAhuoXVf26ZnM_0w0Ncsc6X1vJ3KU_e3W91vzWOGIFWu6tZmFUGIs/s1600/Mary+Magdalene+holy+grail.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYCXOoshZCxu6WbhKGEnJ5N0jO29D-_WLtijXujL9VXbLlPoaH0ZG29smai0PADHjYn7UkIs03a3tPRh5dnpCZ1KnAhuoXVf26ZnM_0w0Ncsc6X1vJ3KU_e3W91vzWOGIFWu6tZmFUGIs/s400/Mary+Magdalene+holy+grail.jpg" width="362" /></a></div><br />
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<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/beleza-fantasma.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a></div><div style="text-align: center;">BAIXE A COMPILAÇÃO DO PRIMEIRO ARCO DE HISTÓRIAS:</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-23838488060322140852011-04-16T00:39:00.001-03:002011-04-16T01:20:51.375-03:00BELEZA FANTASMAO Episódio Doze da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a> não resistiu e se exibiu antes do tempo!<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcYhknobPpqGHb01LiOwtsDbkAOA197wHFW6hH68lFpUb_BA4M02z54DaP_azFkwSxjfW9l_EmxNsrPHVKwNgkPTuyKd8utZPDEqNGHv4lBy0JIM1tnMhoJCWGfc2hHl7JrZbIZ-UoisI/s1600/camilla+d%2527errico+Jovey%2527s+Antoinette.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcYhknobPpqGHb01LiOwtsDbkAOA197wHFW6hH68lFpUb_BA4M02z54DaP_azFkwSxjfW9l_EmxNsrPHVKwNgkPTuyKd8utZPDEqNGHv4lBy0JIM1tnMhoJCWGfc2hHl7JrZbIZ-UoisI/s320/camilla+d%2527errico+Jovey%2527s+Antoinette.jpg" width="228" /></a></div><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">A GAROTA CERROU OS DENTES, SOLTOU A KATANA em pleno ar, que foi puxada por seu uniforme-paradoxo – como se fosse um ímã, incorporando-se ao tecido espesso. “Você merecia ser deixado aí, mas eu não vou me igualar a ela.” Curvou o busto para a frente – nisto Azif notou, um pouco perturbado, que ela parecia mais madura do que antes, e não só na expressão, como na luta contra o Mensageiro – e estendeu as duas mãos espalmadas para o Prodígio Negro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Por quê? O que é que eu fiz de errado?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Cala a boca e entrelace as mãos nas minhas. Não, eu não vou te puxar: pare de fazer força. Isto não adianta nada. Só INSPIRE FUNDO, E BEM FUNDO.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Azif suspirou fundo. “Mais forte do que isso, vamos...” instigou Dova. Os pedacinhos de cristal que iam se dispersando pela lenta superfície do lodaçal foram atraídos pelo corpo de Azif, e Dova continuava impelindo, os dedos suados entrelaçados com os dedos sujos de lama do rapaz: “Vamos, seu bobo... você pode.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Agh.” Azif sentiu uma dor penetrante em vários pontos do corpo; era como se algo se insinuasse dentro de seus poros. Aquilo começava a ser pior do que durante a cerimônia de união ao paradoxo, e ele não entendia como podia ser assim. Por fim, todos os fragmentos estavam nele e foi quando se sentiu livre para se mexer. Nesse momento, Dova largou as mãos e recuou três passos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Havia algo de desafio no olhar de Dova, que Azif não tinha notado antes. Ela pôs as mãos na cintura e disse, “E então? Que está esperando para se levantar?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Como é que você sabia o que devia fazer?” Ele foi se apoiando como se saísse de um buraco, os membros e juntas ainda um tanto doloridos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Não me pergunte isso, que eu não sei explicar. Coisa de Família, é o que meu avô diria. Tenho certas intuições quando estou perto de algumas pessoas e... você é uma delas.” Dova mordeu delicadamente os lábios e ajeitou uma mecha castanho-clara, com o gesto o uniforme se retraiu um pouco de seu pescoço, deixando até os ombros parcialmente nus.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Azif conseguiu sair de todo e pisou na lama – um tanto borrachuda, mas era capaz de andar, embora não tão elegantemente quanto Dova. “É... queria entender como é que estou conseguindo andar em cima desse líquido. E por que e como você mudou a forma do traje dessa maneira...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Dova riu gostosamente. “Preste atenção na sua voz e vai ver que aconteceu algo parecido com você!” Azif se deu conta então que sua voz estava meio abafada, saía como se distorcida... de uma coisa que parecia uma mescla de máscara de gás e focinheira, feita do metal ou cristal anão do uniforme-paradoxo, e que havia coberto parte do seu rosto enquanto ele se concentrava em libertar-se. Ficou surpreso e olhou para o resto do uniforme, os metais estavam dispostos de forma mais simétrica, em padrões de arabesco, e o couro negro que era o tecido duro do uniforme-paradoxo se amoldava melhor aos contornos de seu corpo, formando uma musculatura artificial atlética.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf5MyLb2U6TDZcF87vgS0fEOHYByWHrpyWVnC77cf9OHMB_ri-x1p38cLW20-kVVkc8kODG46hOgQni7fZmp-yijMdWyIRGJrIxJ4iQH43hb9cZZpRPCOhr2trhbFvUd13sRls_SdJqvA/s1600/Rick_Genest_Vogue_Japan6.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf5MyLb2U6TDZcF87vgS0fEOHYByWHrpyWVnC77cf9OHMB_ri-x1p38cLW20-kVVkc8kODG46hOgQni7fZmp-yijMdWyIRGJrIxJ4iQH43hb9cZZpRPCOhr2trhbFvUd13sRls_SdJqvA/s320/Rick_Genest_Vogue_Japan6.jpg" width="266" /></a></div><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “É quase como se você tivesse sido esfolado e seus músculos fossem negros!” Ela se adiantou e tocou com a ponta do dedo o peito de Azif. “Hmm, é engraçado como dá pra sentir através do uniforme, né?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Ele tirou a mão de Dova do seu peito e só comentou um tanto seco, “Pode ser, mas não sei se essa recomposição tornou o uniforme mais sensível, então é melhor você não me tocar agora.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “E depois pode?” Riu meio galhofeira. Aziz pensou consigo, <i>mas o que é isso? Ela não parecia ser assim. E só tem treze anos. Tá certo, várias dessa idade são assim, mas o jeito dela era diferente.</i> Antes que pudesse fazer qualquer comentário ou reclamação, Dova saiu meio pulando em meio ao lodo, espanando lama, dizendo, “Vamos por aqui; acho que consigo achar a saída.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Os dois andaram em meio às árvores de galhos retorcidos, que foram cada vez mais ficando separadas e num dado momento Azif percebeu que haviam chegado na orla daquele manguezal. Do lado de fora, era perceptivelmente mais claro – lá dentro, tudo era penumbra.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Era uma espécie de pradaria.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Tem ideia de onde estamos? Já que conseguiu nos tirar daqui...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Mais ou menos. Essas minhas intuições aumentaram depois que eu usei o uniforme... ele cochicha na minha mente e melhora essa minha... sei lá, capacidade, mas ao mesmo tempo eu estou tendo uma certa dificuldade em entender o que ele quer dizer. O palpite que eu posso te dizer é... que é como se esse lugar de onde acabamos de sair fosse feito sob medida para você. Não me pergunte o sentido disso.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Talvez com o tempo aprenda a compreender,” comentou Azif. “Afinal, você é muito jovem.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Dova fez um muxoxo e estendeu a mão para a frente, e a katana presa em suas costas foi até ela, como se reagindo. “É... com o tempo, né? Sei...” Apontou a espada para a frente e indicou, “Olha lá um caminho. Vamos segui-lo.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> E de fato havia uma trilha muito batida. Os dois andaram uma meia hora por aquele chão poeirento e cheio de gramas de jeito esquisito, até chegar ao caminho avistado. Era uma espécie de estradinha como as que são costume na Terra Castanha.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> E ao pisar o pé na trilha, Dova ficou extasiada. O cenário em volta havia mudado – não era mais uma pradaria e sim um matinho rasteiro característico da Terra Castanha; mais adiante na estrada ela enxergou uma cidade. Tirou o pé e tudo voltou a ser como era antes.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0YyToQ_Z74BP2lqyQW3YySvAEhsNGUBTKUd3kcuhyRfUjD1_LtzDw3Yjj-_hYit6vsJ8RN61n18KSGIjTdXWkb3Pr3IQOP71szli__uLuxz1_vMtM4bBshjPF2krYIL0BQh9nMt7FWkY/s1600/camilla+d%2527errico+Bone+Bride.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="163" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0YyToQ_Z74BP2lqyQW3YySvAEhsNGUBTKUd3kcuhyRfUjD1_LtzDw3Yjj-_hYit6vsJ8RN61n18KSGIjTdXWkb3Pr3IQOP71szli__uLuxz1_vMtM4bBshjPF2krYIL0BQh9nMt7FWkY/s320/camilla+d%2527errico+Bone+Bride.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “O que foi?” Perguntou Azif, desconfiado. <i>Parece estar ficando maluca.</i></span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Veja você mesmo,” e puxou o rapaz para perto de si. “É como se estivéssemos sonhando... não é mesmo? Um sonho?” Nesse momento Azif não se controlou; não só havia se surpreendido com a mudança de ambiente, como o sorriso que Dova lhe oferecia perto de seu rosto era muito parecido com os sorrisos maliciosos de Charya. E ele sentiu dentro de si impulsos que não sentia desde um ano antes, desde antes da cerimônia de união.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O uniforme-paradoxo era ciumento, dizia a Matriarca, e o Grão-Mestre havia lhe explicado que o uniforme era vivo e se alimentava da energia que os neander chamavam de libido; canalizava aquilo tudo, todo aquele vigor da juventude, para as funções paradoxo. E assim Azif ainda amava Charya, mas não era mais apaixonado, porque já não sentia aqueles impulsos da adolescência que duravam boa parte da vida adulta.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Ali naquela terra estranha, parecia que o uniforme aumentava esses impulsos, a máscara que cobria o rosto de Azif se abriu sozinha, com um ruído mecânico – e os dois se beijaram, os pés indo e voltando devagar durante o abraço, fazendo o cenário ser pradaria, mato, pradaria, mato, pradaria, mato... até que veio se aproximando uma biga a toda velocidade pela estrada, e o rapaz corpulento e um tanto familiar que comandava o cavalo gritou:</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “ALTO!”</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhODy649zCX8-J6A456MJubpyzGllsMO7wCamFMRMwJ-H_Y3V9L_J6PXZLYA55jn9yMX0YZ_V64layv4PbE9E8m6D7pqRlUlQFkYrgqRyLVucgWgNng2UMXiy6NTo956dFqnSpJQuuAfck/s1600/camilla+d%2527errico+sticy+licking.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="484" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhODy649zCX8-J6A456MJubpyzGllsMO7wCamFMRMwJ-H_Y3V9L_J6PXZLYA55jn9yMX0YZ_V64layv4PbE9E8m6D7pqRlUlQFkYrgqRyLVucgWgNng2UMXiy6NTo956dFqnSpJQuuAfck/s640/camilla+d%2527errico+sticy+licking.jpg" width="640" /></a></div><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/prata-e-esplendor.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a></div><div style="text-align: center;">BAIXE A COMPILAÇÃO DO PRIMEIRO ARCO DE HISTÓRIAS:</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-50015801525288444892011-04-15T14:07:00.002-03:002011-04-15T15:00:33.534-03:00PRATA E ESPLENDORArthur Ferreira Jr.'. desesperadamente apresenta o Episódio Onze da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a>!<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhShvBPCtpH6hFklUS6fFLIHN_tvLZmqnE2XorKWi2R8ucjuiJbgib0TFFsJ4jmRYX-S0d8iSyTQ7Jn995-nnw8cnWAxHcO6OSD9ydQrHzJVViK0X_xWdLKQVWkWhu5Bw0SeY865mKe7ds/s1600/camilla+d%2527errico+playful+bunny.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhShvBPCtpH6hFklUS6fFLIHN_tvLZmqnE2XorKWi2R8ucjuiJbgib0TFFsJ4jmRYX-S0d8iSyTQ7Jn995-nnw8cnWAxHcO6OSD9ydQrHzJVViK0X_xWdLKQVWkWhu5Bw0SeY865mKe7ds/s320/camilla+d%2527errico+playful+bunny.jpg" width="244" /></a></div><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></span><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">ALGUNS DIAS ANTES...</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O velho Nehru levantou-se cedo, como fazia todas as manhãs. Chegou na soleira da porta e contemplou o horizonte, e as nuvens carregadas sobre o Ermo da Condenação, como fazia, também, todas as manhãs. Mas viu sua neta Dova ajoelhada nos campos mal cuidados da propriedade, e isso não era algo que acontecia todas as manhãs.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Nehru Daury estava cansado e preferiu não ir perguntar o que ela estava fazendo ali. Há algum tempo, teria se arrastado até lá, arriscando ferir os pés nas ervas daninhas que, vindas do Ermo, teimavam em assolar a plantação. Mas aquele não parecia um tempo normal e Nehru deu privacidade a sua neta.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Parecia que não era só ele que havia acordado cedo. Os donos daquela casa-grande, a sede da Propriedade Daury (haviam outras duas casas-grandes, de núcleos menos importantes da família, incluindo a casa do louco Morituri, que tentava em vão criar trufas no solo desgastado), cochichavam em seu quarto, e haviam deixado a porta entreaberta.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Menna,” sussurrava Kaiza, o genro do velho Nehru e pai de Dova, “tenho certeza de que esse espetáculo foi um erro. Nós já pagamos caro pela aceitação e discrição dos ortodoxos, se desde o princípio já era arriscado empregar o dom de Dova para encontrar trufas e a expor aos sacerdotes, torná-la responsável pelo abate daquele monstro vai chamar muito mais atenção!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Você gosta de viver às margens da Terra Castanha, Kaiza? Eu não.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “É assim como sempre foi, para termos liberdade de sermos dalai tsu. Pagamos o dobro do dízimo e ficamos longe das intrigas dos nomos. Você tem é inveja do talento de Dova e quer se aproveitar disso!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Eu não tenho culpa de não ter nascido dotada como os nossos antepassados!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Os talentos Daury estão se esgotando, Menna.” A voz do homem tinha um tom cansado e isso magoava o velho Nehru. “Aceite isso, prima. Nosso casamento foi arranjado para tentar manter o legado da fundadora na família, como todos os outros, mas só o que fez foi enfraquecer o talento. Dova é praticamente uma aberração se comparada aos outros, um caso como ela não vai se repetir tão cedo.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Por isso mesmo temos que aproveitar o máximo possível!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Será que não vê que não temos poder nem influência para resistir aos sacerdotes se atrairmos atenção demais?!?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Eu tenho um plano. Que tal se ela se casar com Manyu e...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O homem interrompeu a voz trêmula da esposa e quase gritou, “Está louca? Eles são irmãos. Não quero dois filhos casados!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Nehru entrou no quarto, abrindo a porta (sabia que não estariam nus nem nada disso; o velho desconfiava das saídas de Menna e dos olhares cansados de Kaiza) já dizendo, “Ele tem razão, a endogamia só fez enfraquecer a linhagem. Estamos acabados.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Me desculpe, com todo o respeito, pai, só diz isso porque o senhor mesmo já está acabado! No fim da vida! Mas Dova é jovem e...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Jovem que poderia utilizar seus dons de modo melhor que só colher trufas,” cortou o velho. “Pense que a intuição dela serve para várias outras coisas que não isso, você na verdade está subestimando sua própria filha. Eu desconfio que ela é uma catalisadora.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Não é possível,” atalhou Kaiza. “Esse dom já se extinguiu entre nós.”</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdTl28EQNsys_e4TQzo4bD9UQblXDOhRLtRDaC_uLEa4oBBkG3i1r3BE-6UNXCvhJBS0XhQAxJdTw6x0rHTWiOoqMzXltMADQmhRm3o6ZTq3x38ZJsFfcQ746cp_QuRWIX642DCPTy4BI/s1600/si_scott10.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="286" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdTl28EQNsys_e4TQzo4bD9UQblXDOhRLtRDaC_uLEa4oBBkG3i1r3BE-6UNXCvhJBS0XhQAxJdTw6x0rHTWiOoqMzXltMADQmhRm3o6ZTq3x38ZJsFfcQ746cp_QuRWIX642DCPTy4BI/s320/si_scott10.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></span><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Está sendo muito pessimista, e a verdade é que vocês dois não têm mais poder algum, ou nunca tiveram. O fato é que eu tenho minha própria intuição aprimorada quando estou perto dela. E se estou no fim da vida...” voltou-se com o olhar agressivo, cofiando a barba branca com força, “e não MORTO, devo isso a ela, porque parte do meu vigor vem do fato de ela fazer todo mundo se sentir melhor.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Ahnnn... entendi agora.” A voz da filha soou insidiosa. “O senhor quer é que ela não saia em missões pelo Ermo e fique dentro de casa o dia inteiro para que o senhor viva mais. É patético.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> O velho ficou furioso e a discussão se estendeu um pouco mais, os ânimos se exaltando e as vozes soando mais alto. Pode ser que aquela conversa durasse bem mais, se ruídos de quebradeira não a interrompessem.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Kaiza abriu a porta do quarto assustado, para ver a filha, que estava escutando a conversa desde que o avô entrara no quarto, agarrada por dois zelotes ortodoxos e sendo amordaçada por um terceiro. Mais dois zelotes empunhavam armachoques, rapidamente apontados para Kaiza... e para os outros dois familiares que restavam para ser exterminados, já que as ordens eram só de poupar Dova.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A própria Dova prefere não se concentrar nas memórias do que aconteceu depois disso.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Mas o ressentimento, a culpa e a indignação são emoções que – similares a outras como os ciúmes – não são facilmente enterrados. O normal é que um lodaçal se forme na mente das pessoas, prendendo tudo que é deixado para trás, tudo que é reprimido, tudo que é deliberadamente esquecido ou ignorado.</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">***</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwySw3HYipPaYHUPdnFKzYWekagoea7BjuqzI-SZfhH14fiW_daPdmxPqC5Z59bryJ7pCmF8Htr-JK9ZfVMSTIyIfLmbSgXV5NM0S8iLUp1_pKv-d3FSgp9vM2ZeMkRDO4IYJ1zk-Qqns/s1600/Art_In_The_Streets0.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwySw3HYipPaYHUPdnFKzYWekagoea7BjuqzI-SZfhH14fiW_daPdmxPqC5Z59bryJ7pCmF8Htr-JK9ZfVMSTIyIfLmbSgXV5NM0S8iLUp1_pKv-d3FSgp9vM2ZeMkRDO4IYJ1zk-Qqns/s320/Art_In_The_Streets0.jpg" width="217" /></a></div><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Dova podia não ter caído no lodaçal onde Azif estava preso, mas definitivamente aquelas memórias – incluindo o desfecho da cena, a morte dos pais e do avô, os dias na prisão-elevada – a assombravam enquanto ela pulava de uma árvore para outra.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> E a enchia de raiva saber que Azif estava ali naquela lama com aquela mulher; a enchia de raiva e ciúmes saber que seu salvador estava ali implorando ajuda daquela mulher voluptuosa, cheia de tatuagens e marcas pelo corpo praticamente seminu. Mais do que as tatuagens, davam-lhe raiva as feições angulosas, meio caprinas, daquela mulher... coisa que Dova notou quando caiu de uma árvore por sobre a ameaça, golpeando o ar e as costas daquela prostituta, com a katana que empunhava com as duas mãos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Aaargh!” gritou a aparição, desfazendo-se em uma nuvem de cristal muito parecida com o cristal que se dissolvia no lodaçal, vindo de Azif.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Azif olhou espantado para Dova e percebeu que ela ficava em pé sobre aquele lodo movediço com a mesma facilidade de sua mãe – ou quem quer que fosse que parecia sua mãe. A menina estava suada com o esforço, respirava forte e segurava a katana com uma gana mal reprimida.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Dova...? Que aconteceu com você?... Essa não é a katana de Charya?...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Aham... bem, Azif, digamos que estou </span><a href="http://www.youtube.com/watch?v=HI-mDTdeKR8" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">afiada e pronta pra um pouco da boa e velha ULTRAVIOLÊNCIA...</a><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">”</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKzjTb8KrANnclnyOiMyAMAXB1DrTncZ8b5tSxUMtKp1dvZfER8WOZUAcSVUF4j1Smce5KskOmTOEAKQRxT2d-ibuFdN6Wgrp9xFsEOjjYXCYBFL-Ml-mrm_T0b3XSFjq018SuyJJTL58/s1600/cranio-mulher.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="582" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKzjTb8KrANnclnyOiMyAMAXB1DrTncZ8b5tSxUMtKp1dvZfER8WOZUAcSVUF4j1Smce5KskOmTOEAKQRxT2d-ibuFdN6Wgrp9xFsEOjjYXCYBFL-Ml-mrm_T0b3XSFjq018SuyJJTL58/s640/cranio-mulher.jpg" width="640" /></a></div><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/trevas-e-metal.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;">BAIXE A COMPILAÇÃO DO PRIMEIRO ARCO DE HISTÓRIAS:</div><div style="text-align: center;"><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-3194992202456865452011-04-13T12:45:00.000-03:002011-04-13T12:45:29.123-03:00Dicionário de Termos da SAGA DOS PRODÍGIOS<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.01cm; margin-right: 1.06cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;"><b>Atualizado em 13 de abril de 2011</b></span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.01cm; margin-right: 1.06cm;"> <br />
</div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.01cm; margin-right: 1.06cm;"> <br />
</div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">armachoque, arma de choque: um resquício da tecnologia de uma era passada, acessado por poucos como o Grão-Mestre dos contrabandistas e a elite da Terra Castanha.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">armadoxo, arma-paradoxo: órgão especializado de um uniforme-paradoxo, destacável e utilizado como arma pelo hospedeiro do paradoxo.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">aurora boreal do Ermo: fenômeno climático que parece ter vida própria, e que ronda o Ermo de maneira imprevisível, embora seja mais comum ao amanhecer.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">bênção ritual da Terra Castanha: qualquer um dos gestos rituais de dispensação mística dos sacerdotes da Terra Castanha. Supostamente, confeririam poder temporário a quem os recebe.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Bendante, família: uma das famílias tradicionais da Terra Castanha, caiu em desgraça pública mais de dez anos antes do começo da Saga.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">caçador de trufas: alguém que procura trufas no Ermo, especialmente com fins comerciais.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">camaleão-do-meio-dia: espécie de criatura aparentemente composta de condensação de vapor d'água, confundido com oscilações de calor a uma certa distância. Até pouco tempo desconhecida no Ermo, sua origem é incerta.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">cavernália: complexo de cavernas habitado pelo Povo Neander.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">contrabandista de trufas: alguém que vende trufas alucionógenas, não necessariamente o mesmo que as colhe.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">cristal anão: pedra gerada em épocas anteriores, capaz de armazenar informações.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">croma: termo neander para outras espécies humanas que não o próprio povo neander.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">dalai tsu: seita herege minoritária que paga altas taxas pela preservação de seus ritos.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Daury, família: família tradicional da Terra Castanha, quase totalmente dizimada na atual revolução religiosa. Suas propriedades ficavam muito próximas da beira do Ermo da Condenação e era notória por comercializar trufas.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">demônios do Ermo: criaturas estranhas de todos os tipos que rondam o Ermo. Esse termo é usado principalmente pelo povo da Terra Castanha e tende a incluir os uniformes-paradoxo dos neander e, às vezes, os próprios neander.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">deuses da Terra Castanha: ídolos venerados fanaticamente na Terra Castanha.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Ermo da Condenação: grande território devastado cuja superfície é notoriamente infértil, mas cujo subterrâneo imediato é cheio de formas de vida como as trufas-delírio e outras. Essas formas de vida sustentam certas criaturas que rondam o Ermo, ver demônios do Ermo.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Família: Quando pronunciada de certo modo ou escrita com uma marcação distinta (maiúsculas), representa uma família tradicional da Terra Castanha.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">fogo-fátuo: uma espécie de energia azulada às vezes avistada no Ermo. Fenômeno raro. Os Alienígenas são vulneráveis, em variados graus, ao fogo-fátuo.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">geminizado: diz-se de um uniforme-paradoxo que compõe par com outro, geralmente tendo sido tearcubado juntos.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Grande Goog: um dos mais poderosos deuses da Terra Castanha. Diz-se que é onisciente, bastante venerado por escribas e uma parte das sátrapas.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Grão-Mestre: título do líder dos contrabandistas, antes aparentemente um posto da família Bendante.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKtlosz6r15-1lGVZo3HgWV52_YCFHQ7PGJJAPojG-tZGmbqEpzpYh-J3InSdyyo1dXWUjdTRfYA3TIqpXG77xh0POu4leq66zRua_JGmGm1vZ7qvC5gRPfqjykIa93ma74iJcZEopwzY/s1600/r169_457x256_566_Lost_Road_2d_landscape_post_apocalyptic_picture_image_digital_art.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="356" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKtlosz6r15-1lGVZo3HgWV52_YCFHQ7PGJJAPojG-tZGmbqEpzpYh-J3InSdyyo1dXWUjdTRfYA3TIqpXG77xh0POu4leq66zRua_JGmGm1vZ7qvC5gRPfqjykIa93ma74iJcZEopwzY/s640/r169_457x256_566_Lost_Road_2d_landscape_post_apocalyptic_picture_image_digital_art.jpg" width="640" /></a></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">heresia: crença desaprovada pela ortodoxia da Terra Castanha. Inclui os rebeldes que veneram os novos deuses, o Povo Neander e os dalai tsu.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Infiltração Alienígena: primeira fase da invasão alienígena, executada especialmente por nooplastia.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Labirinto-penhasco: formação rochosa mais ou menos comum no Ermo da Condenação.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Lampreia-voadora: criatura insetoide que voa em enxames, conhecida por seu zumbido altamente irritante (indutor de lentidão) e hábitos hematófagos. Por algum motivo desconhecido, evitam as entranhas de labirintos-penhascos.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">lethean: um neander que não consegue retrospectar.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">lietenauta: de <i>liete</i><span style="font-style: normal;">, palavra filandesa (língua extinta) significando lodo, e </span><i>nauta</i><span style="font-style: normal;">, do grego (outra língua extinta) </span><i>navegador</i><span style="font-style: normal;">. Demônio do Ermo que infesta certas concentrações de cristal anão e que invade a mente de quem os manuseia continuamente. Seu nome vem da habilidade de deslocar-se pelas partes reprimidas da psiquê de suas vítimas.</span></span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Litania Clã e Tribo: "O clã faz parte da tribo, e a tribo está no clã." Série de frases rituais que fortalecem a união do povo neander.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Mãe-Monstro: Uma das principais divindades da Terra Castanha, cultuada em muitos nomos. Força feminina ambígua que deve ser aplacada com danças e oferendas.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Matriarca: sacerdotisa da Mãe-Monstro. A permissividade sexual das Matriarcas é um costume da Terra Castanha, e elas recebem proteção do Alto Sacerdote. Cada Matriarca costuma engravidar a períodos mais ou menos fixos, sempre de homens diferentes.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">meicroma: termo neander para meio-neander.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">meio-neander: metade das vezes inférteis, os meio-neander são fruto do cruzamento de um neander e um croma.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Mensageiro: um nooplasto particularmente poderoso ou composto de várias consciências, ou ainda que recebeu consciência própria, emanada dos produtores alienígenas.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Mestre: líder de um bando de contrabandistas do Ermo. O posto pode ser formal ou informal.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Mikael-Jehova: Uma das principais divindades da Terra Castanha, e venerado sob vários aspectos díspares, pelos diversos nomos, entre eles o Guardião do Cemitério e Aquele que Cura o Mundo.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Mordekai, família: família tradicional da Terra Castanha, muito unida ao clero.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">nanoconsciência dispersa: se um uniforme-paradoxo precisa de um hospedeiro, todo uniforme-paradoxo é hospedeiro da nanoconsciência dispersa.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">neander: espécie humana variante, que supostamente surgiu eras atrás. É afastada de outros seres humanos e tem seus próprios costumes como a simbiose com os paradoxos. É notável o fato de que homens e mulheres entram numa espécie de cio, sem o qual não conseguem se reproduzir.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">nômade: andarilho do Ermo da Condenação. Pode indicar ou não alguém que more no Ermo ou só vague frequentemente pela região.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">nomo: divisão burocrática e administrativa da Terra Castanha. Cada nomo é regido por uma sátrapa, mas cada nomo tem seu próprio esquema interno de governo.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">nooplastia: técnica psíquica alienígena em que uma mente (presumivelmente alienígena) gera, à distância, formas de vida temporárias que servem de veículo para a consciência dessa mente. </span> </div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">nooplasto: produto de nooplastia. A morte de um nooplasto normalmente não significa a morte de seu produtor.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">novos deuses: os deuses venerados pelos rebeldes; na prática, Alienígenas que estabelecem contato telepático com pessoas em estados alterados de consciência específicos. Foram descobertos pelos rebeldes ao devorar a carne do Primeiro Mensageiro, que se assemelhava à substância da trufa-aurora.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrVHsldLBtMvhrQUbgC_o2A5RlpP_XUsUvoEKiS_OwhLrW1h83laWiuaAF9mjAl7llCbXev3mh73srpsfNjmFNjrM4zMjGxHRT4Unp8OnVWtAbE-oM66Wf5K9KkMCzF8eVF0FplHNhmgE/s1600/apocalypse-12.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="465" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrVHsldLBtMvhrQUbgC_o2A5RlpP_XUsUvoEKiS_OwhLrW1h83laWiuaAF9mjAl7llCbXev3mh73srpsfNjmFNjrM4zMjGxHRT4Unp8OnVWtAbE-oM66Wf5K9KkMCzF8eVF0FplHNhmgE/s640/apocalypse-12.jpg" width="640" /></a></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"><br />
</div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">paradoxo: a união de materiais vivos que produz um uniforme-paradoxo. Termo também usado para se referir a um uniforme-paradoxo em si.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">prisão-elevada: prisão fortemente vigiada. Cada nomo tem a sua.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;"><i><span style="font-weight: normal;">posmorti</span></i></span><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-weight: normal;">: espasmos ou movimentação de um cadáver.</span></span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Prodígio: termo vago para alguém com habilidades especiais ou incomuns. Há uma certa conotação de milagrosa.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Rainha Mercúrio: Divindade da Terra Castanha. As canções que louvam a Rainha são cantaroladas por vários nomos.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Relâmpago Suave: Espírito feminino cultuado por habitantes do Ermo da Condenação.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">retrospectar: prática de memorização e lembrança do povo neander. Os verdadeiros mestres do retrospectar são capazes de acionar a memória racial desse povo. Algumas vezes, o retrospectar pode ser ensinado aos cromas.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">sacerdotes da Terra Castanha:</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">sátrapa: burocrata da Terra Castanha; costumeiramente uma mulher.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">satrapia: a hierarquia das sátrapas.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">servocrata: governanta.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">tearcuba, tearcubadeira, tearcubadora: aparelho que gera uniformes-paradoxo. Normalmente tem a forma aproximada de uma ampulheta gigante.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Terra Castanha: região que faz fronteira com o Ermo da Condenação, conhecida pelo seu fervor religioso. Seu nome não se deriva da cor do chão, mas de Ruiz Castanho, consorte favorito da primeira Matriarca.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Torre Azul: construção fortificada da qual um nomo da Terra Castanha tira seu nome. Sede da revolta religiosa.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">trolear: peregrinar, no dizer da Terra Castanha.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Trovão Persistente: Espírito masculino cultuado por habitantes do Ermo da Condenação.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">trufa-da-aurora: trufa alucinógena conhecida por suas cores cambiantes.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">trufa-delírio: trufa alucinógena conhecida pela potência das visões que proporciona.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">trufa-maçã: trufa alucinógena com efeitos muito reduzidos, praticamente um energético que estimula e distorce levemente os sentidos.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">trufas do Ermo: todo tipo de fungo subterrâneo que produz alucinações.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">trufas: fungos subterrâneos que não podem ser cultivados normalmente.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">trufeiro: alguém que colhe trufas.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Uniforme-paradoxo: criatura artificial composta de 'paradoxo' tecido pelas tearcubadeiras.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">upar: subir na hierarquia das sátrapas.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">uroboros: no dizer da Terra Castanha, um raciocínio circular, um círculo vicioso ou um dogma de fé ortodoxo, a depender da entonação e pronúncia.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">vermiragem: um demônio do Ermo. Muito mais comuns após a Infiltração Alienígena, assemelham serpentes que planam pelo ar, mas trata-se de uma ilusão, pois eles estão na verdade rastejando pelo chão.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">Vinho do Místico: bebida fermentada com base na trufa-maçã e certas raízes trituradas do Ermo. Causa ampliação dos sentidos e é dito que, num sacerdote treinado, o uso contínuo desperta poderes psíquicos latentes.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">V-Memori Rimeins: conceito neander, a base da prática do retrospectar. Ironicamente, o termo se origina do dialeto antigo da Terra Castanha.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">xenogoécia: rito religioso para contatar mentalmente os novos deuses.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">zelote: facção sacerdotal militar da Terra Castanha. Guerreiros sagrados.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"> <span style="font-family: Georgia,serif;">zingassauro: demônio do Ermo reptiliano, famoso por sua pele flexível e colorida, cobiçada para uso em vestes de couro.</span></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNaVJ5DQ5bVlSwAx6IP9mkmy1G98U9s1vOZ9XNLhYFhYrlObQy4qFKhVIk_ORHOa4Fm7sFSUKJAVjBZ-TvUDKn1sfpqBM6wiap_ETb_fqkW8Kl1aIWdhLd7ZPdh1RD_-1eiCAvq8FjUxI/s1600/mystical_elf_by_melon_banzai-d313jkx.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNaVJ5DQ5bVlSwAx6IP9mkmy1G98U9s1vOZ9XNLhYFhYrlObQy4qFKhVIk_ORHOa4Fm7sFSUKJAVjBZ-TvUDKn1sfpqBM6wiap_ETb_fqkW8Kl1aIWdhLd7ZPdh1RD_-1eiCAvq8FjUxI/s640/mystical_elf_by_melon_banzai-d313jkx.jpg" width="461" /></a></div><div class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.5cm; margin-right: 1.06cm; text-indent: -0.49cm;"><br />
</div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-22781760073603139652011-04-12T12:40:00.006-03:002011-04-12T21:31:05.780-03:00TREVAS E METALArthur Ferreira Jr.'. lhe traz o Décimo Episódio da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6E9Mty2V8hfLuOJtJWad-UBI2WjLvacah7Ud7qNGBt_SNCqOSt-b2XIIX-QW9p6W_qDV2fMuykxZTQUhrS8jtJJb7M_Ek38VRGat_8zMRewTAJ4xaZP-G5-i11rA3wRRytu-tx_HYANw/s1600/shoggoth+ottomet+net.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6E9Mty2V8hfLuOJtJWad-UBI2WjLvacah7Ud7qNGBt_SNCqOSt-b2XIIX-QW9p6W_qDV2fMuykxZTQUhrS8jtJJb7M_Ek38VRGat_8zMRewTAJ4xaZP-G5-i11rA3wRRytu-tx_HYANw/s320/shoggoth+ottomet+net.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">“É INCRÍVEL COMO VIVO LÁ DESDE OS DOIS ANOS, mas nunca consegui me acostumar.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “As memórias de antes do exílio são tão fortes assim, filho? Você era tão pequeno... lembro de ter cuidado de você até que seu pai foi forçado a tirá-lo de mim.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Mãe... eu sei que ele deve ter tido toda a razão de ter ido embora e me levado, especialmente por conta do Euro, mas...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Mas?... diga, filho.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Mas, por todos os deuses, eu preferia ter sido deixado para trás! A senhora teria continuado a cuidar de mim, não? Anisha não foi, nem de longe, uma mãe como a senhora... que ela não me ouça falar isso. E eu poderia agora ser um sacerdote!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Você ainda pode ser, Azif. Se conseguiu voltar aqui e conversar comigo... é sinal de que pode permanecer. Seu pai ficará muito desapontado, é fato, mas...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Não! Eu não posso, e... talvez ele fizesse algo contra a senhora... oh, mãe... me perdoe...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Quais são os planos dele para você? Fídias sempre tem planos. De certa forma, foi o que me atraiu nele: a astúcia charmosa.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Envergar um paradoxo. Me dá vergonha dizer isso, mãe... sei que o Alto Sacerdote e os outros enxergam os uniformes como demônios... eu mesmo tenho dúvidas... vi o que o uniforme pode fazer... mas três da tropa foram mortos recentemente, mesmo que eu não quisesse a honra, é preciso haver substituição... ele deve confiar mais em mim, que sou filho dele. Acho.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “É mais do que isso, não é? Percebo que quer voltar lá por alguma outra razão... mas antes, escute, que Mordekai não me ouça, a verdade é que os paradoxos não são demônios. Vou te contar uma história, sabe o que é isto aqui, não?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Um cristal anão?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Um ídolo da Mãe-Monstro, feito de cristal anão. É seu agora.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “...”</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZqAn_HU8IMhqgcn-lgLpE0NTI7HdC-45IjbK76chDzlRFzrbX74Sfl03yvtajw21ys2ufjercU34Ay1NTTtvnMKfn9SqMdkcvMVGwzQqHpiutCoM78ehj-89NurQqS686zbalJDt3rWI/s1600/libelula.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZqAn_HU8IMhqgcn-lgLpE0NTI7HdC-45IjbK76chDzlRFzrbX74Sfl03yvtajw21ys2ufjercU34Ay1NTTtvnMKfn9SqMdkcvMVGwzQqHpiutCoM78ehj-89NurQqS686zbalJDt3rWI/s320/libelula.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Há muito tempo, houve uma das grandes guerras, e havia uma arma muito poderosa, que era pior que os enxames de lampreias-voadoras do Ermo. Era uma nuvem da vida e da morte, com ela podia se construir ou destruir, matar ou curar. Com o fim da guerra, a nuvem ganhou consciência própria – e se dispersou pelo mundo. Você não enxerga agora, mas ela está por toda parte. São minúsculos os seres que compõem a nuvem. E este cristal é feito desses seres, adormecidos. Vai compreender melhor quando utilizá-lo, mas entenda que... os uniformes-paradoxo que seu pai tanto admira são cheios do poder da nuvem, e poder vivo, que se mexe, age... e pensa. Uma tearcubadora enche desse poder uma massa, um líquido dos fungos das cavernas dos neander, não muito diferente das trufas místicas do Ermo. E por falar nisso – este vinho de trufas está uma delícia. Pena que você nunca poderá experimentar.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Hum... o pai me disse para não consumir nada que tivesse a ver com as trufas. É uma... pena, parece mesmo saboroso.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “E aguça e ilumina meus sentidos. Por isso eu percebo que você está carregando algum outro fardo, filho. Alivie-o com sua mãe.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Vou ser iniciado no paradoxo junto com uma moça, mãe... e quero muito voltar, por conta disso.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Está apaixonado por ela?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Hu-hum.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Ela SABE disso, Azif? Vai ter de se apressar, ou tomar uma decisão. As coisas não são como você pensa. Se forem iniciados, nunca vão poder ser um casal de verdade, nem sequer um casal como eu e seu pai fomos, ou como eu e o pai de Euro fomos. Está me entendendo...?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Hã? Como assim?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “O uniforme é CIUMENTO, Azif. Ele não vai deixar que você tenha Charya.”</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcLwgIbERp698kS8dgtT6qg6Q9tPZh0nwGcjursy6bdIUrUvHo_sCVYSimK3ywju-ecz_wc-GdjFV5T2-lCV22A0AkPIvGOK_O7ryW4K-nPCE_7hgOSaDBKr6ahW4hRvPrO5Ly8aB5Qf4/s1600/li_i.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcLwgIbERp698kS8dgtT6qg6Q9tPZh0nwGcjursy6bdIUrUvHo_sCVYSimK3ywju-ecz_wc-GdjFV5T2-lCV22A0AkPIvGOK_O7ryW4K-nPCE_7hgOSaDBKr6ahW4hRvPrO5Ly8aB5Qf4/s320/li_i.jpg" width="320" /></a></div><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"></span></i><br />
<i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">MÃE? O que é esse lodaçal?</span><br style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;" /><br style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;" /><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Mãe! Euro! Charya!...” Não adianta gritar. Essa lama me cobre até os ombros e eu não consigo enxergar direito porque a copa das árvores é muito densa. Parece não haver fundo... mas eu também não estou afundando.</span><br style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;" /><br style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;" /><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Como me sinto fraco. E o cristal anão do meu uniforme parece estar se dissolvendo no lodo... acho que me debati demais, só pode.</span></i><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> <i> Então não adianta me debater, tenho que ficar quieto pra conservar a energia? Me acostumei a enxergar o cristal do meu paradoxo como se fosse metal, maleável quando eu queria, rígido e afiado como uma cimitarra quando eu precisava. É muito estranho ver ele se dissolvendo assim na lama, sem que eu tenha mandado.</i></span><i><br style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;" /><br style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;" /><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Alguma coisa vem caminhando por entre as árvores, o que é isso?</span></i><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">“MÃE?!?” A mulher vinha caminhando por sobre o lodo como se ele fosse sólido, com graça e elegância, e a lama não sujava sua roupa sacerdotal, que revelava e ocultava alternativamente as partes de seu corpo. Nem sequer as botas negras estavam sujas ou molhadas. A marca ritual da deusa Mãe-Monstro era vista em seu rosto e no penteado peculiar e extravagante. “Mãe, é você mesmo? Ou é a própria deusa que veio me buscar? Eu morri, o bicho me matou, mãe?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Mas que menino bobo, ficou preso.” A mulher sorria, seus olhos verdes faiscavam.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “Mas... mãe, me ajuda.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> “NÃO.” O sorriso se ampliou e ela mordeu os lábios de leve. Os olhos verdes se dilataram.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Não muito longe dali, uma forma feminina, branca e prateada, saltava de uma árvore para outra, tentando desesperadamente chegar a Azif o mais rápido possível, sem correr o risco cair no lodaçal e se tornar uma presa fácil daquele novo monstro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Uma frase se repetia na mente de Azif, </span><a href="http://www.youtube.com/watch?v=1yg4B8H9ZWM" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i>Oh, senhor, cuidado com o ciúme...</i></a><br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/escarlate-e-rubro.html">Leia o Episódio Anterior...</a></i><br />
<i>OU</i><br />
<a href="http://www.blogger.com/goog_513105593"><i>Baixe a Compilação em PDF dos Primeiros Episódios:</i></a><br />
<i><a href="http://www.4shared.com/document/JnGWhUHz/A_SAGA_DOS_PRODGIOS_1-9_CONVER.html">CONVERGÊNCIA</a></i></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiftmApFVTC7GEwBFIoEUDUGooNvGNhuW6-jfkHDQYYdNw3XknRU18i6TXb7u8mLxzIGSaIOkOQUn-hezMeUN2Of3wr3NyZQYUNziV38YRSHoqm_9lo-a7lNQxyfzd8EImsF0Hdjjq1DL0/s1600/KronosVersion2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiftmApFVTC7GEwBFIoEUDUGooNvGNhuW6-jfkHDQYYdNw3XknRU18i6TXb7u8mLxzIGSaIOkOQUn-hezMeUN2Of3wr3NyZQYUNziV38YRSHoqm_9lo-a7lNQxyfzd8EImsF0Hdjjq1DL0/s640/KronosVersion2.jpg" width="463" /></a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-44774576566802870032011-04-10T01:52:00.001-03:002011-04-10T02:02:53.705-03:00ELA DORME<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: large;">Olhos muito negros,<br />
Sonho tomando corpo<br />
Ela olha a escuridão do céu estrelado<br />
E seu corpo sonha com estrelas cadentes,<br />
Meteoros,<br />
Cometas que visitam seu quarto.<br />
<br />
Fantasias cheias de olhos,<br />
Visões encorpadas, sedutoras<br />
Ele sonha com a luz do sorriso dela<br />
E cai na cama esperando a hora fatal,<br />
Maremotos,<br />
Vulcões explodem quando ela chega.<br />
<br />
Olho no olho,<br />
Face a face entre tímida e ousada<br />
Lê, relê o drama e esquece tudo no outro dia... e dorme.</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWPPwEapdSDb1Sae0bM5UJGATYgjskhgb4eS6tWUCCgqvOYiL07rNuuPtldQhlufAeZBa-0RgtBsrgTHuqs_Ks8jnlX2SUyajYE7LaSta4VDESWVZxVhxSdtauhQNT_-9our7jZER-SWE/s1600/impressive-digital-girls27.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWPPwEapdSDb1Sae0bM5UJGATYgjskhgb4eS6tWUCCgqvOYiL07rNuuPtldQhlufAeZBa-0RgtBsrgTHuqs_Ks8jnlX2SUyajYE7LaSta4VDESWVZxVhxSdtauhQNT_-9our7jZER-SWE/s1600/impressive-digital-girls27.jpg" /></a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-5128019470336041402011-04-08T15:48:00.001-03:002011-04-12T12:07:49.331-03:00PRÓLOGO: Entre um Apocalipse e Outropor <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Draven">DRAVEN</a><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijiWRz3pCicS6KeyFWx8opkbo0iqmBvweH2N5URJUE0TblmeqYwOZ_9urJ1Cckno4hg-VfO3sum46tmj2OqDLhsiWxnzTK-Vckdb1Zw2y6ri1yHsDyPGDoFtdDS8ZGL7SRASzipfpM5eQ/s1600/detroit23sJPG_950_2000_0_75_0_50_50sJPG.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijiWRz3pCicS6KeyFWx8opkbo0iqmBvweH2N5URJUE0TblmeqYwOZ_9urJ1Cckno4hg-VfO3sum46tmj2OqDLhsiWxnzTK-Vckdb1Zw2y6ri1yHsDyPGDoFtdDS8ZGL7SRASzipfpM5eQ/s320/detroit23sJPG_950_2000_0_75_0_50_50sJPG.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Caminhando apenas com a companhia um do outro, dois jovens de mãos dadas observavam a paisagem tristemente. A cena era de um tom melancólico, meio surreal, como Adão e Eva caminhando para fora de seu paraíso perdido.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “E agora, o que faremos?” O silêncio foi quebrado pela menina, que falou com uma voz quase sussurrada, meio rouca.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Eu tenho um plano,” foi a resposta do menino. “Pode não dar certo, mas temos que continuar com ele custe o que custar. Você está comigo?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A menina o encarou com seus olhos brilhantes, em lágrimas, e acenou um sim com a cabeça. Ela confiava nele plenamente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Os dois se abraçaram, como se fosse uma despedida, e voltaram para observar o horizonte pálido. Aquela fora uma cena perfeita, antes de uma gigantesca luz surgir no horizonte, parecendo cobrir toda a terra.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Vamos ficar juntos para sempre, não é?”, perguntou a menina.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Sim, para sempre”, respondeu o menino.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Para sempre nunca pareceu um tempo tão curto antes.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmpjJOHzBiBVouqbWGMnnM8c6Y36r8DBf8tbSzyP7EvAjvSVFkXLj-T0RuGcE6di8iIlHn3Xf6z5fU9gZryRCzjkymKpGQ7-xIflzoAQGeGBJ0RNdSvVvMmNuvZrDBfp8Ek-BsA1ENzH8/s1600/zupiphillipstraub.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmpjJOHzBiBVouqbWGMnnM8c6Y36r8DBf8tbSzyP7EvAjvSVFkXLj-T0RuGcE6di8iIlHn3Xf6z5fU9gZryRCzjkymKpGQ7-xIflzoAQGeGBJ0RNdSvVvMmNuvZrDBfp8Ek-BsA1ENzH8/s640/zupiphillipstraub.jpg" width="628" /></a></div><br />
<div style="text-align: center;">CONTINUA em <a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/entre-um-apocalipse-e-outro.html">ENTRE UM APOCALIPSE E OUTRO</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-48237114724992461832011-04-08T15:35:00.002-03:002011-04-08T15:39:47.699-03:00EPÍLOGO: Entre um Apocalipse e Outro<span style="font-size: large;"><span style="font-size: small;">por </span><a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Draven">Draven</a></span><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwMn_g3OA1OOJpKFeo9lED4iVkkttKgVGWZ6zJycMebu3Mo5defJwZX6YDlRb7KBd9d8CmsvXsyV3gA01_EvjmSR_LWrazbCZGxdPIzTIzt70Gi0p3PO0wBQazXUuudvDomzH0UgeLP9Y/s1600/detroit11sJPG_950_2000_0_75_0_50_50sJPG.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwMn_g3OA1OOJpKFeo9lED4iVkkttKgVGWZ6zJycMebu3Mo5defJwZX6YDlRb7KBd9d8CmsvXsyV3gA01_EvjmSR_LWrazbCZGxdPIzTIzt70Gi0p3PO0wBQazXUuudvDomzH0UgeLP9Y/s320/detroit11sJPG_950_2000_0_75_0_50_50sJPG.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">“Traidor. Na realidade, eu é que fui traído”, pensou Vincent. Por anos pensou estar fazendo o certo, mas ele foi enganado. Sua vida foi uma mentira. Sua missão foi uma mentira.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> As ultimas palavras de Aury ecoaram em sua mente: “Você é apenas um fantoche para eles, apagaram tudo o que você conhecia a seu respeito.”</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Agora ele estava sozinho, longe de seu novo mestre, cumprindo sua nova missão. Parecia sempre haver uma missão, sempre haver uma tarefa, sempre uma razão para ele viver. Mas nesse momento, ele se questionava o quanto ele fora ele mesmo até o momento.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Seus olhos se enfureceram. Ele continuava sendo um fantoche, e aparentemente continuaria pelo fim de sua curta vida.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Mas ele agora estava mudado. Agora que lembrava seu próprio nome, sabia o que deveria fazer em segredo. Haviam armas em sua frente, haviam compostos químicos para o que ele quisesse, e haviam registros que estavam lhe ensinando mais do que poderia aprender sozinho em uma vida.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Ele havia sido escolhido, não apenas uma, mas duas vezes. Já estava cansado de ser um peão. Já estava cansado de grandes poderes que ele não entendia completamente. Já estava cansado de não escolher seu destino. Mas também estava decidido.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Tocou com a mão o pequeno recipiente com um líquido de cor alienígena, que não poderia existir na natureza. Aquilo seria sua obra prima, sua arma suprema. E quando o tempo chegasse, os dois grandes poderes, “Aury” e “Dante” seriam destruídos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “A humanidade não precisa de vocês. A humanidade precisa se encontrar por ela mesma. Agora, finalmente, meus olhos podem ver a verdade: que às vezes, a mão do destino precisa ser forçada”.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihfUSJRGAB0S_u2fedMQ2fscxPoa4sLVobs2xI3CQtG9e26OGozlKkeQBH-qhq2qL9UipD3Uv8LIbwVvQ0S_AC0gZsxcsFB0YHqsXGHGFnZFQxC7RIWkdQpZhQjZlGFFE32iyS6ZUdicQ/s1600/hr_giger_hommageaboecklin.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="456" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihfUSJRGAB0S_u2fedMQ2fscxPoa4sLVobs2xI3CQtG9e26OGozlKkeQBH-qhq2qL9UipD3Uv8LIbwVvQ0S_AC0gZsxcsFB0YHqsXGHGFnZFQxC7RIWkdQpZhQjZlGFFE32iyS6ZUdicQ/s640/hr_giger_hommageaboecklin.jpg" width="640" /></a></div><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">O epílogo de <a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/entre-um-apocalipse-e-outro.html">ENTRE UM APOCALIPSE E OUTRO</a> </div><div style="text-align: center;">pode talvez ser visto como um prólogo remoto para <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">A SAGA DOS PRODÍGIOS</a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-83969953325949120992011-04-07T19:07:00.007-03:002011-04-08T15:51:59.842-03:00ENTRE UM APOCALIPSE E OUTRO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><span style="font-family: Georgia,serif;"><span style="font-size: small;"> </span></span><span style="font-size: large;">AZATHOTH.'., DRAVEN e NEITH WAR</span><br />
Escrito de 15 de fevereiro a 7 de abril de 2011<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/prologo-entre-um-apocalipse-e-outro.html"><prólogo></prólogo></a></div><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3Xl-PTcULnDIYtKYaqhsoivA6Wyrylx78DqfPXzdcgB8LCqGSFLV9GQCUkqmKuv-hSATItQybVRRlY6yuG4Dlrvk0QjErwwYPzaO74i0MynDmRuO02ikpDqX1o5GN1xCTiLZqHcfvnnw/s1600/apocalypse-42.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3Xl-PTcULnDIYtKYaqhsoivA6Wyrylx78DqfPXzdcgB8LCqGSFLV9GQCUkqmKuv-hSATItQybVRRlY6yuG4Dlrvk0QjErwwYPzaO74i0MynDmRuO02ikpDqX1o5GN1xCTiLZqHcfvnnw/s320/apocalypse-42.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Azathoth .'.]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">O LUAR ERA ESTRANHO. O halo em volta da lua tinha um tom muito escarlate, e a própria lua era arroxeada, púrpura, malva, um desses tons que poucos sabem definir com precisão. Várias estrelas caíam pelo céu noturno, e provavelmente atingiriam uma cidade no topo de uma colina... se a cena não estivesse congelada, porque era uma pintura emoldurada na parede daquela casa em quase ruínas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Não sei o que você está fazendo aqui," a voz da moça soou na semiescuridão. O rapaz ficou um pouco irritado, porque já havia explicado mil vezes, mas se deu ao trabalho de repetir: "Não existe mais isso de sua casa, minha casa, até porque você achou essa casa, tanto quanto eu. Pode relaxar, que eu não vou tomar o seu... território; só quero essas coisas que você não usa, os quadros, os livros... e não posso levar tudo de vez, escolhi esse quadro dessa vez."</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Não precisa se irritar," respondeu a voz rouca e feminina, cuja dona foi saindo das sombras mais densas. "Sabe que não lembro direito das coisas. E motivações são uma coisa especialmente difícil de se manter na memória... para mim, pelo menos, funciona assim." Mais uma vez o rapaz se surpreendeu com as formas da moça: ao contrário dela, mas de modo similar, a doença lhe fazia esquecer, com muita facilidade, a fisionomia das pessoas. </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Das pessoas, não de animais nem objetos. Era por isso que ele catava e colecionava objetos, quase como uma gralha roubava coisas brilhantes; e haviam muitas coisas brilhantes nas ruínas do mundo. Diziam os velhos do lugar onde ele vivia, um dia o sol brilhou forte demais, e haviam máquinas que pensavam por todo o mundo; o brilho forte do sol apagou a memória de todas as máquinas (as máquinas tinham memória, naquela época! tão estranho) e fez assim o mundo ruir.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> A ironia era que a sujeira daqueles primeiros dias no escuro e na barbárie trouxeram uma doença que mexia com a memória; e quase todos estavam infectados. Podia ser então que a história dos mais velhos fosse uma mentira estranha de seus cérebros afetados... e isto seria mais irônico ainda.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPz6Ity5dAVz7WLJQo3ZEpRV2M4O8mbOKyNIQMEy-rfk2Ag3FVW8pfVufl9BqoIqqqOrFMZ2s0khK_234jxu-ZUzkm8nOtr6x7sGU1ZfxsD3egzMTX-ogOgGVGu5Z4befJQREyp06WqFM/s1600/11984.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPz6Ity5dAVz7WLJQo3ZEpRV2M4O8mbOKyNIQMEy-rfk2Ag3FVW8pfVufl9BqoIqqqOrFMZ2s0khK_234jxu-ZUzkm8nOtr6x7sGU1ZfxsD3egzMTX-ogOgGVGu5Z4befJQREyp06WqFM/s1600/11984.jpg" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Draven]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Apesar da memória que lhe faltava, no entanto, uma marca sempre ficaria em sua mente. Nenhuma força do mundo poderia apagar essa ferida. Alguns diziam que 'a doença', como chamavam essa deterioração progressiva da memória – e não precisava de outro nome, porque era o único mal que realmente importava agora – era a punição desse grande crime.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Canibalismo era seu crime. Era o crime de todos os humanos. E mesmo que ele próprio nunca tivesse experimentado carne humana, tal qual sua companheira – qual era mesmo o nome dela? – a doença ainda o consumiria. Estava no seu sangue, no seu corpo, uma sina herdada dos seus pais e seus avôs. Os mais antigos falavam coisas que ele não entendia: algo como “genes”, “deneá”, “mito-cordas”. Falavam que a fome levou à doença, e a um desejo pavoroso que muitos ainda sentiam. O grande crime, e o único grande crime.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E ele sabia que não era uma vítima, apenas. Era culpado. Já havia experimentado o gosto de carne, a terrível sensação de matar e devorar seus iguais. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Foi há anos, em um dia frio, mais frio ainda que os dias normais, quando cheguei em casa... Não! Melhor não lembrar disso! Procure esquecer! Procure esquecer! Eu não me lembro nem da face deles, por que ainda lembro do seu gosto?!?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O rapaz fecha os olhos, tentando soterrar uma das últimas memórias vivas do seu passado, e quando abre vê sua companheira no mesmo estado quase de transe em que ele se encontrava, provavelmente perdida em algum devaneio absurdo de sua mente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Ela resmunga algo que ele não entende e sai para o que chama de 'seu quarto'. Pelo menos agora ele está livre para pegar as suas coisas... Suas pequenas coisas brilhantes do mundo esquecido...</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Mas algo chama sua atenção. Algo ainda mais brilhante. Algo terrível, sedutoramente perigoso...</span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiIj8rD3qOI1zwYe2XqEfMRy6MRjha7qfjfLXxfIIFYlggQZb3jsbQZFSNPm52uGB-4NYKa2YomBfAq3z_anN3FYm8Unua64-70yPBfuniSnU1Y941esP97GFUq1iL7J1HYmPJPsLax-E/s1600/Aeons_of_Eclipse_by_alexiuss.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiIj8rD3qOI1zwYe2XqEfMRy6MRjha7qfjfLXxfIIFYlggQZb3jsbQZFSNPm52uGB-4NYKa2YomBfAq3z_anN3FYm8Unua64-70yPBfuniSnU1Y941esP97GFUq1iL7J1HYmPJPsLax-E/s320/Aeons_of_Eclipse_by_alexiuss.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Neith]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Aury, sim, era este o nome da garota e ela sabia, mas como isso era possível? Ela carregava em seu pescoço um colar dourado com uma plaquinha onde estava escrito Aury, se este era ou não seu nome real ninguém nunca saberia, mas ela gostava de fingir que sabia, e que era este.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Sentou-se na cama, o lugar era tão sujo e decadente, fazia o que podia para mantê-lo agradável, sentiu-se incomodada e se levantou parando em frente à metade de um espelho oval que havia encontrado numa de suas saídas, levantou um pouco a blusa fina e suja que usava, do lado esquerdo bem próximo do quadril havia uma pequena ferida que vinha aumentando a cada dia, era dolorida e feia. Aury sentiu um pouco de medo ao notar como havia aumentado desde a ultima vez.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Abaixou novamente a blusa, como se com isso fosse capaz de fazer o ferimento sumir, ficou irritada, já nem se lembrava porque, quebrou algumas coisas no quarto e saiu ventando pela porta arrastando os poucos móveis que encontrava pela frente, gritava de raiva e algumas lagrimas teimavam em querer descer por seu rosto , mas ela seguraria, afinal não havia motivos para desperdícios.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Passou pelo rapaz quase o derrubando contra algo que ele olhava, correu pela rua abandonada por um bom tempo até chegar a um pequeno terreno onde eram jogados diariamente os destroços de algumas máquinas quebradas, sentou-se e ali ficou por dois dias, sem dormir ou comer, era como se estivesse esperando algo ou alguém que nunca chegava.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> No terceiro dia Aury levantou-se e caminhou de volta para casa como se estivesse em transe, deitou-se na cama e dormiu por mais três dias.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipwPJUy1fdATGpxDQgZd4Wn3LiFjwWT_4bJjIcgfQCDfeCSfnq83CvZWuNkbETyOo2A1OdLHr59G549v3z_38QJXDby7TR15fQIvNUREhvy47aBkbv1saTZijM1GEK5H3om5rEsl_9UUg/s1600/apocalypse-56.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipwPJUy1fdATGpxDQgZd4Wn3LiFjwWT_4bJjIcgfQCDfeCSfnq83CvZWuNkbETyOo2A1OdLHr59G549v3z_38QJXDby7TR15fQIvNUREhvy47aBkbv1saTZijM1GEK5H3om5rEsl_9UUg/s320/apocalypse-56.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Azathoth .'.]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">O rapaz tateou na obscuridade, de onde saía o brilho. Era um livro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Nunca vira um livro de capa tão reluzente, ou melhor, a capa reluzia naquela meia-luz por conta das escamas da encadernação. Couro de cobra, ou de algum outro réptil que o rapaz desconhecia. E livro era uma mercadoria preciosa naqueles dias – os mais velhos pagavam bem por um exemplar, rendia boas trocas, fosse ele qual for, não importando o conteúdo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E ele pensou que havia levado todos os livros daquela casa. A menina – se chamava Aury? Bolas, não lembrava o próprio nome, que dirá o da menina, que não sabia ler, ou pelo menos dava essa impressão. Eles dois haviam sido criado juntos, até que ela passou por um rito de passagem estranho entre as mulheres, saiu da vila e foi viver na casa arruinada. O rito se chamava 'menarca' e ele não sabia o que significava, as mulheres guardavam vários segredos, e aquela não era exceção.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Até porque era uma mulher, não uma menina. Já deixara de ser garota há muito tempo, e ele começava a reparar nas formas insinuantes que a roupa esfarrapada teimava em ocultar. Ficou num leve devaneio imaginando essas formas, depois que notou que a menina havia entrado num dos quartos vazios, devaneio interrompido por essas mesmas formas correndo, e depois só o bater da porta.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Bom, ela costumava fazer dessas coisas, não adiantava correr atrás dela, até porque não conseguiria alcançar. Já estava tarde e o garoto decidiu dormir ali mesmo; entrou num dos quartos mais próximos e deitou-se na cama desarrumada. Perto havia um espelho oval, mas não era algo reluzente e sim fosco, de modo que o rapaz deu muito mais atenção ao livro, que queria ler antes que, no dia seguinte ou no máximo quando a fome apertasse, tivesse de vendê-lo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Ajeitou-se nos travesseiros e almofadas que catou do chão e abriu o tomo. Numa página perto da metade do livro, exibia-se uma figura luxuriosa, aparentemente desenhada à mão sabe-se lá através de que método e ferramentas... uma figura luxuriosa de uma mulher seminua, tatuada (ou pintada?), braços abertos numa cerimônia em que era rodeada por vários homens de manto, que pareciam dançar ao redor de um altar vazio.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O choque do rapaz aumentou quando ele percebeu que os adornos no corpo da mulher não eram tatuagens, eram manchas de sangue. E a única coisa que a mulher da estampa vestia não era uma saia branca rodada, e sim vários crânios enfileirados... aquela cena ao mesmo tempo o repeliu e excitou. Fechou o livro com força, respirando fundo, e voltou a abrí-lo, desta vez no início. Não era escrito à mão. Na introdução havia o título, 'Kleshayana, o Veículo da Corrupção – Tradução de Anna...' e o sobrenome estava borrado.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Que diabos era aquele livro? Não conseguia parar de ler.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI5Z6sUI6udcVIrkKcmMjjzf7DWsnUhX8VKuEsFHsBAVuO-FNtAMBfK4scngJ1w1K3aVIruZVNNZUPkq6sKxyfe3ECIRTua8kA6n9HmTI4JwD_sfh5aUpJNOXhFVqE8qHUUjillzrK1UU/s1600/apocalypse-50.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI5Z6sUI6udcVIrkKcmMjjzf7DWsnUhX8VKuEsFHsBAVuO-FNtAMBfK4scngJ1w1K3aVIruZVNNZUPkq6sKxyfe3ECIRTua8kA6n9HmTI4JwD_sfh5aUpJNOXhFVqE8qHUUjillzrK1UU/s320/apocalypse-50.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Draven]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Aury, enquanto voltava para casa em seu transe, não pôde perceber a silhueta que a observava. Um manto esfarrapado, e naturalmente furtivo, seguia a moça pelas sombras de carros destruídos e máquinas antigas consumidas pela ferrugem...</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">***</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Quando Aury chegou, o rapaz ainda estava imerso em sua leitura. Ele mal a notou se dirigindo ao seu quarto, tão concentrado naquele livro diferente de tudo o que já vira.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O 'Veículo da Corrupção', ou o 'Caminho do Veneno', aos poucos modificava seus medos para algo diferente, que ele não sabia explicar, mas que lhe deixava estimulado a provar... Indiferente ao cenário que o cercava, ele saciava sua fome com o conhecimento perdido, e matava sua sede com uma nova visão. A cada segundo que passava lendo, ele entendia um pouco mais sua vida e o que teria que fazer dali em diante, e esse pensamento indescritível remoendo em sua mente lhe deixava com água na boca e um estranho sorriso de escárnio pela humanidade caída.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">***</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Aury acordou dois dias depois, e a primeira coisa que encontrou foi Dan caído com um livro em seu colo, sangrando pelas narinas. Se perguntando o que poderia ter acontecido, se dirigiu a seu amigo, sem evitar pensar que nunca disse a Dan que lembrava seu nome perfeitamente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> De fato, a moça não sabia direito por que fazia questão de evitar revelar suas memórias. Tinha tantas que às vezes pensava que não era vítima da doença que a todos consumia, mas não sabia exatamente o que deveria ou não lembrar para ser considerada “normal”.</span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Normal... Era uma palavra tão estranha nesses dias... O que era ser normal? Ela seria normal caso não tivesse a doença, quando todos a tinham?</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Ela se sentia tão diferente, no entanto. Talvez fosse algum instinto de sobrevivência, não se revelar, porque todos sabem que as pessoas não aceitam o que não é como elas. Mentir era uma questão de sobrevivência, e ela já não poderia abandonar o hábito de parecer menos inteligente e lúcida do que realmente era.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E ainda, havia algo muito estranho. Ela deveria estar morrendo. Sabia dos antigos livros de medicina que o ferimento havia “inflamado” e estava “necrosando”, mas quando acordou já não sentia mais tanta dor como antes, e a ferida parecia estar curando. E isso seria impossível sem os remédios do velho mundo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> No entanto, Aury não tinha tempo agora para pensar nesses detalhes. Estava preocupada com Dan, ali desmaiado, febril, sangrando pelas narinas. Pelo jeito, ele não havia comido ou dormido por muito tempo, talvez algumas noites.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Correu pegar um pouco da tão preciosa e escassa água que possuíam, encharcando um pano, e molhando a testa de Dan. Ficou ali com ele, às vezes atacada pelo desespero de que ele morresse, e deixasse ela sozinha. Mesmo que gostasse do isolamento, o convívio de ambos aliviava todo o medo que ela tinha da solidão e das outras pessoas. Naquele terrível momento, ela percebeu finalmente o quanto precisava dele, o quanto gostava de sua companhia, o que realmente sentia pelo rapaz...</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> ... e então Dan abriu os olhos. Olhos que refletiam a lua e o rosto de Aury em sua íris negra. Olhos que enxergavam um novo mundo, um novo começo...</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Olhos que não pertenciam mais ao Dan que Aury conheceu.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh50UfUOSlF7_kbXH9O2juuz71R72kVJKF1OtkTTWOvbYwOY7EXN5dJbeRjxHi288hyr-8ywGZen9JMRNT0tQPOLuWkbvQaOn3iG5Sq94oUyZfvkndeNOm_DzZtmQcelYk6pDK9nCDqHTA/s1600/apocalypse-30.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh50UfUOSlF7_kbXH9O2juuz71R72kVJKF1OtkTTWOvbYwOY7EXN5dJbeRjxHi288hyr-8ywGZen9JMRNT0tQPOLuWkbvQaOn3iG5Sq94oUyZfvkndeNOm_DzZtmQcelYk6pDK9nCDqHTA/s320/apocalypse-30.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Neith]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Aury ainda estava absorvida por aquele momento quando foram tirados daquela sensação de paz, um estrondo muito forte ecoou por toda a casa, outro seguiu-se quase que imediatamente, ouvia-se gritos ao longe e risadas malignas, Dan levantou-se correndo limpando o sangue do nariz com as costas da mão, foi até a janela e voltou imediatamente seu olhar em direção à Aury que ainda sentada na cama tentava entender o que estava acontecendo, Dan não teve tempo de abrir a boca e um tanque de guerra atravessou o quarto levando metade da casa junto, a metade em que Aury estava.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan fechou os olhos e apertou com força, ao abrir deu de cara com Aury olhando para ele sentada ao seu lado na cama, sem dizer uma só palavra, pegou a mochila, enfiou o livro dentro e agarrando a mão de Aury, começou a correr para fora da casa, o primeiro estrondo fez tudo tremer, se seguraram no batente e continuaram atravessando a sala, o segundo estrondo, que foi mais forte e parecia estar mais perto, fez Aury cair perto da porta lateral, Dan a pegou no colo e assim que colocou o pé pra fora da casa, o tanque passou levando metade da antiga moradia, fazendo com que o resto desabasse.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan correu até alguns carros velhos empilhados a alguns metros e deitou-se atrás, junto com Aury,sinalizando para que ficasse em silêncio. Aury estava assustada, como Dan sabia do que iria acontecer?</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan observava através da fenda entre os carros, os tanques eram do exército, se é que ainda se podia chamar de exército aqueles homens maltrapilhos que agora se divertiam em matar as pessoas, saquear casa e estuprar todas as mulheres que encontravam, ele sentia um ódio terrível crescer dentro de si, viu mais três tanques se aproximando, alguns soldados vinham correndo ao redor do tanque e atiravam em qualquer coisa que se mexia. A noite, apesar de escura, exibia os clarões das armas de fogo, facilitando assim com que aqueles animais fardados vissem suas vítimas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan ouviu um barulho atras de si, mas era tarde, quando se virou levou uma coronhada na cabeça e desmaiou, enquanto via Aury se debatendo nos braços de um soldado nojento, que ria enquanto verificava a 'mercadoria', no caso, Aury. Dan acordou com fortes tapas em seu rosto, estava amarrado pelos braços pendurado numa árvore seca, Aury estava logo a sua frente presa do mesmo modo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Vejam só quem resolveu acordar para ver nossa festinha!" o soldado nojento falava enquanto apertava o queixo de Aury, olhando para o rapaz com um sorriso amarelado de dentes podres. Dan sentia um ódio tão grande, que tinha a impressão de iria explodir, olhou ao redor e viu que fora aquele verme asqueroso, só havia mais um soldado, que estava ocupado fazendo algum reparo em um jipe.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O soldado caminhou até Dan e apertou uma faca contra seu peito, fazendo um corte pequeno. "Acho bom você ficar de olhos bem abertos para ver o que farei com tua namoradinha rapaz, quero que veja todo o prazer que um homem de verdade tem que dar a uma mulher." disse isso e saiu gargalhando, indo em direção a Aury, que estáva muito quieta apenas olhando a cena. Seus olhos não demonstravam medo e isso irritou o homem.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "O que foi vadia, não tem medo de mim não?" tentou beijá-la, mas Aury mordeu com força seus lábios nojentos, cuspindo em seguida um sangue escuro no chão. O homem soltou um grito e desferiu um forte tapa no rosto da garota, com seu canivete cortou a corda que a prendia e a jogou no chão, pulando por cima de seu frágil corpo, Aury olhou para Dan, mas seu olhar não foi de desespero, foi um olhar de "tudo bem", ela estava disposta a se entregar e acabar com tudo de uma vez por todas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Mas Dan não estava, sentiu que seu corpo adquiria uma força estranhamente sobrenatural, talvez o ódio o estivesse ajudando, não importava, puxou o máximo que pôde seus braços e sentiu quando a corda fez menção de romper, Aury tentava evitar a boca do homem que passava a lingua nojenta em seu rosto, as mãos dele subiam pelas pernas de Aury, levantando o vestido até sua cintura e tentava agora arrancar sua calcinha. Dan puxou ainda mais forte suas mãos e ouviu um estalo, o outro soldado percebeu e correu até Dan, mas ja era tarde, quando ele se aproximou, o rapaz pegou impulso e colocou as pernas no pescoço do soldado, apertando e girando, fazendo com que quebrasse seu pescoço e usando o peso dele para sair de vez daquelas cordas. Caiu no chão mas o homem que estava com Aury nem percebeu, de tanto tesão que estava, absorvido pelo cheiro feminino, quando ia tirando seu membro para fora, ficou com um sorriso congelado no rosto, enquanto sua cabeça voava até alguns metros.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan havia pego um facão que estava com o outro soldado e assim, sem pensar, decepou a cabeça do infeliz. O corpo sem cabeça caiu sob o corpo de Aury, deixando-a ensanguentada, e nesse momento sim, Dan percebeu o desespero da garota, ela gritava e chorava sem parar, empurrou o corpo e tentava limpar aquele sangue de seu vestido, gritava como se estivesse em chamas.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPkHqsOgJ3QGx0FQfkp7VTx8E071_Z9sLZWFUAyW3Fkbj567N8M2LbX08zmB0Xnn5MTtpL_-1TcSSbjAIH3aHpGCeOohfduAiNLNcg9wGkSGgwX0LWFw84_1UlORbBdXoWToCrVZzkrww/s1600/apocalypse-68.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPkHqsOgJ3QGx0FQfkp7VTx8E071_Z9sLZWFUAyW3Fkbj567N8M2LbX08zmB0Xnn5MTtpL_-1TcSSbjAIH3aHpGCeOohfduAiNLNcg9wGkSGgwX0LWFw84_1UlORbBdXoWToCrVZzkrww/s320/apocalypse-68.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Azathoth .'.]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">O luar estava estranho. O halo em volta da lua tinha um tom muito escarlate, e a própria lua era arroxeada, púrpura, malva, um desses tons que poucos sabem definir com precisão. Vários fachos de luz dançavam pela escuridão das colinas perto da cidade, atingindo pontos de saque cobiçados. E perto, uma casa já deixada totalmente em ruínas, que antes parecia congelada no tempo, finalmente cedia à violência das eras que se passavam.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O tanque havia sido só um instrumento das eras. Como Dan percebia que agora ele também havia sido só um instrumento, uma ferramenta nas mãos da doença que matou, pouco a pouco, parte de seu cérebro, desde a infância. depois do transe enquanto lia o Kleshayana (era Kleshayama? Kleshayana? pouca diferença fazia), que agora repousava dentro de sua mochila, um gatilho dentro de sua mente reagiu contra aquela existência zumbi, de catador de lixo e carniça, solto no mundo mas prisioneiro de suas próprias memórias faltantes.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Dan!" gritava Aury, amassando o vestido sujo de sangue arterial.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E ele já sabia. Seu nome era Dante e ele estava livre do seu passado, porque agora o conhecia. E não só seu passado, o passado de seu pai, de sua mãe, de seus avós, e voltando pelas eras e raízes até milênios atrás, se ele fizesse um esforço para recordar. Mas naquele momento, o esforço que mais o atordoava não era esse, e sim a visão de Aury gritando, tentando se livrar daquele cadáver sem cabeça e do vestido ensanguentado.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Jogou o cadáver do soldado para longe, e tentou ajudar a moça a limpar o vestido. Mas não, aquele vestido já estava imprestável desde antes, que dirá agora. E ela provavelmente perdeu todo o pouco que tinha com o ataque. As roupas do outro soldado, pensou Dante.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Venha," tranquilizou a Aury, segurando seu rosto machucado. "Vamos dar um jeito nisso, sair daqui e depois, temos o que conversar." A garota estacou, meio impressionada: "Você está diferente..." de repente lembrou que, no desespero, o chamou de Dan, e calou-se, meio ressabiada.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dante tirou o uniforme, em não muito bom estado, mas melhor do que o do soldado decapitado e muito melhor que o vestido de Aury, e percebeu que nela caberia perfeitamente, era de um sujeito baixinho e magro. Trouxe as roupas até a moça, e esta, percebendo a intenção, começou a despir-se.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aquilo que antes era uma enorme ferida, pelo menos era assim quando Dan a havia visto pela primeira e única vez, agora havia se reduzido a uma cicatriz fina. Ele estendeu a mão e tocou o corpo da garota. Desta vez ela não fez menção de recusa, como havia sido em outras vezes.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan sentia um desejo enorme por aquele corpo nu, e mais ainda, pela própria Aury. O luar estranho os banhava e ambos tinham um certo brilho febril nos olhos, vistos sob aquela luz. O cérebro de Dante fervilhava de informações que dançavam, como ele nunca havia experimentado antes, e isso lhe dava um certo prazer, ele sentia a energia correndo por suas sinapses, se sentia dono de seu corpo e de sua própria vida. E sentia um potencial parecido naquele corpo nu de Aury, concentrando-se, focado, naquele ferimento. Dante não sabia se milênios de existência da humanidade na Terra haviam mesmo preparado aquilo que ele sentia no cérebro e no corpo de Aury, despertos agora pelo purgatório que havia sido aquele mundo depois dos clarões apocalípticos... aquelas divagações lhe ocorreram em poucos segundos, e ele escolheu as ignorar, porque diante dele havia algo bem mais importante: Aury, que lhe tomava nos braços e o fazia sentir descargas de prazer ainda mais fortes. Quantas vezes haviam reprimido aquilo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E agora não estavam mais reprimidos, estavam livres. Era aquela a ilusão que parecia muito real, nos corpos nus agarrando-se numa ânsia e tesão quase sobrenaturais. Era tanta a ânsia que o primeiro contato durou pouco, em poucos minutos ela se fazia penetrar por ele, e em mais poucos minutos atingiam um orgasmo que aumentou ainda mais aquela sensação de liberdade.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Tentando controlar as sensações avassaladoras, Dante se desvencilhou de Aury e disse, "Vamos sair daqui logo, antes que mais soldados venham e nos encontrem assim. Acho que tenho um plano, vista logo esse uniforme." Foi checar as roupas do decapitado e viu que estavam também sujas de sangue, mas o pior era o fedor.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> A menina sorria enquanto vestia a roupa de soldado, consciente agora de coisas que antes não tinha ideia. "Vambora," ela riu, "você também vai precisar de um uniforme mais decente e importante que esse."</span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvl5vcfoS-I2b7zbXgDLnePunnGXAIQ3eyyruLPvj8sxm_ANl5uZBmJI96UMXt68pySmkzvU7bOsHEpJwrWD7MuWdFo_dAv7W5iwF5aq87CFP2hcZ-JU2eDwh5oCBIf2tALY7IVVIbgo8/s1600/r169_457x256_566_Lost_Road_2d_landscape_post_apocalyptic_picture_image_digital_art.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvl5vcfoS-I2b7zbXgDLnePunnGXAIQ3eyyruLPvj8sxm_ANl5uZBmJI96UMXt68pySmkzvU7bOsHEpJwrWD7MuWdFo_dAv7W5iwF5aq87CFP2hcZ-JU2eDwh5oCBIf2tALY7IVVIbgo8/s320/r169_457x256_566_Lost_Road_2d_landscape_post_apocalyptic_picture_image_digital_art.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Draven]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Conforme saiam, Dan e Aury não perceberam o vulto encapuzado que ainda seguia a moça, observando calado a todos os acontecimentos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O vulto parou sobre uma carcaça de um antigo guindaste que pairava sobre o local abandonado onde os jovens se encontravam há poucos momentos. Sondou o ambiente, esperando que outros soldados viessem, mas percebeu que eles ainda estavam longe.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Espiou um daqueles 'tanques' que vira agora há pouco e esboçou um sorriso sob o manto. Seria quase um sorriso imperceptível, se alguém pudesse realmente vê-lo. Sabia que não eram realmente antigas máquinas de guerra, e que aqueles não eram realmente soldados. Abaixo da carapaça blindada de um Panzer IV provavelmente estava algum motor primitivo remontado e reestruturado para ser movido a gasolina auxiliada por força humana. O canhão já não funcionava há muito tempo. Assim como as armas de fogo deles já estavam caindo aos pedaços, e eram quase menos eficiente que a arma mais usada nessa época de declínio tecnológico: obviamente, o arco e flecha.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Soldados... Que piada... Eram apenas saqueadores que provavelmente encontraram alguma base abandonada ou um museu...</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Claro que o vulto nunca havia visto realmente um Panzer, nem como as armas funcionavam em seu tempo áureo, e só sabia o que era um soldado, um museu ou um motor porque esse conhecimento lhe fora passado. Ninguém dessa época poderia ter visto realmente uma dessas coisas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Ao pensar nisso, também lembrou-se da cena que vira há pouco. O que aconteceu aos jovens. Nada de realmente impressionante, nada que não tenha visto algumas vezes. É certo que sua atitude seria moralmente repreensível, ao não se envolver no evento, mas quem poderia julgá-lo por isso? E se julgassem, quem poderia puni-lo? Aqui não havia lei, não havia ordem, e certamente não havia quem sequer pudesse vê-lo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Esperou até que os jovens estivessem distantes o suficiente para que continuasse os seguindo, incógnito, e partiu. Mas não sem deixar uma pequena surpresa para os saqueadores que logo chegariam: seu pequeno presente de agradecimento por terem apressado as coisas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Soltou o mesmo sorriso imperceptível momentos depois, quase se deliciando com os gritos que seguiram a explosão, e pensou o quanto era incrível o que se podia fazer com corpos decompostos, materiais subterrâneos, rochas e remédios velhos – coisas relativamente fáceis de achar. Nos tempos antigos, era chamado de Amatol, derivado do Trinitrotolueno.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Não deixaria que aquele lixo humano atrapalhasse sua tarefa. Não deixaria que nada ficasse no caminho da sua missão. Havia nascido para esse momento. E agora tudo estava acontecendo ainda melhor do que havia previsto.</span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Voltou para as sombras, e correu silenciosamente para alcançar novamente os jovens...</span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiROtcMDo7pEY4yXomFY8bqjBiV6piS8_AFmCWuhEZZVRiZ_Ka4bUlZiYIOpG1TMKoVOuealPkCsGKx_Tn5kCpI49KQ5u4b2XjL0p_dnGrL9WNXUft_dr7_Opya4_W6_hp7ZfLYXSgYPq8/s1600/PostApocalypseRome.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiROtcMDo7pEY4yXomFY8bqjBiV6piS8_AFmCWuhEZZVRiZ_Ka4bUlZiYIOpG1TMKoVOuealPkCsGKx_Tn5kCpI49KQ5u4b2XjL0p_dnGrL9WNXUft_dr7_Opya4_W6_hp7ZfLYXSgYPq8/s320/PostApocalypseRome.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Neith]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Após horas andando pela escuridão, numa direção que só Dan parecia saber onde iria chegar, Aury parou e sentou-se no chão.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Preciso descansar... meus pés doem tanto..." disse isso enquanto tirando as botinas, massageando os dedos. Dan parou e olhou para ela meio impaciente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Não podemos e nem devemos parar agora, temos que continuar, vamos, levante-se."</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aury continuou sentada.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Não, eu não aguento mais andar, você por acaso sabe aonde estamos indo? Não saio daqui até descansar um pouco." Dan irritado aproximou-se rapidamente e a pegou forte pelo braço puxando para cima.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Ou você se levanta agora e começa a caminhar, ou então..." Havia uma expressão de ameaça nos olhos dele, Aury sentiu seu corpo todo estremecer, seu braço ficou dolorido onde ele agarrara.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Me solte, eu não vou com você, se quiser pode continuar sozinho!" Ela estava irritada com a forma como Dan estava agindo nos últimos minutos, não parecia o mesmo, algo estava errado com ele. Puxou o braço com força, se soltando dele e se encolhendo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan sentiu o sangue ferver, então agarrou Aury pelos ombros e a fez ficar em pé, começou a arrastar a garota pelo caminho. Aury gritou para que parasse mas ele não a ouvia, continuava caminhando, ela tentou mordê-lo, então Dan fez algo que jamais poderia imaginar que fosse fazer, deu um forte tapa no rosto da garota, seus olhos estavam extremamente escuros como se fossem dois abismos sem sentimentos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aury se soltou assim que levou o tapa, com os olhos cheios de lágrimas e a mão sob a marca vermelha em seu rosto ela foi se afastando devagar, podia ver Dan ali, parado a sua frente, parecia outra pessoa, não demonstrava arrependimento, ficou apenas parado olhando para Aury com seus olhos gelados.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> A garota deu meia volta e começou a correr sem rumo, de vez em quando olhava para trás, na esperança de que Dan a estivesse seguindo para se desculpar, mas estava sozinha em meio a escuridão, correndo sabe-se lá para onde. Continuou correndo por algum tempo até encontrar um carro velho, então deitou-se no banco traseiro e adormeceu exausta.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan ficou parado olhando Aury sumir na escuridão, por um breve momento era como se não estivesse ali, sentia seu corpo, via tudo ao redor, mas não sabia exatamente o que estava acontecendo. Porque Aury estava correndo dele? Depois de alguns minutos Dan sentiu seu corpo doer, caiu de joelhos e com as mãos apoiadas no chão começou a tossir, a tosse era tão forte que parecia que seus pulmões iriam sair pela boca, o coração estava muito acelerado e ele não conseguia enxergar direito, estava tudo embaçado a sua frente, caiu de costas fazendo força para respirar, foi quando sentiu que algo ou alguém se aproximou.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Não conseguia identificar a criatura sombria que estava a sua frente, mas sentia em sua alma que era algo muito forte, a sombra tocou sua fronte de leve.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Não se preocupe, Dante, logo tudo vai ser como deveria ser, apenas descanse."</span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_aNNjxSEmXrV97pn7ywpC4KInc5kyBQHIjZ3FNv5hgRA5ao7hAlxVT6EJKGO80brxtTnxVJbIlzBrKv8JZX_MFoX5RorYky1u8Gc2_IQeeNRs9kW2kLBAr8uC5yrf-9zy2a9cfhIa4AQ/s1600/apocalypse-12.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="233" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_aNNjxSEmXrV97pn7ywpC4KInc5kyBQHIjZ3FNv5hgRA5ao7hAlxVT6EJKGO80brxtTnxVJbIlzBrKv8JZX_MFoX5RorYky1u8Gc2_IQeeNRs9kW2kLBAr8uC5yrf-9zy2a9cfhIa4AQ/s320/apocalypse-12.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Azathoth.'.]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">"Você não é único," declarou o vulto. "Existem outros como você, que nunca foram afetados negativamente pela doença. Pelo contrário: os buracos na mente, abertos pela doença, garantiram acesso às memórias de nossos antepassados... se você realmente fizer um esforço, esforço que não recomendo que faça agora, é claro... se não quiser morrer... poderá atingir camadas tão obscuras e enterradas, passando pelos elos perdidos da natureza, que acessará instintos animais primitivos, e de coisas que se imiscuíram na biologia humana em eras passadas."</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Eu e meus companheiros que vivem no subterrâneo somos como você. O que lhe aconteceu foi apenas que você foi tomado por um atavismo, se comportou como outra pessoa porque de fato tem outras pessoas dentro de si. Alguma coisa no meio do caminho pareceu muito com a situação que alguém em sua árvore genealógica havia passado, e esse alguém não era uma pessoa muito gentil."</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan continuava tonto enquanto ouvia o homem, que ao chegar mais perto, revelou-se muito pálido e de gestos teatrais; ainda não dava para ver seus olhos, encoberto por um capuz escuro, perfeito para vagar na noite de modo discreto.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "A minha casta tem acesso a coisas que você jamais imaginaria antes, simplesmente porque temos conhecimento e sabemos onde procurar. Sabemos truques... melhor não mencioná-los agora... mas somos todos irmãos de sangue, parentes, e nunca soube de nenhum de nós surgindo espontaneamente na superfície." O vulto mexia em algo dentro de seu manto de viagem. "Você não é um irmão de sangue, mas é um irmão de memórias, não é como esses lethean vulgares que moram aqui em cima. Como irmão, pude sentir sua confusão; os anciões chamam essa capacidade de empatia. Eu sei que você consegue me entender, não é mesmo? Só não consegue responder porque não domina bem o corpo... bem, precisará aprender a dominar o corpo, e para isso há um teste... Dante."</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan não notou que o estranho havia lhe tocado as vestes em algum momento, e agora se afastava dois passos, dizendo: "Se quer vir comigo e aprender a usar seu potencial, deve se livrar da garota."</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Muito bem, pensou o vulto. Vamos ver se ele cai nessa.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW7ucCqofSgGJTfyTioca2DSk_VauXi-ryrZnZOZPBdweLMklmSduagq76c3UCHdJ7E-LOoMz7xt2oVcDn-YceZqz_cDSyRWYSh7VaJ-4_3PYmSNxAUQ3WTVK3EDxMUoHBRwv1-vFFwQc/s1600/apocalypse-53.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW7ucCqofSgGJTfyTioca2DSk_VauXi-ryrZnZOZPBdweLMklmSduagq76c3UCHdJ7E-LOoMz7xt2oVcDn-YceZqz_cDSyRWYSh7VaJ-4_3PYmSNxAUQ3WTVK3EDxMUoHBRwv1-vFFwQc/s320/apocalypse-53.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Draven]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">“Como assim me livrar dela?!?”, foi o que Dan gritou, pouco antes de outro daqueles ataques de tosse. A ideia de se separar de Aury era impensável para ele. Não que ele já não tivesse considerado isso antes, mas com o passar do tempo percebeu que não faria isso. Ela era tão frágil, e precisava tanto dele... Não, ele estava mentindo para si mesmo, sabia disso, sabia que quem realmente precisava dela era ele.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Ora, fica ao seu gosto, meu caro Dante.” O homem parado à sua frente parecia fazer questão de pronunciar seu nome com certa entonação. “É o seu teste, afinal.”, continuou, despertando Dan daquele pensamento e lentamente o fazendo retornar à lucidez.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “E como vou saber que está falando a verdade? Como vou saber se não é um bandido, como os outros? Ou um desses insanos canibais?”, disse Dan asperamente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O homem discretamente recuou alguns passos, enquanto respondia com um ar de lógica fria: “Vocês estão cansados, e ficaram tão compenetrados em sua pequena discussão que qualquer um poderia tê-los matado. Vá, Dante, faça o que tem que fazer. Estarei observando... das sombras.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O homem sumiu entre os escombros escuros coberto pela noite, deixando um Dan indeciso sobre o que acreditar ou o que fazer...</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">****</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">A sombra sorriu ao perceber a pequena Aury observando a conversa dos dois, tentando se fazer escondida. Claro que ela voltaria, não poderia abandonar Dan daquele jeito. Ela obviamente o amava, e era retribuída.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> A sombra estava jogando com esses sentimentos. Não havia mentido totalmente para Dan, mas também não havia sido completamente honesto. A verdade é que praticamente todas as pessoas desse mundo tiveram, ao menos uma vez, aquele tipo de experiência. Elas apenas não lembravam.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aquele era realmente um teste, mas não um teste para Dan. Era um teste para Aury. Quase um século de experiências de seu povo finalmente haviam chegado a uma conclusão, e Aury era o que eles estavam esperando. Havia passado no teste físico, agora precisava passar no teste psicológico, e Dan era a chave.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Ambos iriam desempenhar o seu papel. A sombra sacou um pequeno dispositivo sob seu manto, algo letal conhecido como Taurus PT 938 Silenciada, preparada para o que tinha que fazer.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiIGU3O6N9NdqLs-XqBwYLPQWyDTphSqQEYn17BrxLHT-JcbaxCKD279pCtWJ35eqH8HQoU4kECq3Kt7hPrIqFEKphd8bmCuQ_N-q2f36_b1CskKH9nh4rUD471adje4iwv4CVfzO78gs/s1600/apocalypse1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiIGU3O6N9NdqLs-XqBwYLPQWyDTphSqQEYn17BrxLHT-JcbaxCKD279pCtWJ35eqH8HQoU4kECq3Kt7hPrIqFEKphd8bmCuQ_N-q2f36_b1CskKH9nh4rUD471adje4iwv4CVfzO78gs/s320/apocalypse1.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Neith]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">De onde Aury estava, não podia ouvir direito o que estavam conversando, mas ouviu perfeitamente a palavra "teste".</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "De que teste estão falando, quem é esse homem estranho?" pensava </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">muitas coisas ao mesmo tempo, teve vontade de entrar no meio da discussão e tirar Dan de lá, mas uma voz em sua mente dizia "espere, apenas espere".</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aury esperou, não sabia nem porque, mas esperou, essa voz agora em </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">sua cabeça, o que era aquilo? Será que finalmente ficaria louca como muitos que </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">perambulavam por aqueles locais?</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Assim que o homem de capuz se afastou, Aury foi em direção a Dan, que continuava deitado no chão, um olhar perdido na imensidão escura do céu estrelado.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Dan, levante-se, temos que sair daqui antes que..."</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aury nem teve tempo de dizer o resto da frase, sentiu uma movimentação estranha do ar, algo muito veloz veio em sua direção e atingiria em cheio a cabeça de Dante caso ela não tivesse percebido e o puxado de encontro a seu corpo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Neste momento Aury percebeu o mundo à sua volta mudar drasticamente, como se todas as ruínas voltassem a ser como um dia haviam sido, viu perfeitamente construções imensas e belas, árvores por todo um caminho e uma imensa bola amarela num céu azul, a bola amarela era o sol, mas Aury não sabia disso, ela não chegou a tempo de ver todas essas belezas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Ficou paralisada por um breve segundo e então tudo voltou a ser como </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">era, destruição e poeira por todos os lados.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> A sombra sorriu satisfeita, pois participou daquele momento junto com </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Aury, "Hum... esplêndido, exatamente como disseram que seria, agora posso </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">seguir com meu plano."</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dante fixou seus olhos em Aury, seu olhar novamente parecia sem vida, </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">era como se não reconhecesse a garota, Aury ficou olhando para ele sem nada </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">dizer, sentindo seu corpo quente abraçado ao dela, e por um breve instante </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">esqueceu-se de onde estavam.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Mas Dante quebrou o silêncio empurrando Aury com força.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Não é seguro que você fique comigo, Aury, mas também não é seguro </span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">que fique sozinha..."</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Ela se aproximou e tocou de leve o rosto de Dan.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Não conseguiria me afastar de você mesmo que eu quisesse, e agora sei que estamos sendo vigiados desde há muito tempo, precisamos de um plano Dan, mas não acho seguro que conversemos aqui, coisas estranhas estão acontecendo comigo e eu temo isso tudo mais do que nunca.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dante se levantou, e batendo na calça para tirar a poeira estendeu a mão para Aury.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> "Vamos seguir em frente, eu protegerei você."</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> No fundo Dan sentia que não saberia como fazer isso, como proteger Aury se ele próprio não havia se protegido daquela sombra que os seguira por toda a estrada?</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aury segurou a mão de Dan e nesse instante percebeu que algo dentro dela mudava, e mudava muito rápido, uma força crescia dentro da garota, algo sombrio e extremamente perigoso, ela deixou uma lágrima escapar ao pensar que isso poderia afastá-la para sempre de Dante.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEissyn9TskeO__JEkbHrQwayzYlxoL9nnfWu8UrmsVgwJxMjkLqxAcj8N9ip5-tXrfRMEsPwda-QfO7LWebpM2klSHKKLZdJllrqNPUfbCqeTBW65HDjMhYVe4VZDbv1jC1pZi2GNMqhWE/s1600/hAw2boi71j8sySmjKaIP0d2rZq5kgO_G.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEissyn9TskeO__JEkbHrQwayzYlxoL9nnfWu8UrmsVgwJxMjkLqxAcj8N9ip5-tXrfRMEsPwda-QfO7LWebpM2klSHKKLZdJllrqNPUfbCqeTBW65HDjMhYVe4VZDbv1jC1pZi2GNMqhWE/s320/hAw2boi71j8sySmjKaIP0d2rZq5kgO_G.jpg" width="294" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Azathoth.'.]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Andaram por mais ou menos uma semana, pelo caminho inverso do “exército” que havia devastado e saqueado a vila e as habitações próximas da casa de Aury. A casa que agora não passava de uma ruína.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Sonhos e pesadelos atacaram o sono de ambos os fugitivos, durante os sete dias daquela fuga pela estrada, alimentando-se dos suprimentos roubados dos soldados e de animais que tanto Aury quanto Dan conseguiam caçar e matar com uma facilidade surpreendente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Em um desses sonhos Aury andava pela casa, não uma ruína nem a casa abandonada em que viveu, andava em meio a uma festa ruidosa, aristocrática, os homens e mulheres riam, brindavam… Aury via um homem muito branco, usando uma roupa listrada que um velho da vila chamava de terno (roupa que o velho vestia, embora a do ancião fosse muito esfarrapada); o homem sorria para ela e erguia uma taça, brindando como na antiga cerimônia sazonal do povo da vila.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O sonho era em primeira pessoa, automatizado, seguindo uma espécie de roteiro, e Aury erguia uma taça, respondendo ao cumprimento do estranho. Enxergava a taça logo diante de seu rosto, e percebia que sua pele era tão mais morena que o normal … e então ia para aquele que seria seu quarto, todo mobiliado, e lá havia o espelho… e Aury enxergava então o seu corpo, um tanto parecido com ela mesma, mas quase mulata, os cabelos mais crespos, e ficava fascinada diante de si mesma, até que o homem de terno chegava por trás dela e… o sonho então se distorcia, e aconteciam outros sonhos, com Aury vivendo em outros corpos, nem sempre femininos… nem sempre humanos… nesses últimos sonhos, o fascínio muitas vezes dava lugar ao horror.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E muitos dos sonhos tinham como palco, a casa tão adorada. Outro dos sonhos que eram mais repetidos envolvia um homem que se parecia muito com Dan; e no sonho ele dizia se chamar, também, Dante. A diferença era que ele usava uma bengala para apoiar sua perna defeituosa, tinha olhos de uma cor diferente, e usava roupas que Aury nunca vira antes… e pedia para ela guardar um livro. O mesmo livro que o Dan real guardava na mochila.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Umas três ou quatro vezes, antes de dormir, os dois fizeram amor no mato rasteiro perto da estrada. Depois ficavam calados, sem saber o que dizer; e sabiam que acabariam sonhando, mas não conseguiam comentar o conteúdo dos sonhos um com o outro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Na sexta noite, Aury acordou em meio a um desses sonhos recorrentes, aquele que se chamava Dante, com seus olhos tão bonitos, pedia que ela não lesse o livro que deveria guardar; e ele partia para uma espécie de guerra … mas ela lia, assim mesmo. E descobria que o livro era só um comentário de um outro original, mas que trazia em si uma parte de um conhecimento, uma ideia: a humanidade tinha um propósito… era agente da entropia natural. Ciclos e ciclos de civilização, sempre se destruindo e destruindo o mundo ao redor. E, a cada ciclo, o alcance da humanidade, esse flagelo, aumentava… não demoraria muito, dizia o livro, para que o ser humano alcançasse as estrelas e ameaçasse destruir o universo. Os ciclos poderiam ser evitados se a humanidade acessasse suas próprias memórias raciais, enterradas lá no fundo do inconsciente, do sangue… mas as técnicas que o livro ensinava – eram parábolas estranhas que ocultavam métodos de acesso às memórias ocultas, parábolas muitas vezes sangrentas, envolvendo canibalismo, trepanação, orgias sadomasoquistas – não eram para deter os ciclos: pelo contrário, serviam para que o iniciado no Kleshayana, o veículo da corrupção, desfrutasse do prazer quase cósmico de viver, na própria mente, a deterioração do mundo, do universo, o sacrifício da existência nas mãos do flagelo humano.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E aquele Dante queria o livro escondido, mas o pegaria de volta, assim prometia nos sonhos. Só que, sabia a mulher de quem Aury acessava as memórias durante o sonho inexperiente, ele nunca havia voltado, talvez houvesse morrido.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aury observava o seu Dan dormindo a sono solto, mas um sono inquieto, e sentiu a tentação de abrir-lhe a mochila e ler o livro. Quem sabe ali houvesse alguma maneira de dominar os sonhos – haviam sonhos muito piores que aquele, de morte, assassinato, massacre, amor não-correspondido, guerra, peste… seu próprio corpo às vezes assumia formas estranhas, e ela se desesperava, presa em meio a um bando de animais em fuga.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Queria aprender como controlar aquilo – o livro a ajudaria?</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Tinha certeza de que Dan também sonhava suas próprias memórias, o comportamento dele ao acordar era muito parecido com o dela, olhava o horizonte, meio desfocado… e agora, as pálpebras do rapaz se mexiam, os olhos se movimentavam freneticamente, fechados. Sim, estava sonhando.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Não havia mais cicatriz alguma no corpo de Aury, e ela quase não se cansava ao correr pela estrada, sua resistência havia aumentado bastante, seus olhos – ela antes era um pouco míope, só o suficiente para conseguir sobreviver mesmo com a visão um tanto fraca, mais que isso, não conseguiria viver sozinha – agora eram aguçados como os de um falcão, e ela reagia a qualquer barulho no mato perto da estrada, com uma velocidade alarmante. Caçar era tão fácil agora… A garota sabia a razão disso tudo, nos sonhos a razão disso lhe aparecia, mas ela acabava esquecendo no primeiro minuto após o despertar… outra razão para procurar as tais parábolas no livro proibido.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Ela já ia tocando a mochila, certa de que Dan estava preso em seus próprios sonhos e não ouviria nada, quando teve a nítida impressão de que havia alguém perto, escondido e observando.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1z-6ryujKX-cqRq08mQVaBRKqVbua8K05PntkYb5eVCsqZluEdFfIqPmIqKninkeBIigSIYMxRHTzVrgEEUpChyphenhyphenRnqmqJS07a5xdgYotZDCxbkCyzvvH7CiFlqVzLyed1P2164bGQpjc/s1600/london-post-property-apocalypse.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1z-6ryujKX-cqRq08mQVaBRKqVbua8K05PntkYb5eVCsqZluEdFfIqPmIqKninkeBIigSIYMxRHTzVrgEEUpChyphenhyphenRnqmqJS07a5xdgYotZDCxbkCyzvvH7CiFlqVzLyed1P2164bGQpjc/s320/london-post-property-apocalypse.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Draven]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">“Aquilo estava fora dos planos”, pensou a sombra, enquanto começava a se preocupar. Era certo que Aury tinha exatamente as reações que eram esperadas, mas nos últimos dias percebeu que não apenas ela havia se desenvolvido, mas que Dan também apresentava exatamente as mesmas características. Havia algo muito errado nisso.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Com a da noite anterior, já haviam sido quatro tentativas de assassinato falhas, e a sombra já havia desistido dessa ideia. Precisara causar um abalo psicológico muito forte em Aury para testar os últimos aspectos da 'cura' que nela foi instalada, mas definitivamente matar Dan agora estava fora de cogitação.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Teorias passaram rapidamente pela sua cabeça, mas não era tão bom em biologia, não era sua área de atuação. Como 'cientista', sua especialidade era química, especialmente voltada à produção de materiais bélicos. Desconfiava que o material genético 'especial' de Aury poderia ter metamorfoseado algum tipo de vírus (sexualmente transmissível?) após sua alteração na noite em que a encontrou, mas isso só poderia ser confirmado se pudesse levá-la a seus anciões, o que estava fora de cogitação nesse momento. Uma coisa era dominar um humano psicologicamente abalado como era seu plano inicial, outra bem diferente era vencer dois humanos geneticamente melhorados, capturá-los vivos e carregá-los por quilômetros.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Não é que essa mudança em Dan fosse de todo ruim, talvez fosse exatamente isso que eles precisavam para salvar a humanidade, mas era um fator desconhecido, e fatores desconhecidos podem ser catastróficos. Sentia sua missão lentamente se transformando em fracasso...</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Ainda se lembra quando teve a honra de ser escolhido entre dezenas, para observar o andamento da última geração da experiência para criar o novo messias. Ele foi intitulado 'Guardião do Escolhido' por sua inteligência, capacidade e bravura, ainda jovem. E no dia de sua nomeação, a verdade lhe foi revelada: a humanidade estava prestes a morrer definitivamente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Os históricos dos seus ancestrais, soldados e cientistas sobreviventes da Segunda Grande Guerra Nuclear, que lhe foram passados indicavam que a humanidade havia contraído características marcantes e perigosas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> A Síndrome Genética Pós-Traumática, que chamavam na superfície de 'A Doença', era causada por uma derivação congênita do Transtorno de Estresse Pós-Traumático, uma doença psicológica comum em casos onde uma pessoa observa o horror da guerra. Quatro guerras mundiais e duas guerras mundiais nucleares gravaram isso profundamente nos genes humanos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Além disso, novas bactérias afetadas por radiação e dependência química a certas drogas, deterioraram significantemente o físico humano. Isso foi especialmente marcante no que diz respeito à regeneração dos tecidos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O único caso de aparente evolução foi a manifestação de memórias ancestrais, um aspecto fundamental para a sobrevivência da espécie no ambiente hostil da natureza. Porém, isso não os salvaria dos problemas criados pelo próprio homem.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Assim, seu grupo familiar, mesmo composto de poucas pessoas, se dedicou por décadas à procura de pesquisas e tecnologias pré-guerra para ajudá-los nessa tarefa. E, no final, a solução era ridiculamente simples, mas muito demorada e exigia muitas cobaias.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O que precisava se fazer era criar um ser humano melhorado, 'limpo', com um sistema imunológico mais consistente, e a solução estava em alguns animais que resistiram e se adaptaram à guerra. Especificamente, na organela chamado mitocôndria, que evoluía cerca de três vezes mais rápido que seus portadores. Então, inserindo uma pequena parcela do genoma modificado em um grupo de mulheres na superfície, em gerações elas passariam para suas herdeiras mulheres (devido à ausência da alteração que gerava o homem), até que uma possuiria os genes necessários que seriam ativados pela “Chave do Messias”, um composto que ativaria a modificação em sua amplitude.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O Messias era Aury. Ela havia passado pelo teste físico quando ele tinha injetado nela a Chave do Messias, e estava se desenvolvendo rapidamente. A única coisa que faltava era o teste psicológico, um abalo emocional muito forte, que demonstraria sua imunidade ao Transtorno de Estresse Pós-Traumático, e, consequentemente, à Síndrome Genética Pós-Traumática. E Dan era o elemento perfeito para causar esse abalo. Era, até se tornar um objetivo quase impossível.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> 'A sombra' era como se chamava, porque também era afetado pela 'Doença' e conseguia lembrar de tudo, exceto seu nome verdadeiro. Esquecer seu próprio nome era seu único tormento, mas parecia mais pesado que qualquer outro fardo. E agora, com a falha iminente, suas esperanças diminuíam.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Um último plano se formou em sua mente. Era arriscado, mas ele teria que usar o grupo de bandidos que tinha uma base na região, ao qual Aury e Dan haviam matado alguns membros recentemente. Se afastou rápida e silenciosamente dali, preparado para começar uma verdadeira caçada. Se pudesse empurrar os dois para a direção da base subterrânea de seu grupo, poderiam dominá-los lá.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Era arriscado, mas estava certo que poderia evitar que Aury morresse. Estava pronto para se sacrificar por Aury. Afinal, ela era seu Messias, seu Salvador, ela iria guiá-lo ao seu próprio nome.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Sentiu um calafrio na nuca. Não havia percebido algo muito importante, algo que poderia mudar tudo, algo que estava com eles, mas não sabia o que era. Algo desconhecido, uma sombra do verdadeiro mal...</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">***</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Aury sentiu aquele estranho sair. Podia perceber sua inquietude e suas preocupações, mesmo que não soubesse exatamente o que poderia ser, e por isso deixou a sombra em paz dessa vez. Não havia perigo nele, apenas algum tipo de obsessão que ela não compreendia.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O perigo agora estava na sua frente, naquele livro que ela abriu e começou a folhear, prestes a absorver seu terrível conteúdo …</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzjF4CE-6KHcEvMhfohNfDYzvldOFHb7FgJ3LrWsMPCDT8UIT6MW6ShmafGPyJbuJmH28QD1jk67QM8edwU884NgIGJVXLaMXEAvhup1N-9wvOHz2H8x18EPeMcFHNn2e4SqFTh-yKOOU/s1600/apocalypse-54.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzjF4CE-6KHcEvMhfohNfDYzvldOFHb7FgJ3LrWsMPCDT8UIT6MW6ShmafGPyJbuJmH28QD1jk67QM8edwU884NgIGJVXLaMXEAvhup1N-9wvOHz2H8x18EPeMcFHNn2e4SqFTh-yKOOU/s320/apocalypse-54.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Neith]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Aury observou cada gravura do livro com minuciosa atenção, as palavras pareciam não fazer muito sentido, mas mesmo assim leu cada uma delas, ao final do livro, uma última gravura, com uma extensa frase logo abaixo. Era o desenho de uma mulher envolta em sombras, estava nua e as sombras pareciam formar rostos, e todos os rostos pareciam olhar para o céu, a mulher olhava pra a frente com uma expressão austera e apontava o dedo para alguém. A frase não fazia sentido algum, “QHIPAÇUMTTHIQUAMPÇPHAMTQUIÇQUITHAMÇP”.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aury repetiu algumas vezes mais não conseguiu identificar o que poderia ser.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Fechou o livro e deitou-se novamente, ficou olhando para o céu, um céu escuro e feio, alguns relâmpagos as vezes faziam as nuvens se iluminarem e formarem terríveis espectros.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Sentiu sua vista turvar, e então, no mesmo céu onde antes havia nuvens apareceram palavras, as mesmas palavras sem sentido do livro... e então... elas se agitaram e se reorganizaram, formando frases que Aury entendia perfeitamente, e então, página por página no céu foram reescritas e organizadas de modo que Aury entendesse... e então... ela percebeu que as gravuras na verdade eram “gatilhos”, serviram apenas para fazê-la lembrar e entender cada frase do livro, a ultima imagem era uma sentença, a garota sentiu algo dentro de seu corpo fervilhar... e então... seus olhos tristes e melancólicos deram lugar a novos olhos... olhos vingativos e cheios de conhecimento.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan acordou e viu que Aury não estava ao seu lado, levantou-se assustado mas viu a garota a alguns metros, parada, olhando o horizonte. “O que está fazendo Aury?” aproximou-se da garota colocando suas mãos ao redor da cintura da garota.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Precisamos ir”, Aury olhou para Dante com tanta determinação que ele sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo, ele sabia que era ela, mas havia algo diferente em seu modo de agir, algo determinado e destemido.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Tudo bem, mas para onde você acha que devemos ir?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> A garota apontou para uma espécie de barracão que havia no horizonte, não estavam muito longe, algumas horas de caminhada e chegariam. “Vamos para lá.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O vulto que os seguia ficou feliz por ver que eles estavam na direção que ele queria, mas não entendia como a garota havia tomado essa decisão sem que ele tivesse interferido, de qualquer forma ele estava feliz, e tudo parecia estar dando certo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Seguiram o caminho sem nada dizer um ao outro, Dante estava cheio de perguntas e dúvidas com relação àquela mudança de Aury, por que ela estava tão diferente?</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Um pouco antes de chegarem ao local, Aury virou-se para trás, o caminho que haviam percorrido era cheio de destroços, o céu estava com uma cor âmbar num tom escuro e sujo, mesmo durante o dia as vezes parecia ser noite, ela olhou para um ponto perdido na estrada, com um olhar firme e uma voz autoritária disse “Não farei nunca aquilo que você espera.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan ficou assustado com a cena, será que Aury estava enlouquecendo? Ficou observando a garota passar por ele e seguir para a entrada principal do galpão.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Quando entraram foram pegos de surpresa, havia diversos 'soldados' lá dentro, carcaças humanas em trajes de guerra, todos gritaram e correram na direção de Dante e Aury para pegá-los, antes que eles chegassem mais perto Aury pronunciou uma frase que imediatamente surtiu efeito neles, todos caíram de joelhos com as mãos na cabeça, seus cérebros fervilhavam, as palavras de Aury buscavam dentro de suas lembranças, coisas que os paralisavam de medo e remorso.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dante ficou estacado olhando a cena, Aury se virou para ele e segurando sua mão continuou andando “Vamos Dan, é por aqui.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Chegaram ao fundo do lugar onde havia uma imensa máquina enferrujada, antes podia ser que a garota não reconhecesse aquilo, mas agora ela sabia o que era. Aquele imenso amontoado de ferro havia sido um dia uma das máquinas mais inteligentes do planeta, usado para interceptar milhões de mensagens e vigiar civis suspeitos, ela foi uma colaboradora para as guerras que aconteceram, graças a ela muitos morreram sem nem mesmo saber o porquê.</span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">A garota subiu na imensa máquina e puxou Dan para que fizesse o mesmo. “O que está acontecendo Aury?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O vulto entrou pela porta da frente e viu todos os homens caídos ao chão se contorcendo como vermes, olhou para o fundo e viu os dois jovens, ficou com raiva e correu até eles.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aury segurou as mãos de Dan, olhava seus olhos e sentia seu coração bater. “Dan, um dia vamos nos encontrar novamente, esteja preparado para se lembrar.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Mas...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dan não terminou a frase, o vulto se aproximou e sacando sua Taurus PT 938 atirou em seu peito fazendo o rapaz cair de joelhos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aury o segurou nos braços e seus olhos encheram-se de alegria ao ver que o tiro fora certeiro. “Pronto meu amor, agora você não precisará ver o que farei, você vai descansar e esperar até que eu o desperte novamente... não foi o que havíamos combinado?” ela beijou os lábios de Dan enquanto ele sorria sem saber o motivo e seus olhos fechavam-se lentamente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> A garota se levantou deixando o rapaz caído e olhou para o vulto “E agora, o que fará?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Você passou no ultimo teste Aury, agora devo levá-la a meus anciões, você está pronta.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Idiota!”</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNbU01nGLX3Zv1NB-BbV9gbkE0ypmtpwF51uUZP6oitbfP90ybjB_9dH8qPO-sfJgjjz6YoVJJ8tVMAKwGT7yfPejBc8d_EZ5U5kTUPOURmEAgDl66M33cdsKAWmrRDFZvFPOMn9OGQu8/s1600/2432989956_3fcfff1a94_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNbU01nGLX3Zv1NB-BbV9gbkE0ypmtpwF51uUZP6oitbfP90ybjB_9dH8qPO-sfJgjjz6YoVJJ8tVMAKwGT7yfPejBc8d_EZ5U5kTUPOURmEAgDl66M33cdsKAWmrRDFZvFPOMn9OGQu8/s1600/2432989956_3fcfff1a94_o.jpg" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dizendo isso a garota foi envolvida por uma névoa escura e cheia de ódio, “Por acaso achou que eu seria tola o suficiente para cair no jogo de vocês, humanos imundos?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O vulto ficou apreensivo, o que estava acontecendo afinal?</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> A névoa se desfez pouco a pouco e a garota estava agora nua, mas sua pele era grosseira como as escamas de uma serpente, seus pés eram como garras de pássaro e suas mãos pareciam mais longas com unhas afiadas, os olhos de Aury eram negros como as nuvens do céu noturno, e sua voz ecoava agora como trovões.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Ele deu um passo para trás.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Vincent!!” ela gritou e fez com que o teto tremesse.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O vulto caiu de costas e seu capuz caiu pelas costas deixando seu rosto moreno aparecer, tinha olhos azuis quase brancos, talvez uma anomalia genética, parte de seu rosto era como as escamas da pele de Aury agora.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Esse nome...” ele balbuciou e sentiu que sua cabeça iria explodir, com as mãos apertando a fronte pedia para que Aury parasse com aquilo.”Pare por favor...eu só queria...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Salvar a humanidade? É isso?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Ele tentou se levantar mas seu corpo doía e suas pernas não obedeciam.</span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">“Pois bem meu caro Vincent, eu estou aqui justamente para impedir que isso aconteça, ou acha que eu sempre fui uma tola que não sabia dos propósitos dos anciões?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Eu não entendo...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Claro que você não entende, sempre foi o cachorrinho deles, por acaso você algum dia questionou as ordens? Ou eles te explicaram o que você é?</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Tudo o que houve já estava programado, Dante foi quem planejou tudo isso, embora ele não se lembre... porque foi há muito tempo atrás. Mas tudo o que fiz, todas as minhas atitudes e todas as coisas que eu disse a ele eram “chaves”, “gatilhos” que o faria despertar assim que fosse o momento, mas você arruinou tudo isso com tua ignorância e traição!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Vincent se levantou finalmente e encarou Aury. “Traição?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Sim, você era um de nós, mas graças a tua cobiça pelos sentimentos humanos caiu nas mãos deles e foi “apagado” como todos os outros e colocado aqui, eles queriam criar o humano perfeito para povoar o mundo com pessoas perfeitas, mas só não contavam com uma surpresa, a primeira cobaia não era totalmente humana e por isso não foi modificada da forma como eles esperavam, ela criou um código, e usou de seus poderes para “esquecer” a verdade assim seria desperta na hora certa.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Você...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Sim, sempre foi eu, e eu sempre controlei aqueles que pensavam que me controlavam, embora quase inconsciente, eu mesma me prendi nesta teia de esquecimento para proteger o retorno de Dante, e você estragou tudo!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Mas a raça humana está em extinção...e agora o que faremos?” Vincent ajoelhou-se com o rosto entre as mãos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Imbecil!! Você NÃO é humano!!!! E este não é o planeta idiota deles!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Vincent sentiu como se fosse atingido por um raio.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Isso aqui é um mundo paralelo de simulação pós-apocalíptica, todos estamos vivendo uma mentira aprisionados aqui pelo tempo que eles desejarem, eles fizeram isso para que, depois que descobrissem a fórmula genética perfeita, pudessem pôr em ação o projeto de eliminação de humanos imperfeitos, embora isso já tenha começado há muito tempo sem que as pessoas saibam, eles usam doenças para o extermínio dos mais fracos.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Não consigo lembrar de nada disso, porque você consegue?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Você é apenas um fantoche para eles, apagaram tudo o que você conhecia sobre si mesmo.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “O que você fará, agora que despertou Aury?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Eu sei como atravessar o portal e ir para o mundo deles, lá os farei sofrer e liquidarei eu mesma com a humanidade, Dan estará me esperando em algum lugar, pronto para ser desperto daquele lado, e então, juntos faremos com que “os anciões” se arrependam de um dia ter nos aprisionado!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Aury... não me deixe aqui...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Você é um traidor e não significa nada para mim, eu mesma acabarei com tua vida, mas não agora, deixarei você aqui para que sofra com sua miséria!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Aury segurou na plaquinha que carregava em seu pescoço e apertou forte, puxou arrancando e assim uma intensa luz se formou ao redor de Aury que pronunciou s palavra “QHIPAÇUMTTHIQUAMPÇPHAMTQUIÇQUITHAMÇP” e sumiu do galpão.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Um eco ainda pairava sobre a cabeça de Vincent, “ANIQUILAR A HUMANIDADE É A UNICA OPÇÃO, ELES NÃO MERECEM VIVER ENTRE NÓS”.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFK6QuJhIpqz1JesPqFe93IJrGEZsJwi4gmdcN08TZBdgjVFeiUqJAu0tB7mcM4BA-HEBHXwmfvcYDTJQpXu1I5vShS3iGyTrSpsa12w8Iu7ovgCo0y89v012xegn3ejU6ddfJTGzdG4U/s1600/apocalypse-111.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="232" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFK6QuJhIpqz1JesPqFe93IJrGEZsJwi4gmdcN08TZBdgjVFeiUqJAu0tB7mcM4BA-HEBHXwmfvcYDTJQpXu1I5vShS3iGyTrSpsa12w8Iu7ovgCo0y89v012xegn3ejU6ddfJTGzdG4U/s320/apocalypse-111.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">[Azathoth.'.]</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">O vulto, ou Vincent, ou o vulto de Vincent, arrastou-se um pouco e depois conseguiu se pôr de pé e ir até a máquina onde ainda jazia o cadáver de Dante. Do lado do corpo, as roupas velhas que Aury vestira, deixadas mais ou menos no lugar onde ela, há pouco, havia sumido.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Afinal de contas, pensou ele, essa história toda me causou um grande impacto, mas também pode não ser exatamente como ela disse. Eu sou um cientista, afinal – ou pelo menos acho que sou. Tenho de verificar isso.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Começou a mexer no maquinário, abriu a mochila dos dois para ver se havia alguma coisa que havia lhe escapado ao escrutínio e percebeu... o diabo do livro. Estava ali.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E ele precisava ler.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O treinamento dos anciões o havia dotado de leitura rápida. As páginas se passavam, a informação era absorvida, sem críticas, sem julgamento... sem proteções.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Concentração total no livro significava distração total para com o ambiente.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Então, Vincent foi surpreendido pela mão em seu pescoço. Ela apertava, ele perdeu o fôlego, e ia desmaiar, se a força não relaxasse e lhe permitisse recuperar o ar.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dante. Estava vivo. “Você!” gritou o moço redivivo, “Foi longe demais no seu papel. Eu quase morri, seu idiota.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Vincent ficou sem reação; o tempo concentrado no Kleshayana o havia perturbado o suficiente para que ele não pudesse responder nem mesmo àquela frase: só olhava assustado.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Você não conseguiu se valer dos gatilhos que o levariam a fazer as coisas direito, e agora estragou tudo. Ela está achando coisas demais, distorcidas, e você atrapalhou o plano ancestral.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Do que está falando?” gritou Vincent, frustrado.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Aqui, seu imbecil.” E Dante ligou a máquina. “Comunicação e transporte tornaram-se a mesma coisa, eras atrás... antes do Segundo Holocausto Nuclear; antes do Pulso Eletromagnético Global; antes da Doença. Esta foi uma das máquinas que sobraram, que ainda funcionam, embora mal, e só há uma outra... funcionando... vê?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dante continuou: “Parece um milagre que as baterias não tenham se esgotado, mas elas duram muito e foram renovadas pelo povo do subterrâneo, que espera... em vão, graças a você.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Agora, em vez de se achar a salvadora da humanidade, ela crê ser uma alienígena. E com certeza ela É uma alienígena, não duvide disso. Nós aproveitamos o DNA extraterrestre o suficiente para que nos vingássemos dos alienígenas que causaram o pulso e que criaram essa doença... tentando nos conter aqui no planeta, evitar o destino da humanidade, como o interpreta mal esse livro que você tem nas mãos... e ao mesmo tempo fortalecêssemos a espécie humana com uma figura messiânica como ela, produto da evolução; ápice do progresso humano; redentora dos erros da humanidade; e qualquer outro blá-blá-blá que você possa imaginar.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “E o que ela vai fazer agora?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Os circuitos desta máquina agora estão inoperantes por causa do teleporte malfeito. Não tenho como saber se ela realmente atingiu a outra estação, que fica perto de um local estratégico onde ela seria aclamada, assim dizem as probabilidades calculadas, como a Messias.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Vincent examinou a máquina. “Pelo estado dela, acho que não. Mas como ela conseguiu avariar a máquina assim, e por quê você não a impediu?”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Eu não havia desperto totalmente do sono. O seu tiro foi o que me consertou todas as memórias, irônico, não é mesmo? Então, eu não sabia no que ela estava mexendo. E se soubesse... teria feito algum movimento que ela interpretaria mal e, quem sabe eu estivesse morto de verdade, quem sabe onde teríamos ido parar. Talvez tudo desse ainda mais errado. E eu não consegui me mexer após o tiro, não até que ela tivesse ido embora de vez.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Pela cena que presenciei, ela agora odeia a humanidade e vai desencadear outro apocalipse.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Ou pelo menos vai tentar fazer isso. Provável que tenha poder o suficiente agora. Talvez as ações dela, a longo prazo, sejam ainda mais devastadoras do que os efeitos que vá gerar... lá onde ela foi parar.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Será que, com um exame mais demorado, não dê para identificar onde ela foi parar e irmos detê-la? Posso acionar outros irmãos na causa e...”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Esqueça. EU é que tenho memórias de milhares de vidas, milhares de planos, não você, percebe? Já vi que a máquina está irremediavelmente sem conserto, meus conhecimentos vão além dos seus.” Dante sorriu amargo, pôs a mão no ombro de Vincent, que franzia a testa: “Não precisa se ressentir só porque eu sou superior a você. Nós dois somos inferiores a ela, por mais louca que ela seja: então, estamos no mesmo barco.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Que é que vamos fazer, então? Dê as ordens.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Será um tabuleiro de xadrez entre eu e ela. E eu e você orquestraremos contramedidas e providências para minimizar os efeitos que ela vai causar... por exemplo, teremos de fundar certas famílias; mexer na ordem social devagarinho, criar pelo menos duas religiões novas com minhas informações privilegiadas do passado; soltar no mundo os prisioneiros daquela subespécie humana, os neanderthal, que foi recriada antes da Quarta Guerra Mundial; eliminar esses bandos de 'soldados' itinerantes; recuperar uma série de tecnologias que estão dispersas e latentes pelo planeta... Vamos retomar o plano original depois disso tudo... algum descendente meu vai se ocupar disso, tenho certeza.”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “É claro. E tenho também certeza que haverão muitas mulheres no nosso povo eleito que ficarão satisfeitas de dar-lhe descendentes...” E Vincent, o Vulto, curvou-se diante do novo líder dos anciões do reino subterrâneo de Aggartha, o Grão-Mestre Dante.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">***</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Muito longe dali, Aury andava por uma paisagem muito diferente da onde havia estado antes, no outro lado do mundo, totalmente certa de que havia retornado ao mundo real, longe daquela simulação imunda, e cheia de ódio contra os humanos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Dentro de seu ventre, uma minúscula criança humana, filha de Dante, se desenvolvia...</span><br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/epilogo-entre-um-apocalipse-e-outro.html"><epílogo></epílogo></a></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji4l8gY53dByrHqO8qZylsnNHb_KQ9YK3wFT2E5qF1yRcLt6puRyZrUnjN9KegRs_mFFUbmpDHOI_vFcsgpxfZeBIyixK55nUCZkfjIUIJfcn4vdR8JfhQkG8DxOaoS-8xlGr6wZR5bnA/s1600/giger_f.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="433" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji4l8gY53dByrHqO8qZylsnNHb_KQ9YK3wFT2E5qF1yRcLt6puRyZrUnjN9KegRs_mFFUbmpDHOI_vFcsgpxfZeBIyixK55nUCZkfjIUIJfcn4vdR8JfhQkG8DxOaoS-8xlGr6wZR5bnA/s640/giger_f.jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-67118341417911181492011-04-05T18:42:00.003-03:002011-04-12T13:35:03.244-03:00ESCARLATE E RUBROArthur Ferreira Jr.'. conjura do <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Ermo%20da%20Condena%C3%A7%C3%A3o">Ermo da Condenação </a>o Nono Episódio da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1eZImzzi6R0WMafCQoxuc6mVwT6gJ_HxFoLKkEKOIL54VTCgW0St_Bvb-7UqzLyfMPQgEQ0AyA_BS22YmvjQ8TjqrBbLpp2zBk9_pYiYvaxnEZ484i4OOgad-T8siSZHc5BhvULmpAS8/s1600/camile+d%2527errico+JerrellsBDay.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1eZImzzi6R0WMafCQoxuc6mVwT6gJ_HxFoLKkEKOIL54VTCgW0St_Bvb-7UqzLyfMPQgEQ0AyA_BS22YmvjQ8TjqrBbLpp2zBk9_pYiYvaxnEZ484i4OOgad-T8siSZHc5BhvULmpAS8/s320/camile+d%2527errico+JerrellsBDay.jpg" width="242" /></a></div><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">CHARYA QUASE ENTRAVA EM DESESPERO ao ver que, apesar de ter sido abalada pelos primeiros golpes, a criatura que saíra dos olhos da Prodígio de azul havia se recuperado muito rapidamente e um de seus tentáculos havia conseguido agarrar Dova de jeito; ela agora se debatia a vários metros de altura.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Pelo menos, parecia que o fogo azul que cobria o monstro, vindo da espada curta da novata de azul, tornava a criatura mais fácil de atingir e, toda vez que Charya conseguia atingir a substância viscosa que o compunha de jeito, um frenesi se apoderava dela e seus golpes ficavam mais potentes, ela esquecia o cansaço e os ferimentos. O que era aquele misterioso fogo-fátuo, depois que tudo acabasse, Charya sentia obrigação de descobrir.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O problema é que o monstro parecia não cair com muita facilidade, ao contrário dos camaleões-do-meio-dia que comandava e que estavam sendo dizimados por Euro, Azif e pelos contrabandistas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “DROGA!” Charya ouviu o grito do meio-neander chegando mais perto, correndo e berrando, “Temos que libertar Dova!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Eu acho que não dá, irmão...” soou a voz de Azif perto do ouvido esquerdo de Charya. Como ele havia chegado ali tão rápido, não estava do outro lado do campo de batalha há poucos segundos? “Se eu entendi direito o que você me disse, Euro, eu vou tentar algo ainda mais arriscado!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> <i> Do que estão falando?</i> A força telepática de Charya, potente como a força dos golpes de katana que ela aplicava no monstro, soou na mente dos dois Prodígios. “Você vai ver agora, prima” sussurrou Azif no ouvido da Prodígio Vermelha, e agarrou a cintura da moça.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Charya só não se surpreendeu mais do que o fato de que, um instante depois, estava suspensa no ar perto de Dova, havia se desmaterializado e recomposto em pleno ar... e ouviu os brados de Euro logo abaixo, “Use seu toque mágico nela, Dova!” e Azif gritando, “Uma bênção como a que você nos deu!” Charya ainda sentia um formigamento na cintura onde Azif a tinha agarrado, quando os dedos de Dova conseguiram tocar em sua cabeça, justo antes da inércia espacial do teleporte de Azif se quebrar e a Prodígio Vermelha começar a cair.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Enquanto Charya caía, uma voz gritava em sua cabeça, “EU! EU! EU! EU! EU!...” e ela percebeu que o tempo se desacelerava, sua mente ardia e a voz que ouvia era a sua própria...</span><br />
<br />
<i><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">É estranho... onde caí? No chão é que não foi.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Deuses, me sinto tão atordoada como naquele dia... quatro anos atrás. Só vejo algumas formas na minha frente... cinco formas... e um clarão!</span></i><br />
<br />
<i></i><br />
<i></i><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFJkVS3d3Ge-ei-Dk1SO3y-lqU6brfnbGeLcWgANKSA6r3obsgLn4BsctMPgHWrTqb36v4bhO0bXXDKMAByJoLec5roXNrj2AP-J8xzidSmrzFP0KfY8TzczOrrfIn9xTPQtZM08yrRx4/s1600/William-Blake-Emotions-Horror-People-Men-Modern-Times-Classicism.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFJkVS3d3Ge-ei-Dk1SO3y-lqU6brfnbGeLcWgANKSA6r3obsgLn4BsctMPgHWrTqb36v4bhO0bXXDKMAByJoLec5roXNrj2AP-J8xzidSmrzFP0KfY8TzczOrrfIn9xTPQtZM08yrRx4/s320/William-Blake-Emotions-Horror-People-Men-Modern-Times-Classicism.jpg" width="320" /></a></div><i><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"></span></i><br />
<i><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> É como se tivesse voltado àquele dia, preciso controlar minha mente... que está acontecendo... o Ermo está quente como nunca, o sol a pino... só pontos avermelhados diante de mim... rastejando como uma coisa pelo Ermo... e sou só uma coisa: nem nome tenho, nem sei quem sou.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Fome.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Sede.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Calor.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Quem me abandonou aqui? Logo esta pergunta deixa de fazer sentido, vejo um homem se aproximando de mim... e com ele outras pessoas. Dois garotos, e algumas outras pessoas que se mantém à distância.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Só consigo enxergar seu bigode grisalho e as vestes de nômade chegando perto, me apavoro, mas ele me segura com gentileza e pede ajuda aos dois meninos. Um deles tem uma cara estranha e deve ter menos de dez anos; o outro deve ser mais ou menos da minha idade... mas que idade tenho? </span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Disso tenho certeza: tenho treze anos. Ou tinha naquele momento, por quê o estou revivendo?</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Papai,” ouço a voz do ruivinho, “o que é essa voz dentro da minha cabeça? Ela tá perguntando por que tá revivendo este momento...”</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Ah!” a voz do velho se faz ouvir em meus ouvidos cansados, enquanto ele me carrega, “Telepatia! Isto é tão raro, tão útil, que ela merece ser salva mesmo que eu não tivesse um pingo de compaixão nas veias!”</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> O rapaz da minha idade me dá água de um cantil. A expressão dele é tanto de fascínio quanto de medo.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Mas eles me acolheram. E naquele momento me senti especial, eu que não era ninguém. Sentia-me conectada às mentes deles... e talvez eles não houvessem percebido nada, apesar do rapaz de cabelos negros não tirar os olhos de mim.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E aquela sensação nunca se repetiu.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Fui treinada como sentinela pelo Grão-Mestre, e ele determinou que eu só podia transmitir mensagens telepáticas – nem imagens, nem conceitos, nem sondar mentes, só falar, falar e falar.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Azif,” dizia o Grão-Mestre, “pelo próprio dom de sua mente, Charya é um Prodígio. E se é um Prodígio como você, os dois receberão o paradoxo no mesmo dia. Não é isso que você queria? Que ela recebesse um uniforme?”</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> No dia em que Azif fez quinze anos e eu dezesseis, recebemos dois uniformes idênticos. Tinham a cor da terra do Ermo, como um coágulo. Só que enquanto Azif ficou muito tonto e ajoelhava-se no chão pedindo perdão, seu paradoxo enegreceu e espinhos metálicos dele brotaram, eu o empurrei na cerimônia de oferta e saí correndo, vestida de vermelho, escarlate e rubro, e me perdi nos cânions porque ninguém conseguiu me achar até o dia seguinte.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E estou perdida de novo. No escuro, as cinco formas se tornam mais visíveis: são cinco garotas iguais a mim, em cada detalhe, exceto que não portam armadoxo algum e, cada uma delas tem uma cor diferente de traje: azul, amarelo, branco, negro... e vermelho como eu.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Elas me atacam, e é uma luta desigual num corredor indefinido. As portas estão trancadas e não consigo escapar delas. Mato a cópia de negro, mas ela volta a viver... e acontece o mesmo com a de branco... e eu não consigo atacar a que é igual a mim.</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Essa maldita!</span></i><br />
<br />
<i></i><br />
<i></i><br />
<i></i><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOB2FE5tXV0lgmi6eq5xkX70_kDzimzMIqoV4wIhPapCNcqE131PV3oMoUMYblXIvzJCc45lYozFYNrwzknZVkkXT27u6phx9mTVyJcF0eXGszDzGJQAyfuY6DdUtLl-tYF4IdCNuL76k/s1600/YP4ICQ7_sj-ozsB0y6-FxHw7ZU8siwCD.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOB2FE5tXV0lgmi6eq5xkX70_kDzimzMIqoV4wIhPapCNcqE131PV3oMoUMYblXIvzJCc45lYozFYNrwzknZVkkXT27u6phx9mTVyJcF0eXGszDzGJQAyfuY6DdUtLl-tYF4IdCNuL76k/s320/YP4ICQ7_sj-ozsB0y6-FxHw7ZU8siwCD.jpg" width="320" /></a></div><i><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"></span></i><br />
<i><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Onde eu estava antes? Deve ser isso, deve ser isso, antes que eu morra, é melhor que eu morra!</span></i><br />
<br />
<i><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Paradoxo... </span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Agarro a cópia vermelha pela garganta e a sufoco até que ela morra; as outras observam caladas, como se esperassem... o duplo se esvai, desaparecendo, e tudo explode num grande clarão...</span><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><br style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E eu solto um grito de pura satisfação de conseguir me libertar...</span></i><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Continuem atacando!” gritava Euro, com Charya nos braços. “Ela vai voltar a si!” Lá em cima, Dova estava quase sufocada pelos tentáculos do monstro. Tocar em Charya havia sido um esforço que a deixou vulnerável ao aperto da criatura.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> E quando parecia que não havia mais jeito, Azif girando sua cimitarra sobre a substância bizarra do Mensageiro, Berya tentando desequilibrá-lo com sua espada, sem efeito algum... os contrabandistas atacando com suas armas de choque... a Prodígio de vermelho abre os olhos acordando, grita empunhando sua katana, e Euro é o primeiro a sentir o impacto, a conexão em sua mente, algo que havia sentido apenas uma vez, quatro anos antes.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Azif também percebe, e sua lembrança é ainda mais real; Berya sente na mente um contato que não é invasivo como foi o do monstro a possuindo, e Dova, quase desfalecendo, ganha vida nova e consegue desvencilhar seu báculo do tentáculo do Mensageiro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> A força de todos os quatro é canalizada para Charya e o grito continua, só que desta vez, com potência telepática total, direcionada contra o monstro gigante; Charya salta para a frente e acompanha o grito com uma perfuração funda na substância da criatura, fazendo com que ela trema freneticamente, largando Dova.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> A Prodígio de branco cai no chão como se fosse uma pluma, com um giro acrobático, e o Mensageiro explode como se fosse um mero camaleão-do-meio-dia atingido por Charya.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Os contrabandistas suspendem o ataque e o Grão-Mestre corre em direção dos garotos, “Muito bem, Charya! Sabia que vocês conseguiriam! É um Prodígio!”</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Mas ela não aguenta nem dez segundos em pé, e ao cair também desabam, como em sincronia, os outros quatro Prodígios. Antes de desmaiar, só teve forças de dizer:</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> <a href="http://www.youtube.com/watch?v=wV1FrqwZyKw">“Eu nasci assim.”</a></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5JiMHP_3wQT3KBm5R8KIYC0mqIF7n3B1KeXRaMCKJ_QxB7BI8vE-QxoIuV_WyzP6fTvQ8UPVS5QdZttGopK34gXMnX57KoKRztDoXJLHsj2VFxqIWupvybo0z62pn2v1zMdHe8ps4SbA/s1600/zupiphillipstraub.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5JiMHP_3wQT3KBm5R8KIYC0mqIF7n3B1KeXRaMCKJ_QxB7BI8vE-QxoIuV_WyzP6fTvQ8UPVS5QdZttGopK34gXMnX57KoKRztDoXJLHsj2VFxqIWupvybo0z62pn2v1zMdHe8ps4SbA/s640/zupiphillipstraub.jpg" width="627" /></a></div><br />
<br />
<div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/orialco-e-ambar.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a></span><br />
<span style="font-size: large;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/trevas-e-metal.html">LEIA O EPISÓDIO SEGUINTE </a></span></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-76415304756563911862011-04-04T15:52:00.003-03:002011-04-05T18:46:52.534-03:00ORIALCO E ÂMBAR<span style="font-size: large;">Arthur Ferreira Jr.'.</span> ouviu as lendas dos <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/neanderthal">Neander</a> e traz para você o Oitavo Episódio da <span style="font-size: large;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a>!</span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7ilBX1VnGRB1JTdaf1OetkxG05HSu-Bv3c1N6pXeBByHyr3GDqc3z-oc_doc9scuX68UA7aEc4NLNKF9614TcePEX42UrRB4HGMxywBpCbU6w3PB1GkDsvBd0EuJgaY63NJuX6KjWSBg/s1600/Beksinski_10.jpg_Thumbnail1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7ilBX1VnGRB1JTdaf1OetkxG05HSu-Bv3c1N6pXeBByHyr3GDqc3z-oc_doc9scuX68UA7aEc4NLNKF9614TcePEX42UrRB4HGMxywBpCbU6w3PB1GkDsvBd0EuJgaY63NJuX6KjWSBg/s320/Beksinski_10.jpg_Thumbnail1.jpg" width="268" /></a><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">EURO VIU O MONSTRO QUE NÃO PERTENCIA a este mundo girar seus tentáculos, cada vez mais sólidos, sobre Dova, Charya e a desconhecida de azul. Aquela coisa era muito maior que os camaleões-do-meio-dia que o meio-neander conseguira dissipar com tanta facilidade, e parecia muito mais perigosa. Exalava um cheiro quase idêntico às boreais que infestavam o Ermo da Condenação, e isso o irritava mais do que tudo.</span><br />
<div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> Com um movimento amplo, o Prodígio Amarelo desintegrou três ou quatro camaleões que o cercavam – nem mesmo uma fumacinha deixavam para trás, e isso assombrava Azif, do outro lado do campo de batalha – abrindo espaço para que saltasse quase por sobre a altura dos paredões do labirinto-penhasco, e descesse rodando os punhos com força e brutalidade.</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> A desconhecida de azul-cobalto – Berya Mordekai – havia saído de seu torpor e sua espada curta agora se envolvia numa chama também azul, golpeando o monstro com ímpeto: o fogo-fátuo se espalhou da lâmina para o corpo da criatura, que ficou irradiada por uma aura no mesmo padrão daquele fogo. As cores terríveis que dançavam naquele ser não faziam mais sentido então, irritavam menos a Euro, mas isso não o impediu de atingir o monstro em cheio. Por um momento fugaz Euro esteve dentro da massa do Mensageiro, seu uniforme-paradoxo rasgando a essência do invasor, seus punhos dilacerando a substância viscosa que cobria a tal essência. Ao sair girando, deslocando areia e pedras, e assumindo a três passos de distância uma posição de batalha, perto de Azif, Euro se sentiu queimado e ao mesmo tempo revigorado pelo fogo-fátuo que Berya havia infundido no inimigo: sentia sua energia se renovar e os poucos ferimentos que havia sofrido, começarem a cicatrizar.</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> O monstro estava abalado com esses dois ataques formidáveis, mas longe de estar derrotado. Euro viu Charya e Dova preparem-se para atacar o Mensageiro e ouviu o Grão-Mestre gritar alguma coisa atrás de si, mas não compreendeu o que era, pois sua pose de batalha era um instante de meditação, o retrospectar neander...</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>Euro, filho da Matriarca Kashramael, filho adotivo do Grão-Mestre Fídias Bendante, filho de um neander do clã Adonai da tribo Quadmon; o clã faz parte da tribo, e a tribo está no clã.</i></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;"></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwlVDMeUooH-FuAuR6ywBR8MzWw2nVbfVM7w5KSxBExRXCYgqBr7FL9hWapHkdt8EeCeQk8d8uVJtSdejUA881yjyBH2ySMDYH9Uu8_O3HyKSQ5Ln7QpkuyrxuoXZ62CH5FzX2Y9Z2jZ0/s1600/neanderthal-278x225.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwlVDMeUooH-FuAuR6ywBR8MzWw2nVbfVM7w5KSxBExRXCYgqBr7FL9hWapHkdt8EeCeQk8d8uVJtSdejUA881yjyBH2ySMDYH9Uu8_O3HyKSQ5Ln7QpkuyrxuoXZ62CH5FzX2Y9Z2jZ0/s1600/neanderthal-278x225.jpg" /></a><i> O tempo nada significa e só a união importa; a união aviva minha memória. Lembro de ter onze anos e descer a cavernália junto com meu pai Fídias; lembro de encontramos o clã Adonai e nele não reconheço quem é meu pai neander, mas sei que ali ele estava. Todos de paradoxo amarronzado, como se feitos de argila a lhes cobrir os corpos robustos, e uma neander se aproxima de Fídias, lhe entregando um grande carregamento de fio para as tearcubadeiras do acampamento. Em troca desse material essencial para gerar mais uniformes-paradoxo, Fídias lhes oferece um grande carregamento de moedas de latão da Terra Castanha. O que o clã Adonai fará com essas moedas estrangeiras, eu não sei nem me é explicado, nem me importa: pois eu invejo os paradoxos, e quero um para mim.<br />
<br />
A mulher me explica que são poucos os meicroma, híbridos como eu, que podem usar o paradoxo. Muitos morrem no momento da união, e a razão por trás disso é um segredo da tribo Quadmon. Ela não quer que eu morra, quer que eu fique com meu pai Fídias e o ajude, porque o ajudar é ajudar o Povo Neander.<br />
<br />
Enquanto ela me conta uma parábola sobre a origem de meu povo, presto pouca atenção, porque um dos jovens Adonai treina junto com outros do clã e executa uma manobra incrível com seu uniforme-paradoxo: gira socando, os pés numa movimentação exata, salta vários metros até quase o forro da gruta, e cai sobre o grupo que com ele treina, derrubando todos eles com socos e chutes quase impossíveis... impossíveis se eu não tivesse visto.<br />
</i></div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibkajvJkLn5pOGW7L-nUVle7yngohKoysJdTJZ-g-2pPN8qvok2KS8rEqJp-WxLtJY1-tTMfcWJDVwfZwrnN5uF5BXDzPhqANoOHctQbgBJSkXEK1U9sy2DY4TinoPRgWiugPI7akih44/s1600/Neanderthal_woman.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibkajvJkLn5pOGW7L-nUVle7yngohKoysJdTJZ-g-2pPN8qvok2KS8rEqJp-WxLtJY1-tTMfcWJDVwfZwrnN5uF5BXDzPhqANoOHctQbgBJSkXEK1U9sy2DY4TinoPRgWiugPI7akih44/s320/Neanderthal_woman.jpg" width="264" /></a></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i> Visto e executado. Visto e lembrado que todos eles estariam mortos um ano depois, saqueados pela guarda do Alto Sacerdote da Terra Castanha... Euro, filho da Matriarca Kashramael, filho adotivo do Grão-Mestre Fídias Bendante, filho de um neander do extinto clã Adonai da eterna tribo Quadmon; o clã faz parte da tribo, e a tribo está no clã.</i></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Há um faiscar de armas de choque por trás dele, e Euro parece fitar impiedoso o monstro que é atacado por Dova e Charya, os cabelos ruivos e revoltos, agitados pelo vento que uivava no cânion. Azif grita para ele, ocupado com os camaleões que atacam tanto a ele quanto ao próprio Euro: “Rapaz, que é que está fazendo aí parado? Me ajude aqui!”</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> “A união, Azif!” grita Euro de volta, desintegrando um camaleão enquanto se volta para o Prodígio Negro, memórias de incontáveis batalhas do Povo Neander ainda firmes em sua mente, “Vamos acabar com estes aqui logo, porque só há uma maneira de...” e abateu mais uma massa amorfa, “... derrotar esse monstro, e eu acabei de retrospectar essa maneira!”</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> <i>Essas táticas neander</i>, pensou Azif e olhou para o pai, que atirava com a armachoque e fazia um sinal afirmativo com a cabeça. <i>Não haviam me dito que às vezes esses truques não dão certo?</i></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> “E se falhar, irmão?” bradou Azif enquanto se esforçava para eliminar os últimos camaleões-do-meio-dia, com a ajuda também dos contrabandistas que os atacavam com coragem embora às vezes pouca eficácia.</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> “Se falharmos...” gritava Euro, destruindo mais dois camaleões enquanto, por trás dele, as três Prodígios lutavam contra o Mensageiro, e olhou para os nômades, bradando: “... teremos todos<a href="http://www.youtube.com/watch?v=YeFiwYQtGp0"> uma bela morte</a>. <a href="http://www.youtube.com/watch?v=xpKbDqVvaXI&feature=related">PREPAREM-SE PARA A GLÓRIA</a>!”</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj26NVYbVQKnKCVHmuPwSYjbgLxV5fjyV392zD2144OTnPWN0XrFJpSLQNYwWBqqpWlhduH_H6YRqV4b1gg-alCWYYilSrEXs3NdNjtzxJlXWK8c_kxOzy2hOCJOj6CYk0BCt3hRLU0sHY/s1600/neanderthal_39673233_hunt_bbc_203long.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj26NVYbVQKnKCVHmuPwSYjbgLxV5fjyV392zD2144OTnPWN0XrFJpSLQNYwWBqqpWlhduH_H6YRqV4b1gg-alCWYYilSrEXs3NdNjtzxJlXWK8c_kxOzy2hOCJOj6CYk0BCt3hRLU0sHY/s640/neanderthal_39673233_hunt_bbc_203long.jpg" width="420" /></a></div><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/cobalto-e-turquesa.html"><span style="font-size: large;">Leia o Episódio Anterior</span></a><br />
<span style="font-size: large;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/escarlate-e-rubro.html">Leia o Episódio Seguinte </a></span></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-28396587638125461712011-04-02T23:57:00.012-03:002011-04-04T16:11:39.748-03:00COBALTO E TURQUESAArthur Ferreira Jr.'. revela o SÉTIMO EPISÓDIO da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a><br />
<br />
<div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"></div><div style="text-align: left;"></div><div style="text-align: left;"></div><div style="text-align: left;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM48gNOK_yToZ7oRIzOziKOr2dC58FaTJEgOW1JLVwplU4SlOe85BIokTbQhyDO6wvfZ5-mCNitDWo3ZZUGb1ifoUekKgGeq5PjYTlFr7BVdJypC0vN93cjmGDSQ1zkatFuBud7Il7SXA/s1600/camila+d%2527errico+Lions+and+Lambs.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM48gNOK_yToZ7oRIzOziKOr2dC58FaTJEgOW1JLVwplU4SlOe85BIokTbQhyDO6wvfZ5-mCNitDWo3ZZUGb1ifoUekKgGeq5PjYTlFr7BVdJypC0vN93cjmGDSQ1zkatFuBud7Il7SXA/s400/camila+d%2527errico+Lions+and+Lambs.jpg" width="255" /></a><i style="font-family: Verdana,sans-serif;">ANDANDO EM CÍRCULOS. VOANDO EM CÍRCULOS. Eu sempre volto a essa cena... e não consigo sair.</i><br />
<div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><i> É o topo da Torre Azul, a noite cai e eu sou chamada por meu pai. Não adiantou nada tentar refletir, pensar... é uma decisão pra vida inteira, e não consigo me decidir; melhor deixar isso nas mãos de meu pai. Sim, ele sempre quis o melhor pra mim... por quinze anos ele cuidou de mim e de minha mãe, a Matriarca Kashramael.</i></div><div class="" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: left;"><i> Meu pai é o Alto Sacerdote da Terra Castanha e ele sempre cuida bem de todas as suas mulheres. Esposas, filhas, a Matriarca... não importa.<br />
<br />
Mas agora as coisas mudaram. Um terço dos sacerdotes e sátrapas diz ter contatado os VERDADEIROS DEUSES. Então, tudo muda, se sempre acreditamos em falsos deuses. Especialmente porque meu pai faz parte desse terço e foi expelido de seu cargo por sua... heresia.<br />
<br />
Somos todos hereges agora, a cidade está em chamas, alguém pôs uma bomba na Prisão-Elevada, dá pra enxergar o incêndio daqui de cima. Os guardas enxameiam diante da Torre Azul, porque os zelotes do novo Alto Sacerdote podem atacar a qualquer momento; talvez o bombardeio tenha sido uma distração.<br />
<br />
É uma cidade linda à noite, mas eu pouco vou poder aproveitar, porque meu pai já decidiu que os novos deuses têm planos para mim. A servocrata me espera na porta da escadaria, silenciosa, eu engulo em seco e a sigo.<br />
<br />
Eu esperava estudar para ser uma das sátrapas: uma administradora de um dos nomos da Terra Castanha. Mas isso nunca acontecerá, porque meu pai me chamou de Prodígio e porque eu nunca provei das trufas propiciadoras de transe... as mulheres só poderiam experimentar o transe de comunhão com os deuses aos dezessete anos; faltavam dois anos, portanto, para que eu saísse de casa e aprendesse os truques e ritos de uma sátrapa.<br />
<br />
Mas eu sou um Prodígio, sinto as trufas debaixo da terra do Ermo. E isso me torna perfeita para os planos dos novos deuses, assim diz meu pai e assim aprova minha mãe. Às vezes me sinto cansada de obedecer e é esse cansaço que sinto ao descer as escadas, mas algo me impede de desobedecer, continuo na indecisão e na indecisão deixo a escolha nas mãos de meus pais.<br />
<br />
Estou num dos salões da Torre. Sei que isto é uma memória, e sei que se repetirá de novo, exatamente como foi das últimas vezes... quantas, não sei. Já perdi a noção de tempo, o tempo se tornou um uroboros, a cada volta corroído por sombras mexendo no canto do olho. Meu pai usa as vestimentas azuis de seu antigo posto, sei que devo guardar silêncio, e no centro do salão ele aponta uma grande máquina... como as que só a elite da Terra Castanha tem acesso, mas diferente.<br />
<br />
Ela é como uma ampulheta gigante, e dentro daquela forma retorcida vejo um rodopiar de forças e cores na parte superior, relâmpagos agitando aquela matéria estranha. E eu sinto medo. E sinto mais medo porque sei que aquilo é meu destino. É inevitável; passei por isso tantas vezes.</i></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtJF3rKNeHTPbfvbSXeQaOePBXhVpKb270WKkA02Xof1r1iojwhZh1d_frt5xnRK1xAjqqmbf53LVfx6c5XSdW1s-60kA6TKFE0Ssv5mK1qQMgDci-K_k0aRkmE6Be46U0jJ37dYmEOs4/s1600/camilla+d%2527errico+honeylocks.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="252" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtJF3rKNeHTPbfvbSXeQaOePBXhVpKb270WKkA02Xof1r1iojwhZh1d_frt5xnRK1xAjqqmbf53LVfx6c5XSdW1s-60kA6TKFE0Ssv5mK1qQMgDci-K_k0aRkmE6Be46U0jJ37dYmEOs4/s320/camilla+d%2527errico+honeylocks.jpg" width="320" /></a><br />
<i> Eu quase agradeço quando ele para de explicar aos seus seguidores mais próximos, que aquele é um tearcuba do povo neander; um aparato demoníaco, assim dizia a sabedoria dos sacerdotes ortodoxos. Mas ele não era mais ortodoxo, e rasgava as vestes azuis para mostrar sua nova devoção. Eu ficaria com medo, pois nunca vi meu pai assim, nu; e qualquer excitação que eu sentisse por ver um homem nu, mesmo sendo meu pai, guardo nessas memórias que se repetem porque algo me diz que nunca mais sentirei algo diferente.<br />
<br />
Mas era apenas um gesto ritual; e aquela máquina, nunca antes operada pelos sacerdotes fiéis, porque os uniformes-paradoxo são coisa de demônios neander, havia se tornado sagrada para os novos deuses. E estes diziam na mente embriagada pela carne da trufa gigante... aquela embriaguez persistente lhe dizia as fórmulas para construir a máquina a partir dos materiais roubados da tribo neander dizimada, três anos antes.<br />
<br />
Os antigos deuses podiam ter existido no passado da Terra Castanha, e ter transcendido e viver numa terra prometida além da morte, mas os novos deuses, dizia meu pai, nunca haviam sido humanos, e viviam além do céu. Muito mais dignos de ser venerados e em troca, ensinavam segredos como os daquele tearcuba especial.<br />
<br />
Daquela máquina sairia um uniforme-paradoxo como nenhum outro antes, superior a todos os outros usados pelos povo neander e, diziam os rumores, por alguns contrabandistas do Ermo da Condenação. Eu, Berya, filha do Alto Sacerdote Mordekai, seria a primeira das escolhidas para envergar o paradoxo e ser parte de uma elite dentro da elite, assim que os hereges derrubassem as sátrapas locais... em parte com minha ajuda e de outras que também usariam o uniforme.<br />
<br />
Seria uma elite superior à das sátrapas, bradava meu pai: e também menos numerosa, porque essas guerreiras não poderiam se casar, como é obrigatório às burocratas. O uniforme seria para sempre meu esposo, um esposo ciumento... e o uniforme que era gerado ali diante de mim, na tearcuba, vinha com uma centelha especial dos novos deuses, enviada ao Alto Sacerdote por sua devoção fervorosa.<br />
<br />
E então, a coisa ficou pronta.</i></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimg7rd-BfNw2Qts1hAYSKq6DISdLJ18AKtZ4o0jbxgWHDAl_wiYnT4FBQC_tWPcoDkqUeFeOm_J7B3T_g5-5IpsCuuA7Oe979A6W5waNkQ0c4IlxqLn5uWWX-XHUdvNLbUu_ARo0sxTiQ/s1600/mystical_elf_by_melon_banzai-d313jkx.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimg7rd-BfNw2Qts1hAYSKq6DISdLJ18AKtZ4o0jbxgWHDAl_wiYnT4FBQC_tWPcoDkqUeFeOm_J7B3T_g5-5IpsCuuA7Oe979A6W5waNkQ0c4IlxqLn5uWWX-XHUdvNLbUu_ARo0sxTiQ/s400/mystical_elf_by_melon_banzai-d313jkx.jpg" width="286" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><i> A parte inferior da tearcuba se abriu, e a superior derramou a massa pulsante, azul-cobalto, do uniforme-paradoxo. Minha mãe beijou minha testa numa bênção e eu toquei aquela coisa viva.<br />
<br />
Minha mente se desfaz a cada vez que revivo as sensações de ser coberta por um tecido vivo, pelos metais turquesa que formavam fibras e padrões ao redor do meu corpo nu, pela união tão avassaladora que dobrava e desdobrava minha mente... a coisa cobria até meus cabelos antes loiros, e no espelho do salão eu me via, o uniforme-paradoxo e eu éramos um, forte, rápida, presciente, a mente girando e processando dados, informações, gostos, memórias... os cabelos azuis, azuis... a espada curta azul que saía sozinha da minha coxa esquerda e eu segurava na mão direita! Dados, informações, gostos, memórias... memórias... e havia algo a mais ali, algo multicolorido, era como a aurora boreal do Ermo, mas estava só em minha mente, ela rodava dentro de mim e me deixava louca.<br />
<br />
Louca. E eu tomei da espada e fiz o que era exigido de mim.<br />
<br />
Todos mortos?<br />
<br />
Não sei, antes que o massacre terminasse, aquele sangue derramado por mim escorresse de fato, as memórias voltavam ao topo da Torre Azul e a minha indecisão. E eu devo escolher, e escolho o uniforme. Escolho o paradoxo. O que escolho? O que devo escolher? <br />
<br />
Paradoxo?<br />
<br />
Prodígio?<br />
<br />
Paradoxo... e pela enésima vez as cenas se repetem, mas quando eu estava para matar minha própria mãe, meus olhos doem, doem muito como se o sol quisesse me matar pelos meus próprios olhos, mil dias contemplando o sol, a aurora... e a aurora sai de mim.<br />
<br />
E eu estou livre!</i></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"> O turbilhão energético rodopia diante das três Prodígios e a moça de azul-cobalto e espada curta na mão pisca os olhos repetidas vezes, não acreditando no que vê: aquela coisa horrenda, tentáculos formados de cor pura e alienígena, e duas garotas muito próximas: uma bem novinha, cabelos castanho-claros orvalhados pelos fios de um uniforme-paradoxo branco, segurando um báculo igualzinho ao da mãe de Berya; e a outra de paradoxo vermelho, cheio de coágulos rubros que começavam a refletir a luz do sol, empunhando uma katana.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Haviam outras pessoas próximas mas Berya sabia que não devia lhes dar atenção naquele momento; havia uma ameaça e ela tinha de cuidar daquilo, dentro de si, um sentimento forte e inexplicado de gratidão surgia pela menininha de branco. Uma voz firme se fez ouvir na mente de Berya, mas não era algo invasivo, era como um toque de uma mão preocupada, dizendo: <i>Você está bem? Saia de perto dele, deixe a gente cuidar disso...</i> e Berya teve certeza que a voz vinha da moça mais velha, de vermelho, embora esta não mexesse os lábios crispados.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Berya ergueu sua espada curta cor de azul metálico, percebeu mais coisas como o fato de que estava num dos cânions do Ermo, mas não vacilou pensando em como havia parado ali. A coisa turbilhonante girou seus tentáculos por sobre as outras duas garotas, e o golpe iria atingir também Berya, mas antes que isso acontecesse, a menina aproveitou o movimento que enxergava em câmera lenta e passou o fio de sua armadoxo pelo próprio braço esquerdo, do corte surgindo uma energia azulada e flamejante, que envolveu a lâmina empunhada por Berya.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Quando os tentáculos vibraram golpe sobre ela, a Prodígio Azul revidou com sua espada de fogo-fátuo, gritando – e a frase do grito, em dialeto antigo, vinha sabe-se lá de onde na confusão de suas memórias – “<a href="http://www.youtube.com/watch?v=gznDlq0O0mQ">DIE, MONSTER! YOU DON'T BELONG IN THIS WORLD</a>!”</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCkCMO4lIvnFI06a-btdtceTDICxfkO1i7QCXZXnsVyknkVS4tv5XjZkFOxIrGItvavO-OtkBlR2MAwB24oM4ezb9TciD52733_h6YHF5rxewNs8d5d-iKxlD0Ru4WLuJ4qBx5nZr5vAg/s1600/spirale.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCkCMO4lIvnFI06a-btdtceTDICxfkO1i7QCXZXnsVyknkVS4tv5XjZkFOxIrGItvavO-OtkBlR2MAwB24oM4ezb9TciD52733_h6YHF5rxewNs8d5d-iKxlD0Ru4WLuJ4qBx5nZr5vAg/s640/spirale.jpg" width="484" /></a></div><br />
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<div style="text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/nos-somos-cinco.html">LEIA O EPISÓDIO ANTERIOR</a><br />
<a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/orialco-e-ambar.html">LEIA O EPISÓDIO SEGUINTE </a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1203473698013080791.post-14226823516500271032011-04-01T16:18:00.005-03:002011-04-03T01:14:10.292-03:00NÓS SOMOS CINCOApós tantos dias de trabalho e procrastinação, <span style="font-size: large;">Arthur Ferreira Jr.'.</span> lhes traz o Sexto Episódio da <a href="http://insanemission.blogspot.com/search/label/Saga%20dos%20Prod%C3%ADgios">SAGA DOS PRODÍGIOS</a><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUZ_Zn8Fh5jFepqFJc8YThzxnd2puRTQu31joanp3wg0ZRdRt9TMpXI3ARha7F-bQCmosLcE2YTtxniHa3HomkAbHm_DQXVK8kmkc6F3dXUcJv2aGSPKmR16td6yOtQyOJrjpyzttH9bc/s1600/camila+d%2527errico+maleficent.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUZ_Zn8Fh5jFepqFJc8YThzxnd2puRTQu31joanp3wg0ZRdRt9TMpXI3ARha7F-bQCmosLcE2YTtxniHa3HomkAbHm_DQXVK8kmkc6F3dXUcJv2aGSPKmR16td6yOtQyOJrjpyzttH9bc/s320/camila+d%2527errico+maleficent.jpg" width="239" /></a><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">ERA UMA FORMA BRANCA, E ELA GIROU PELO AR, os brilhos prateados do paradoxo tornando o movimento ofuscante. O pé de Dova acertou a forma difusa mais próxima de um dos camaleões-do-meio-dia, rompendo em parte sua coesão. A garota vê que o golpe não fora tão efetivo, e em sua mão esquerda – para o espanto de Azif e Euro – se materializa um espécie de maça ou báculo, e com essa arma-paradoxo Dova vibra outro golpe, antes que o camaleão possa reagir, e em segundos ele está destruído, apenas uma onda de calor que se dissolve ao vento.</span><br />
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Como se impelido pelo exemplo de Dova, um vulto assomou o campo de batalha, a cimitarra negra brandida em alta velocidade, um movimento mais teleporte que corrida física; e em menos segundos ainda, com extrema precisão, Azif eliminava toda uma porção do enxame de lampreias-voadoras.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Uau! Nunca pensei que pudesse fazer isso!”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> <i>Quantas vezes já disse</i>, soou a voz na mente de Azif, <i>fale menos e teria agido mais rápido</i>. O uniforme-paradoxo vermelho guiou os movimentos de Charya, e com uma força brutal a moça desferiu quatro golpes de katana na desconhecida de uniforme azul; a potência dos ataques era enorme, mas a mocinha de azul se esquivou graciosamente de três deles e ainda aparou o quarto com sua espada curta. <i>Me ajudem a derrubar esta aqui! </i>Gritou a voz de Charya na mente de Dova, Euro e Azif. <i>Se ela for derrotada, os enxames vão fugir.</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Enquanto essa ação acontecia e os quatro nômades do lado de Charya tentavam conter tanto camaleões quanto lampreias, um estrondo se fazia ouvir com Euro investindo contra as criaturas que atacavam os quatro contrabandistas. A veste amarelo e dourada parecia ter aumentado ainda mais a força física do meio-neander, e ao contrário de seus colegas de uniforme, desferia socos e murros devastadores contra seus inimigos. Parecia que cada golpe de Euro tinha o poder de desmanchar até mesmo átomos: essa ilusão era proporcionada pelo fato de cada soco desintegrar um camaleão, não fazendo restar nem mesmo a onda de calor que os ocultava as formas.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Não tinha muito sucesso contra as lampreias, porém. E o zumbido demoníaco daqueles insetos atrapalhava enormemente os nômades e mesmo a Charya: era visível a agonia na voz telepática da garota de vermelho e nos golpes desesperados e sem força dos contrabandistas.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Na volta do paredão do cânion, surgiu a figura do Grão-Mestre Bendante, afogueado e segurando uma arma de choque metálica: “Dova!” ele berrou. “Rápido! Liberte os ouvidos de Charya!”</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> A menina de azul-cobalto e olhos multicoloridos gritou para os monstros, numa voz gutural que não combinava em nada com sua aparência franzina, estranhas palavras numa língua bizarra que nenhum dos presentes, ou pelo menos nenhum dos outros usuários de uniforme-paradoxo, conseguiu compreender. Mas o que não compreendiam literalmente percebiam como algo errado, mesmo profano, uma mensagem irritada, indignada, querendo sangue e massacre.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2VeImfWJnYhxrpjCrRI8_TFacKuCxTxmoOSN3EYUCFTNbgGNGIC-m0keaL4YHzueZqEhHu6YTNVF_1K-AL6_UqACF0inWIgnIrOWtR0GaK_d_3jKT0ROjsJTzxuDllQ2EP0aSKYWb7Is/s1600/4h1zX9Ue0D8fEXMEgeQub_qXlg1r9Wh7.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2VeImfWJnYhxrpjCrRI8_TFacKuCxTxmoOSN3EYUCFTNbgGNGIC-m0keaL4YHzueZqEhHu6YTNVF_1K-AL6_UqACF0inWIgnIrOWtR0GaK_d_3jKT0ROjsJTzxuDllQ2EP0aSKYWb7Is/s320/4h1zX9Ue0D8fEXMEgeQub_qXlg1r9Wh7.jpg" width="265" /></a></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Dova sentia que algo controlava a moça de azul e sentia que esse algo falava através da desconhecida, e pelo menos duas imagens se filtraram da algaravia alienígena e atingiram a mente de Dova: os corpos sem vida dos cinco Prodígios (<i>Prodígios? Todos nós Prodígios, cinco Prodígios?</i> pensou Dova atordoada), incluindo a própria menina de azul, largados pelo chão do desfiladeiro; e a morte sem sentido do primeiro mensageiro, a <a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/02/coisa-que-rastejava-pelo-ermo.html">Coisa que Rastejava pelo Ermo</a>.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> “Não, Grão-Mestre...! Não é Charya que eu tenho que libertar!” A Prodígio Branco saiu desferindo golpes de báculo contra os camaleões-do-meio-dia que a cercavam, e saltando mais de três metros para cima e para frente assim que conseguiu algum espaço. Caiu em meio a um enxame de lampreias, mas os ataques viciosos das criaturinhas pareciam não a incomodar nem causar dor; e ela estendeu a mão direita sobre a desconhecida de uniforme azul.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Ocupada com os golpes ainda imprecisos de Charya, a moça de azul não conseguiu se desviar do mero toque de Dova. Dois dedos estendidos num gesto elaborado – Azif, do outro lado do campo de batalha, conseguiu enxergar a manobra e se surpreendeu com a semelhança do gesto com uma bênção ritual específica dos sacerdotes da Terra Castanha – como um piparote, atingiram o rosto da menina controlada, perto dos olhos furiosos.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Foi como se a própria aurora boreal que assolava a cada dia o Ermo da Condenação saltasse dos olhos de Berya (<i>Berya</i>, pensou Azif, <i>agora a reconheço, é Berya, filha do Alto Sacerdote</i>) e rodopiasse num turbilhão agressivo entre as três Prodígios. Espantados com esse revertério, os enxames de lampreias alçaram voo e abandonaram o cânion, deixando só aquela nova e desconhecida ameaça – o Segundo Mensageiro – e os camaleões para enfrentar os Prodígios e seus aliados contrabandistas.</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> Nervoso mas traindo um sorriso de quem esperava aquele desenrolar das coisas, o Grão-Mestre Bendante pensou consigo enquanto disparava sua arma de choque contra um camaleão mais próximo,<i> Então, finalmente, os Alienígenas voltaram. Depois de tanto tempo, a humanidade vai ter sua vingança. Não sabem em que armadilha se meteram...</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinZ_fdLYwdJcyFQ673an2vHLcDqzyPUAcZGB6GltmcNSulwQpsHuUtc0qEdkeWidYjhwfTioxN7MGQrOniGAc3z7XqwmgNmggzANS6-9qOhzNvsQ8LY_WzSIIyspH8gACpFJkDV0NXLnI/s1600/Craig+J+Spearing+another+shoggoth.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinZ_fdLYwdJcyFQ673an2vHLcDqzyPUAcZGB6GltmcNSulwQpsHuUtc0qEdkeWidYjhwfTioxN7MGQrOniGAc3z7XqwmgNmggzANS6-9qOhzNvsQ8LY_WzSIIyspH8gACpFJkDV0NXLnI/s640/Craig+J+Spearing+another+shoggoth.jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/03/o-mensageiro-que-vagava-pelo-ermo.html">Leia o Episódio Anterior da SAGA DOS PRODÍGIOS </a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://insanemission.blogspot.com/2011/04/cobalto-e-turquesa.html">Leia o Episódio Seguinte da SAGA DOS PRODÍGIOS </a></div>KAY, The Grey Knighthttp://www.blogger.com/profile/10891221706644805023noreply@blogger.com5