Clark Ashton Smith
Tradução de Arthur Ferreira Jr.'.
Conte-me muitas histórias, ó demônio benigno e maleficente, mas não conte nenhuma que já tenha escutado, ou jamais sonhado, conte-me do obscuro e infrequente. Não, não conte sobre nada que jaz entre as fronteiras do tempo ou os limites do espaço; pois estou um tanto esgotado de tantos anos registrados e terras mapeadas; e as ilhas a oeste de Catai, e os reinos iluminados de Ind, não são remotos o suficiente para serem a base de minhas concepções; e a Atlântida é sobremaneira recente, para que meus pensamentos até lá viajem, e Mu fitou o sol em eras demasiado recentes.
Conte-me muitas histórias, mas que sejam histórias de coisas de um passado além das lendas, e das quais não existam mitos em nosso mundo, ou qualquer dos mundos próximos. Conte-me, se preferir, dos anos em que a lua era nova, com mares perturbados pelas sereias, e montanhas circundadas de flores, desde a base até o pico; conte-me de planetas cinzentos de antiguidade, dos mundos que nenhum astrônomo mortal jamais contemplou, e cujos horizontes e céus místicos chocam os visionários. Conte-me das mais vastas florações, em cujos cálices convidativos uma mulher poderia dormir; dos mares de fogo que batem ondas sobre praias de gelo eternamente duradouro; de perfumes que de um único hausto causam o sono eterno; de titãs sem olhos, que habitam Urano, e seres que vagueiam na luz verde dos sóis gêmeos, um azul-celeste e o outro laranja. Conte-me histórias de medo inconcebível e amor inimaginável, em orbes de onde nosso sol é visto como uma estrela sem nome, ou mesmo uma onde seus raios jamais alcançaram.
Original disponível no WikiSource http://en.wikisource.org/wiki/To_the_Daemon
ResponderExcluirIMAGENS E ILUSTRAÇÕES, FONTES E AUTORES
1
Uma amiga me passou outro dia e não sei onde ela desencavou. Se souberem quem é o autor, me avisem por aqui mesmo.
2
http://www.netcult.ch/sophielerlei/daemon.htm
http://dominiopublicano.blogspot.com/2011/09/ao-demonio.html
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