sábado, 23 de outubro de 2010

A Luz Escarlate


poema em honra de uma amiga desaparecida

Um flash, um insight
Uma sombra, uma incerteza, uma radiância sutil
Um vislumbre do que é e do que jamais será
Uma face encoberta pelo que há de mais ilusório: a sinceridade.

Será essa máscara o real rosto da menina
Que se esconde sob a luz escarlate?
Será o redemoinho ao seu redor
A sua vida, carnal – ah, tão carnal como pode ser um coração vermelho
A sua vida exposta em tão curto e complicado painel?

Os raios escarlates da luz avassaladora, porém sutil
Lentos, se espalham por todo o corpo da menina.
Cruel e gentilmente,
Revelam os detalhes e as formas do seu corpo
Um corpo que é, há um só tempo, miragem intangível e solidez erótica
Nas mentes, nos corações e nos sexos daqueles que a contemplam.

Os seios, descobertos, merecem mais do que a admiração
O ventre, nu, merece mais do que só a imaginação
Os quadris, à mostra, merecem mais do que uma só mão
A acariciá-los – mesmo que as mãos passem para
O destino final de todos os adoradores dessa deusa,
Mesmo que à distância - que é o refúgio secreto entre suas pernas,
A prisão que bane todos os desejos e segredos para um mar de esquecimento divino!

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