quarta-feira, 29 de junho de 2011

VÉU DE ABELHA

por Desdêmona *


Um véu simples,
Uma mão morta balançando na janela.
Um véu simplório,
Um zangão morto pela abelha-rainha.
Um véu solitário,
Um zumbido ausente de meus ouvidos.

Há quanto tempo o zumbido se foi
E não notei o êxodo das abelhas?
Há quanto tempo
As dançarinas não brilham mais ao sol?

Havia um serralho sobre a colina,
E um palanquim deserto à noite.
Lá meu amado aparecia sob o véu das sombras,
E ninguém notava quando ele se ia.

E agora que ele está morto
E a garoa leve dança ruidosa no telhado,
As colmeias ocas são enterradas no jardim,
E o vento frio da estepe me envolve a alma, clamando justiça,
Desvelo os segredos daquele amor cinzento
E retorno ao mundo, sabendo que o matei.






* Desdêmona é um heterônimo feminino de Arthur Ferreira Jr.'.

2 comentários:

  1. Ilustração de CAMILLA D'ERRICO

    http://www.camilladerrico.com/

    Curta Camilla d'Errico no
    http://www.facebook.com/camilladerricoart?ref=ts&sk=wall

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  2. gostei muito profundo e bonito
    parabens

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