Um véu simples,
Uma mão morta balançando na janela.
Um véu simplório,
Um zangão morto pela abelha-rainha.
Um véu solitário,
Um zumbido ausente de meus ouvidos.
Há quanto tempo o zumbido se foi
E não notei o êxodo das abelhas?
Há quanto tempo
As dançarinas não brilham mais ao sol?
Havia um serralho sobre a colina,
E um palanquim deserto à noite.
Lá meu amado aparecia sob o véu das sombras,
E ninguém notava quando ele se ia.
E agora que ele está morto
E a garoa leve dança ruidosa no telhado,
As colmeias ocas são enterradas no jardim,
E o vento frio da estepe me envolve a alma, clamando justiça,
Desvelo os segredos daquele amor cinzento
E retorno ao mundo, sabendo que o matei.
* Desdêmona é um heterônimo feminino de Arthur Ferreira Jr.'.
Ilustração de CAMILLA D'ERRICO
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gostei muito profundo e bonito
ResponderExcluirparabens