Um conto de Kinn e Arthur Ferreira Jr.'.
Acordei assustado no ônibus intermunicipal. Já estava na cidade. Assustado, desci apressadamente do ônibus, até que notei que não era a metrópole dotada de arranha-céus que deveria ir, para realizar um grande negócio. Tinha comprado um bilhete para ir até Crisálida, onde uma excelente proposta de negócio imobiliário aparecera, mas no susto, desci uma cidade antes. Isso parece constrangedor, mas, felizmente, o encontro está marcado para a segunda. Deixei para viajar no sábado porque queria conhecer a cidade. Crisálida é tão famosa que merecia um turismo antes do trabalho.
Como o próximo ônibus só sai amanhã, o jeito é passear por aqui mesmo. Parece uma cidadezinha bem comum, exceto pelo tipo de conversa que ouvi entre os nativos:
"E então gata, quer que eu te seduza para te levar no motel dar uma rapidinha e depois eu lhe esquecer completamente, exceto para me vangloriar com meus amigos?"
"Você precisa pelo menos me dar falsas esperanças de uma próxima vez, senão vou bancar a difícil."
"Por mim tudo bem."
"Me convenceu."
"Então, vamos."
Eu realmente não acredito que ouvi uma conversa tão inusitada assim. Depois andando pelos arredores e ouvindo mais e mais conversações, pude perceber que todos se comportavam da mesma forma. Percebi que havia parado, por engano, na Cidade Onde Todos Falam a Verdade!
Andei prestando atenção a esse e outros diálogos, o suficiente para me convencer da estranheza daquela cidade. A princípio pensei que devia ser o dia, quem sabe um Dia dos Tolos invertido, em que todos falassem a verdade. Bem, existem comemorações e costumes ainda mais estranhos, não é mesmo?
A cidade não continha muitos prédios altos, sendo que casas eram mais comuns que prédios, em determinados bairros. O hotel onde me hospedei não fugia à regra: era bizarramente raso, muito largo, apenas três andares com dezenas de quartos em cada um deles. Felizmente, o mesmo motivo que me fizera chegar à cidade, me permitira pagar aquele hotel bastante caro: eu só havia me deslocado de ônibus porque meu carro havia sido quase totalmente destruído num acidente, e a indenização polpuda me deixou com dinheiro de sobra ... só que eu achei melhor comprar um carro na própria Crisálida, ia me poupar certos aborrecimentos e eu sabia que lá conseguiria encontrar certos modelos que em minha cidade natal não eram achados com facilidade.
Considerando que devia ser um costume do dia, entrei na dança. Em Roma, como os romanos. Fui logo imitando o rapaz ávido de perto da estação rodoviária, ao virar para a recepcionista do hotel: "Você tem olhos lindos, que curvas maravilhosas. Não quer passar no meu quarto depois do expediente? "Ela me olhou estranho e perguntou, "Tenha paciência, senhor! Não me ofenda! Aqui está sua chave."
Como assim? Eu não havia feito a mesma coisa, o que é que estava errado? Atarantado, me preparei para subir as escadas rolantes quando o carregador de malas falou baixinho: "O senhor está passando bem? Não é normal dizer uma coisa daquelas a Sílvia."
"Mas hoje não é o Dia da Verdade de vocês?" perguntei, meio irritado. O carregador sorriu amarelo, meio confuso, e respondeu, "Dia da Verdade? Do que está falando, senhor? Quis dizer que os olhos dela são pequenos demais, estranhos, o senhor a ofendeu dizendo que ela tinha olhos lindos." Conforme essa conversa se procedia, uma bela mulher de cabelos ruivos, esta sim de olhos lindos, vestindo um corpete sobre uma calça jeans apertada, passou descendo pelas escadas opostas, me observando, como se estivesse me inquirindo, analisando, e parecia prestar atenção à conversa, sem a menor cerimônia.
Quando ela sumiu de vista, resolvi de novo me aproveitar dos hábitos da cidade e pressionei o carregador, já na porta do meu quarto, o 333: "Quem era a moça ruiva? Hóspede?" Tinha agora certeza de que, se ele soubesse, me diria.
O rapaz estacou e disse, parecendo mais confuso do que antes, "Moça ruiva? ... Não vi moça ruiva alguma, não senhor."
Assim, eu ia acabar mais confuso do que ele. O rapaz deixou as malas na porta do quarto e ficou esperando a gorjeta. "Não vai deixar as malas lá dentro?", perguntei. "Não é praxe do hotel, desculpe. O senhor mesmo deverá levá-las para dentro, nós não entramos nos quartos, só as arrumadeiras o fazem, de preferência quando o senhor não está dentro, sendo que toda entrega de comida se dá por aquela portinhola ali."
Mais irritado, fui puxando as malas para dentro do quarto, e fiz menção de bater a porta, quando ele pigarreou e disse: "A gorjeta, senhor. Se não pagar, vou espalhar para os outros funcionários que o senhor é um pão-duro. O senhor não vai querer isso, vai?" Mas que merda. Meti a mão no bolso e dei uma quantia mais que suficiente para ele manter bem fechada aquela boca cheia de verdades.
Bati a porta, agora de verdade, me encostei nela e respirei fundo ... pelo menos o quarto era razoável, luxuoso e bem decorado, e tinha uma excelente vista. Precisava tomar um ar, fui até a enorme janela, o vento estava frio e salgado ... o mar, azul e tranquilizador, podia ser visto no horizonte que engolia o sol se pondo.
Espere aí, o mar? Mas aquela região não era litorânea!
Isso estava começando a ficar confuso. Primeiro vejo as pessoas falando e agindo de jeito esquisito sem nunca mentir. Agora consigo ver o mar de uma cidade que é no interior? Ainda em dúvida, esfreguei os olhos com força e continuei a ver o mar, à direita, através da janela do quarto. Ao fundo via ao longe os arranha-céus de Crisálida, o que indicava que ainda não estava tão perdido quanto pensava. Mas tinha certeza que não havia mar nessa rota e nem sabia que Crisálida era tão perto do litoral.
Confuso, tirei o resto do dia no quarto para tentar o que estava acontecendo. Tinha que colocar a cabeça no lugar, e não seria esse povo confuso que fala de forma pitoresca que ia tirar meu feriado aqui e me estressar antes de um negócio tão importante quanto o que tenho para fechar na segunda. É óbvio que tudo tem uma explicação.
Sim, é óbvio. Com certeza, o ônibus deve ter feito um desvio para alguma cidade litorânea. Como dormi não vi o trajeto e acabei aqui, na cidade errada, mas perto de meu objetivo.
E com a moça, entendi o que aconteceu. Como a brincadeira é sempre falar a verdade, dizer que ela tinha olhos lindos quando não tinha pareceu sarcasmo. Com certeza foi por isso que ela se sentiu ofendida. Realmente, pensando assim, até eu me sentiria ofendido se usassem um defeito meu de forma irônica.
Com melhor humor, liguei para o serviço de quarto e pedi a refeição e um jornal. Já tinha ideia de como era o jogo que eles brincavam aqui e desta vez tinha certeza que faria dar certo. Logo o meu pedido chegou pela portinhola. Era espantoso mesmo que eles dispensavam o contato com o hóspede o máximo possível. Me perguntava qual seria o porquê.
O jornal era a pista que procurava para ter certeza de como funcionava essa cidade, e com ele em mãos, fui direto à parte de classificados. Para a minha surpresa, nas notas do jornal, em muitos anúncios, as "profissionais" se declaravam prostitutas deliberadamente. Em alguns casos, diziam na nota quais tipos de programas topavam, como se estivessem vendendo um produto.
Estava meio decepcionado comigo mesmo por não ter sido como imaginei, mas resolvi testar a teoria assim mesmo. E contratei uma que se dizia massagista para ver como ela se comportaria. Era um jogo de ganha-ganha. Se ela se mostrasse uma puta, eu teria acertado minha tese. Mas se ela quisesse insistir no jogo, já sabia o que dizer para conseguir o que eu queria.
"Senhor Victor Leonardi?" soou a voz no telefone interno do hotel. "A senhorita Aline Cortez está aqui, a seu pedido."
"Pode subir," respondi, meio nervoso. Então iríamos ver do que era feito aquela cidade. Se a brincadeira era tão crua assim a ponto de ser estúpida, ou se tinha outras nuances ... tudo ficaria óbvio assim que a dita massagista entrasse no quarto. Pelo jeito eu perceberia se era uma garota de programa ou não, e não estou sendo machista ao pensar assim. Essas mulheres mudam de jeito quando entram nessa vida.
Mas, aquela cidade poderia se mostrar mais do que eu estava preparado, logo eu sempre me gabei de entender a natureza humana, de fechar bons negócios por causa disso. A uma aposta comigo mesmo, então. Eu não tinha conseguido recuperar a fortuna de meu pai, que me deixara um certo dinheiro mas com ele várias dívidas, mas pelo menos saldara tudo e tinha uma carreira; e um homem com uma carreira não ia deixar uma cidadezinha como aquela o confundir; ele vai adiante, e conquista.
Soou a campainha e eu apertei o botão que abria a porta, remotamente, e falei alto, da cama: "Entre!"
E ela entrou. Uma morena de pele chocolate, cabelos cacheados presos num coque discreto mas elegante e sedutor. Especialmente pelo pescoço em evidência. Ela parecia ter mais ou menos vinte anos, ou talvez dezoito, quem sabe vinte e dois ... ficava difícil avaliar. Seu olhar não era recatado, mas sóbrio.
"Boa noite, senhor. Quer a massagem padrão, ou há algum incômodo que eu possa resolver?" Uma voz macia, que tentava ser firme.
"Há, sim, um incômodo ... faz uma massagem com óleo nas minhas costas que eu te conto." Bom, depois dessa, ela deveria ir em frente; eu não estava mentindo, só omitindo e abrindo caminho. Pelo jeito, não era mesmo uma prostituta. Ela subiu na cama, sentou-se do meu lado, me fez expor as costas e começou a espalhar o óleo de massagem que havia trazido. O óleo tinha um cheiro diferente que era tranquilizador, mas ao mesmo tempo me fazia parecer que estava no meio do mato, numa praia perto da floresta ... era aquela tranquilidade fornecida por um paraíso natural.
Fui até me deixando envolver pela suavidade das mãos da moça, e fiquei um bom tempo calado, mas resolvi agir. Relaxado que fosse, os dedos da mocinha haviam me deixado excitado, inclusive pela situação armada e pela expectativa. Comentei, "Suas mãos são deliciosas, experientes. Podem me ajudar a resolver esse incômodo que eu tenho aqui embaixo ... e, de quebra, você ainda passa um fim de semana agradável comigo, que sou um empreendedor de passagem, e poderia te levar a vários lugares interessantes, te tendo como cicerone ... que tal?"
As palavras foram indo porque ela não respondeu. Ficou calada, e as mãos pararam. Virei minha cabeça na direção dela quando ela retirou as mãos e ... levei um tapa.
"Acho que o senhor chamou o serviço errado," ela disse, com um tom de raiva contida. "Os anúncios são bem claros, acho que o senhor não está entendendo a nossa cidade. Agradeço a sua sinceridade, e também é de praxe eu ser sincera: não havia necessidade de dizer porque o meu serviço é de massagem apenas, mas eu sou casada. O senhor não viu a aliança, porque uma massagista não usa uma aliança na hora de dar uma massagem."
Levantou-se, limpando as mãos, foi até a bolsinha que havia trazido e deixado sobre o criado-mudo, e retirou uma aliança de prata: "Está vendo? Dá até raiva ter de mostrar isso a um forasteiro. Porque qualquer pessoa acreditaria, só por eu ter dito que eu sou casada."
"Mas ... eu não estou te desmentindo, mocinha! Alice, não é?" Ela parecia estar na defensiva, e quando falei a palavra "desmentindo", ela pareceu estremecer. Tentei uma última cartada: "Tenho certeza de que deve estar muito restrita nesse seu casamento, para ter uma reação dessas. Porque não começamos de novo, saímos para jantar, e aí ..."
Ela imediatamente se encaminhou para a porta, e antes de a abrir, falou firme na minha direção: "Eu NUNCA continuaria num casamento se não tivesse intenção de me manter fiel aos meus votos. Fidelidade, senhor Leonardi. Se quisesse ficar com outro homem, me divorciaria na mesma hora e entrava num contrato de casamento aberto." Contrato de casamento aberto??? Fiquei surpreso, e ela continuou, "Meu marido com certeza não se ofenderia de eu ser sincera com ele. E o senhor daqui por diante tome cuidado."
Disse essas últimas palavras com um certo automatismo, como se estivesse declamando algo programado, e saiu.
Fiquei muito irritado com aquilo e fui me refrescar na janela. O ar marinho me ajudaria ... exceto que não havia mar algum.
Será que estava ficando louco?
Fui até a cobertura do hotel, para ter melhor vista dos arredores. Tinha certeza de ter visto o mar a oeste de Crisálida. Ou teria sido a leste. De repente parece difícil lembrar. Mas meu silêncio e solidão não duram muito, quando um grupo distinto se aproxima com ar ameaçador. No princípio, pensei que eram seguranças do hotel, vindo me buscar por causa de meu comportamento com a massagista.
Mas isso não faria sentido, porque não fiz nada demais com ela e ainda que fizesse, exceto por estupro, não seriam eles que iriam lidar comigo, mas a polícia. No fim das contas, estava certo que tinha a ver com a garota, mas não que eram seguranças, nem o motivo de sua vinda.
O grupo composto era de 4 pessoas. Apesar de não estar à frente, a primeira que vi foi a ruiva de antes, com seu corpete e jeans. O líder usava roupas pretas, careca skinhead, embora chamasse a atenção as profundas olheiras e orelhas pontudas. Estaria fantasiado? O outro estava de casaco de couro e óculos escuros no estilo de lentes flutuantes que prendem no nariz. A quarta pessoa do grupo parecia encoberta por um neblina e não conseguia identificá-la de modo algum, embora parecesse uma senhora idosa …
O líder se aproximou e falou.
"Não costumamos receber muitas visitas, sr. Victor Leonardi. Ainda assim, tentamos ser hospitaleiros e claros quanto à nossos costumes."
"Eu sinto muito quanto à garota. Eu não sabia que ela era casada." Fui começando a me desculpar, mas ele não me deixou falar.
"A garota não importa. Você entendeu rapidamente nosso costume. Percebeu que todos, aqui, falam invariavelmente a verdade. Pensam nela e vivem nela, sem sequer notar que fazem isso, da mesma forma que os peixes não notam que estão na água ou os animais, cercados pelo ar."
"Sim, eu entendi..."
"Não, não entendeu. Tentou cantar a recepcionista mentindo sobre a aparência dela. Um engano perdoável, para quem não está acostumado a pensar e agir somente com a verdade."
"Mas no dia que cheguei aqui vi um cara falando que ia dar falsas esperanças à moça com quem ia sair. Isso não é mentir?"
"Lucas, diga a ele que falsas esperanças o rapaz deu a moça no dia seguinte." O de óculos se aproximou e falou:
"Ela deu o telefone dela e pediu que ele ligasse para ela para se verem novamente. E ele respondeu que ligaria de volta quando chovesse em frente ao mar – algo muito difícil de acontecer aqui."
Então já sem entender mais nada e como eles sabiam dessas coisas, apenas ouvi o líder reportar novamente.
"A pior parte foi você usar a palavra mentira. Essa palavra é tabu. Se todos falam sempre a verdade e vivem a verdade, não precisam ser desmentidos! Se perceberem que sempre falam a verdade ou que as pessoas podem mentir para elas, começarão a mentir também e nossa cidade cairá em ruínas. Esteja avisado, senhor Leonardi. Se insistir na sua prática viciosa, será severamente punido, de acordo com as leis de nossa cidade. Este é seu primeiro e último aviso."
Imediatamente, de lugar algum começaram a ecoar vozes clamando "lobotomia, lobotomia". Em pânico, saí correndo, atravessando o grupo e trombei de lado com a ruiva. Ela sorriu pra mim como se soubesse que eu ou ela tivéssemos feito isso de propósito. Corri para o meu quarto mas, dei por mim que estava sem minha chave ou carteira.
Teria caído quando trombei com ela, ou ela tomou de mim na confusão? Não quis parar para testar a teoria de vê-los me interceptar na porta de meu quarto. Desci e sai do hotel pelos fundos e procurei um bar ou qualquer lugar para espairecer desta loucura que aconteceu.
A verdade não gosta de visitantes, dizia uma frase muito repetida por meu pai. O velho Vicente Leonardi usava essa frase em vários contextos, mas um deles – o mais frequente – era o de uma auditoria. Todo mundo sabia o que estava acontecendo de fato na empresa, todo mundo convivia normalmente com aquelas coisas, mesmo que por dentro às vezes se revoltasse, e a verdade sobrevivia bem, e o oculta dos forasteiros – no caso, os auditores seriam os forasteiros, os visitantes enxeridos que teimavam em desnudar a verdade e, como o menino que gritou “O rei está nu!”, anunciar o óbvio e gerar consequências irreversíveis.
Faço uma careta no bar, não só por lembrar dessa frase tão adequada, como pelo gosto insatisfatório da bebida. O barman sorri e comenta, ironia e servilismo num só tom: “Pelo preço, tem de ser batizada, são as regras …”
Regras. As regras da cidade. Quem diabos as criou? Aquele grupinho? Não é possível, nunca acreditei em conspirações … mas parece que era o caso agora. Daria tudo por uma boa trepada, que me fizesse esquecer tudo isso e no outro dia pegar o ônibus para Crisálida.
“Pensando em desejos ou medos?” A voz veio da minha esquerda, mas quando eu virei, a mão esquerda dela tocou meu braço direito – e ela se sentou no banquinho ao lado. A ruiva. Sorria perfeita, dessa vez usando um tailleur. Fiquei sem saber o que dizer.
“Fiz uma aposta comigo mesma,” ela começou, “se eu bem lhe conheço, você viria afogar sua cabeça confusa num bar, e este aqui era mais a sua cara.”
“Não foi uma boa escolha, a bebida é batizada. Mas quem é você? Eu não te conheço e, interprete como uma cantada se quiser, mas eu me lembraria de uma mulher charmosa como você.” A minha insegurança usava as palavras como escudo.
“George,” ela virou-se para o barman, “um dos seus quartos preferenciais está disponível? O VIP, espero?”
Mas o que era isso … pelo jeito, apesar de toda essa confusão, eu conseguiria o que vinha procurando na cidade, desde o começo, até com uma certa facilidade que me fazia esquecer as dificuldades anteriores.
“Não se anime muito,” ela voltou o rosto para mim, e ajeitou os cabelos ruivos num rabo de cavalo, meio que suspirando, “se você quer saber quem eu sou, de verdade, eu vou te dizer, porque afinal regras são regras,” falou isso olhando, meio irônica, para o barman que havia se distanciado para buscar a chave do quarto, “mas a verdade não gosta de visitantes, você pode se arrepender.”
Pasmei. “Onde ouviu essa frase?”
“De um senhor que se achava íntegro apesar dos esquemas que armava, era um pouquinho careca, tinha Parkinson e não se parecia muito com você, apesar de ser seu pai.” O meu queixo começou a cair, mas fechei logo a boca, para a abrir de novo, dizendo, “Você deve ter checado algum perfil meu na internet, só pode ser isso.”
“Seus perfis em sites de encontros, Victor? Não, você não ia pôr fotos de seu pai por lá. Olha só, vou te contar desde já uma verdade, desde que venha me seguindo,” recebeu na mão aberta e estendida, a chave do barman, e concluiu, “estamos combinados?”
Assenti com um movimento de cabeça, meio nervoso. Fomos andando pelo bar, com suas cores sóbrias e iluminação discreta, até chegar numa parte realmente discreta: e haviam portas que pareciam da administração, com placas do tipo “SOMENTE PESSOAL AUTORIZADO”; uma delas foi aberta com a chave na mão de Anna – foi esse o nome que ela me deu no caminho até aquele cantinho oculto.
“Quando você tinha mais ou menos cinco anos … deve ter ouvido essa história talvez da boca do seu próprio pai … ele teve um caso com uma moça chamada Olívia Duarte, e desse caso sucedeu que a tal moça ficou grávida.”
“Como é que ...” Ela me interrompeu com um olhar furioso e me empurrou para dentro do quarto, dizendo, “Você quer ouvir a verdade ou não? Que te importam minhas fontes?”
“Pois bem, o que você provavelmente sabe, que seu pai deve ter lhe contado meio arrependido, é que ele pagou para que Olívia fizesse um aborto e depois sumisse. Bom, a segunda parte aconteceu, a primeira, não. Seu pai não se importou em verificar se o aborto tinha feito porque achava que Olívia também queria se livrar da criança, mas no último momento ela se arrependeu e a teve assim mesmo. A criança, sua meia-irmã, cresceu filha de mãe solteira, criada aqui mesmo nesta cidade, onde Olívia veio parar depois de saltar de um certo ônibus errado … está entendendo?”
“Então ...” Me sentei na cama redonda do quarto, de arquitetura muito similar a um quarto de hotel de centro, mas bastante limpo, arrumado e requintado.
Ela sentou do meu lado e continuou, “A filha de Olívia teve dificuldades para completar seus estudos e levou uns três anos a mais por conta de um distúrbio de atenção, que ela fazia questão de deixar claro que tinha, para todas as pessoas que encontrava. Tinha uma vida medíocre, sempre sentiu que estava faltando alguma coisa, e também comentava isso com todas as pessoas que encontrava … só que mais ou menos um ano atrás, isso tudo mudou. As pessoas notaram essa mudança mas ela não comentou nada sobre ela, mentia sobre essa mudança interior.”
“Mentia? Mas como?”
“Tudo que eu te disse até agora é mentira.”
“Hã? Você é maluca? Você e aqueles seus amigos devem ser malucos, e …”
“Calma, apressadinho.” Ela agarrou meu pulso e sua boca chegou muito próxima da minha; ela me empurrou de modo que eu deitasse na cama. Mas não prosseguiu com a movimentação, apenas começou calmamente a tirar as botas, enquanto eu me recostava melhor nos travesseiros e tirava meus próprios sapatos.
“A filha de Olívia se chamava Anna; e tudo isso é mentira, PARA MIM, que sou Anna.”
“Continuo sem entender porra nenhuma.” Mas ela realmente se parecia com um retrato da tal Olívia, que eu achei no meio das coisas de papai, depois do enterro. Ela ia desabotoando a calça preta.
“As minhas lembranças são bem claras, eu nasci em berço de ouro; filha adotiva de um megainvestidor e comerciante de livros raros … Vicente Leonardi era o nome de meu pai …” Mas que história ainda mais louca era aquela? “Depois que eu fiz dezessete anos aconteceu uma coisa muito traumática, meu pai foi assassinado por uma das empregadas da casa. Talvez ele fosse mulherengo mesmo, talvez a empregada estivesse drogada, ninguém sabe direito. Morto com um caco de espelho.”
“Espere aí, meu pai não morreu assim. Vicente Leonardi morreu de infarto … depois de uma série de aborrecimentos com …”
“Deixe eu terminar a história e depois nos divertiremos muito; afinal, eu NÃO SOU sua meia-irmã … eu sou filha adotiva de Vicente Leonardi, repetindo …” riu, com um sorriso meio estranho, os brincos muito dourados, balançando de jeito ritmado. Tirou o tailleur. “Enfim, fui pra faculdade no exterior, mais tarde, mandada pelo meu irmão adotivo, que assumiu as finanças de papai, e que sempre me protegeu a vida inteira.”
Essa mulher é louca, eu pensava, mas era melhor aproveitar o quanto podia. Eu começava a me divertir com aquela história. Ela estava tirando mesmo a roupa e eu fazia a mesma coisa. A verdade nua, ri consigo mesmo.
“Eu obriguei o meu irmão a manter o comércio de livros, e comprava dele, com minha parte da herança, uma série de itens que me interessavam. Enquanto estive na Universidade Miskatonic …”
“Miska o quê?”
“Para você, a Miskatonic é uma mentira, uma invenção. Você vai entender, já, já.” Ela usava um corpete muito parecido com o que estava antes, por debaixo daquele tailleur. Só que com a maior facilidade ela ia tirando a parte destacável, que lhe cobria os seios.
“Pensei que a palavra mentira fosse tabu, moça.” Eu sorria, já meio bêbado. E olha que a bebida estava batizada.
“Fiz umas pesquisas e consegui uma série de contatos e coisas que precisava. Infelizmente só fiquei metade do curso por lá, porque meu irmão morreu num acidente, que por ironia também envolveu uma empregada …” Falou aquilo de um jeito que me deu um calafrio. E continuou: “Eu estava de férias nessa época, perto dele, e depois dessa infelicidade decidi pedir transferência para uma nova faculdade, onde eu já estava. Na cidade de ________________________.”
“Bom, eu moro lá.” Já estava só de cueca.
“Não, não mora, na verdade. Não NESSA cidade que estou mencionando. Bom, aí aconteceram uns probleminhas, mas pelo menos eu consegui o que eu queria: EU MORRI E CONTINUEI VIVA.”
“Hã?” O meu espanto depois dessa frase foi calado por um beijo e pelo contato de seus seios no meu peito nu. Nos agarramos com sofreguidão depois de tanta bobagem que ela havia dito, e as memórias das frustrações do dia se misturavam com as informações estranhas que vieram da boca dela e do seu grupinho estranho; e logo, nada aquilo tinha a menor importância.
“Que tal o gosto da verdade, hein?” Ela falava com a voz entrecortada, enquanto subia e descia em cima de mim, os seios balançando, firmes. “Você vai conhecer o gosto dela com muita força, antes de esquecer tudo e ir embora … vai me deixar uma lembrança e eu te deixo outra … porque … ninguém nunca tem só … uma trepada comigo … é muito … mais … do que ...” Os olhos esverdeados de Anna abriam e fechavam num esgar intenso, e ela se debruçou sobre mim, agarrando minha testa.
Seu toque queimava. Queimava!
“Iä! Iä! Yog-Sothoth!” Ela bradava, na ânsia do orgasmo; e o orgasmo também atingiu meu cérebro, que queimava com toda força; e de repente visões se sucederam em minha mente, uma menina ruiva crescendo, perturbada, andando pelas ruas da cidade que me confundia; os óculos que ela usava mesmo sem ter necessidade alguma; o desemprego, o desleixo de seu jeito de vestir e a noite em que ela pediu que algo diferente quebrasse aquilo em sua vida; e como o meu pedido mental no banco do bar, ela também foi atendida; Anna Feiticeira lhe atendeu, uma presença estranha, uma ruiva idêntica a Anna, seu corpo nu envolto em chamas verdes, estilhaçando uma parede feita de espelhos, que separava os mundos, agarrando a apavorada Anna pela testa, rindo desesperada, e batendo testa com testa, com toda força, o sangue espirrava, com toda força, um som reverberante ecoava no quarto da garota, com muita força, Anna gritava muito, até que ela … e a presença … eram uma só. Anna não existia mais, nunca havia existido, nem merecia existir, mesmo; em seu lugar ficou Anna Feiticeira, escapando da morte, vinda de sua realidade paralela.
Eu estava em choque. Não conseguia falar, nem me mexer direito, a boca entreaberta, enquanto Anna ria nervosa em cima de mim, segurando meus ombros, ainda com meu pênis enterrado em sua vagina.
“Depois disso,” ela ria e falava com a voz rouca, “ELES me acharam e me incluíram no seu conselhinho de Arcontes, a Sinarquia da Verdade … é tudo um experimento de magia, e agora você acredita em feitiçaria, não é? NÃO ACREDITA? É A VERDADE!!!”
“O … que é a verdade?” só conseguia balbuciar aquilo.
“Se preocupa muito com isso, no fundo, não é?” Balançava de leve a cabeça, a testa muito suada. “Deve ser por isso que percebeu que aqui era diferente, e deve ter parado aqui, no fim das contas, por minha causa. Então eu tinha de resolver tudo. Só que eu vou matar dois coelhos de uma cajadada só … já fiz isso tantas vezes.”
O suor de sua testa pingava sobre a minha, ela se debruçava sobre mim novamente.
“Eu fiz um acordo com uma … coisa … que vive nessa realidade de vocês. Ela vive na cidade onde você deveria estar agora, e você vai levar uma outra coisa pra essa coisa – ah, estou sendo confusa, não é? Normal. É o prazer …” Da testa de Anna Feiticeira pingava o suor; dava para enxergar os poros, e eu continuava sem me mexer direito, só tremer como meu pai fazia. Um dos poros – eu conseguia enxergar com uma nitidez incrível, era lindo e ao mesmo tempo horrendo – estava se abrindo mais que os outros, bem no meio da testa.
E da testa … começou a gotejar um suor mais espesso, e daquele poro aberto, saía uma espécie … de lagarta, ou de verme. Era muito vermelho e tinha um aspecto repulsivo e ao mesmo tempo atraente, fascinante; cheio de minúsculas perninhas, se mexendo com rapidez, muita rapidez.
Anna entreabria a boca como se estivesse sentindo mesmo muito prazer; e meu coração estava gelado de medo, mas não sei como, minha ereção continuava como antes. Como eu temia, a lagarta … caiu … sobre meu rosto. Era gelado e quente ao mesmo tempo, as perninhas eram como uma espécie de franja ou pseudópodes, ela mudava de formas mas permanecia muito rubra, passou por cima de meus olhos, que não consegui fechar por mais que me esforçasse … e … entrou na minha testa, da mesma forma que saiu da testa de Anna.
“Ufa!” Ela respirou com alívio. “Essa lagartinha se grudou em mim quando eu passei de onde vim para cá, e só consegui me livrar dela agora … irmão. Ela vive numa escuridão entre os mundos … parece que ela gostou de você.” Meu cérebro esfriava lentamente. “O nome dela, agora, é Shub-Niggurath – guarde bem isso, é o que vai fazer você esquecer os últimos dias e … por acaso, é a encomenda que vai levar para a Crisálida. Afinal, que melhor lugar para uma … lagarta, do que uma crisálida. Num é?” Riu desesperada.
Saiu de cima de mim e foi se vestindo, cobrindo o corpo suado com as roupas, sem se preocupar com nada.
“No dia seguinte você acorda sem lembrar que aqui é um lugar perfeito que você ameaçou estragar … que descrição mais bonitinha, típica daqueles hipócritas … e vai direto pra Crisálida. A sua chave, estou deixando aqui no bolso da sua calça … aí você busca tudo no hotel amanhã … mas você não vai lembrar dessas minhas palavras, então só me resta te dar ...” Foi se aproximando do meu corpo inerte, o ar começava a me faltar, o cérebro borbulhava e ficava frio.
“... um beijo de adeus.” Me beijou a bochecha, e não sei por que, senti menos dor depois daquele momento.
Saiu, sem não antes recitar, na porta do quarto: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Foi bom te rever.” Fez uma espécie de gesto – não dava mais para enxergar direito, ainda mais daquele ângulo – e tudo ficou mais escuro, e acho que dormi.
Acordei assustado no ônibus intermunicipal. Já estava na cidade. Sobressaltado, desci apressadamente do ônibus, até que notei que não era a metrópole dotada de arranha-céus que deveria ir, para realizar um grande negócio. Tinha comprado um bilhete para ir até Crisálida, onde uma excelente proposta de negócio imobiliário aparecera, mas no susto, desci uma cidade antes. Isso parece constrangedor, mas, felizmente, o encontro é só na próxima segunda. Tinha pensado em passar o fim de semana conhecendo Crisálida, mas como o próximo intermunicipal para meu destino só sai amanhã, então iria ficar de castigo até lá.
Então ouvi uma conversa peculiar entre os nativos, que me causou uma sensação de déjà-vu:
"Tou afim de uma rapidinha com você, gata. Topa?"
"Mas só saio com caras que não vão me tratar como uma puta. Eles precisam me ligar e procurar uma outra vez, senão banco a difícil e não durmo com eles na primeira vez."
"E se eu lhe der falsas esperanças desse segundo encontro, rola? Tipo, ligar pra você quando chover no mar?"
"Ai tudo bem. Eu topo."
Percebi que por engano havia parado na cidade onde todos falam a verdade!Vasculhando no bolso, achei a chave de um quarto de hotel. Havia me hospedado e nem havia notado. Eu fui ao hotel no automático. Não sabia dizer o porquê, mas estava morrendo de sono ainda. Lá fui ao hotel e conferi minhas malas. Estava escuro cedo. Parecia que vinha uma tempestade sem tamanho e uma estranha neblina adentrava pela janela.
Junto com o som dos trovões, ouvia um ruído contínuo. Primeiro parecia um chiado. Depois parecia uma voz baixa repetindo ou recitando algo. Aos poucos foi ficando mais e mais alto, clamando "lobotomia, lobotomia!" Meu corpo tremia de assombro, mesmo que não soubesse o motivo. Figuras sinistras que lembravam o Nosferatu ou personagens da Matrix, lutando, correndo e me perseguindo, como se eu tivesse cometido algum crime terrível, com massagistas me estapeando a cara e caminhos desembocarem dentro da boca de senhoras, como em monstros de desenhos animado.
As coisas iam ficando mais e mais sem sentido, confusas e difíceis de lembrar, conforme via uma lesma gigante devorando um cérebro e um neandertal perguntando quando a tortura iria acabar. Meu coração acelerado praticamente saltou do lugar, quando um solavanco do ônibus me moveu do meu lugar e acordei perto da rodoviária. Estava chegando a Crisálida. Tinha sonhado tudo? Deve ser, porque as lembranças dos eventos desvaneciam rapidamente.
Se não fosse meu hábito de anotar tudo que acontece comigo num diário, nada disso poderia ter acontecido. Poderia conferir se estes eventos tinham sido reais ou oníricos. Mas, não agora. Agora era hora de turismo pela cidade.
Havia chegado, e bem em frente, numa relojoaria antiga, vários cucos gritavam, dizendo que eram 5 horas. Algo em mim estalou. O que será que essa referência queria dizer? Não lembrava de nenhum filme ou história. Se fosse importante, depois me lembraria.
Então ouvi uma conversa peculiar entre os nativos, que me causou uma sensação de déjà-vu:
"Tou afim de uma rapidinha com você, gata. Topa?"
"Mas só saio com caras que não vão me tratar como uma puta. Eles precisam me ligar e procurar uma outra vez, senão banco a difícil e não durmo com eles na primeira vez."
"E se eu lhe der falsas esperanças desse segundo encontro, rola? Tipo, ligar pra você quando chover no mar?"
"Ai tudo bem. Eu topo."
Percebi que por engano havia parado na cidade onde todos falam a verdade!Vasculhando no bolso, achei a chave de um quarto de hotel. Havia me hospedado e nem havia notado. Eu fui ao hotel no automático. Não sabia dizer o porquê, mas estava morrendo de sono ainda. Lá fui ao hotel e conferi minhas malas. Estava escuro cedo. Parecia que vinha uma tempestade sem tamanho e uma estranha neblina adentrava pela janela.
Junto com o som dos trovões, ouvia um ruído contínuo. Primeiro parecia um chiado. Depois parecia uma voz baixa repetindo ou recitando algo. Aos poucos foi ficando mais e mais alto, clamando "lobotomia, lobotomia!" Meu corpo tremia de assombro, mesmo que não soubesse o motivo. Figuras sinistras que lembravam o Nosferatu ou personagens da Matrix, lutando, correndo e me perseguindo, como se eu tivesse cometido algum crime terrível, com massagistas me estapeando a cara e caminhos desembocarem dentro da boca de senhoras, como em monstros de desenhos animado.
As coisas iam ficando mais e mais sem sentido, confusas e difíceis de lembrar, conforme via uma lesma gigante devorando um cérebro e um neandertal perguntando quando a tortura iria acabar. Meu coração acelerado praticamente saltou do lugar, quando um solavanco do ônibus me moveu do meu lugar e acordei perto da rodoviária. Estava chegando a Crisálida. Tinha sonhado tudo? Deve ser, porque as lembranças dos eventos desvaneciam rapidamente.
Se não fosse meu hábito de anotar tudo que acontece comigo num diário, nada disso poderia ter acontecido. Poderia conferir se estes eventos tinham sido reais ou oníricos. Mas, não agora. Agora era hora de turismo pela cidade.
Havia chegado, e bem em frente, numa relojoaria antiga, vários cucos gritavam, dizendo que eram 5 horas. Algo em mim estalou. O que será que essa referência queria dizer? Não lembrava de nenhum filme ou história. Se fosse importante, depois me lembraria.
Saí e fui me divertir …
“Verdade seja dita,” sussurrou Anna Feiticeira em outro canto do mundo, “não existem verdades nem mentiras. Só o que você escolhe para si mesmo.”
***
Os trechos de Kinn estão em Arial e os de Arthur, em Georgia.
Este conto acontece, cronologicamente, ANTES de A Crisálida e a Esfinge, dos mesmos autores. Ambos os contos são parte de um tetralogia que estamos elaborando! Você pode ler os quatro separadamente, mas vai desfrutar muito mais se conhecer todos os fragmentos ... todos eles estarão classificados com o marcador Crisálida.
E por falar em Crisálida, http://contosdacrisalida.blogspot.com/
Mais tarde posto as referências de imagem.
ResponderExcluirIMAGENS E ILUSTRAÇÕES, FONTES E AUTORES
ResponderExcluirAntes de mais nada, agradeço a Luana de Almeida por ter me apresentado a arte de Michael Hussar!
1
Michael Hussar, The Womb
http://www.michaelhussar.biz/
2
Michael Hussar, Morphine
3
The Red World
http://www.eldritchdark.com/galleries/inspired-by-cas/
4
Michael Hussar, Pandora
5
Michael Hussar, Sing Like Sinatra
6
Nightmare
http://www.eldritchdark.com/galleries/inspired-by-cas/
7
Michael Hussar, Vasoline
8
Lauri Blank, The Kiss
http://blankstudio.com/
9
Lauri Blank, The Red Violin
10
Michael Hussar, Stigmata
11
Paul Mudie, House of Hades
http://www.paulmudie.com/
12
Lauri Blank, Autumn
13
Michael Hussar, Daddy's Girl
Obviamente, só citei os links dos artistas na primeira menção.
Bem, acho que dessa vez eu consigo.
ResponderExcluirGostei do conto por diversos motivos. Criatividade foi o principal. Acompanhei a tragetoria do rapaz que parou em outra cidade que não Crisálida e acabou passando pela própria. rsrss.
Achei massa a forma de viver dos cidadãos, sempre dizendo a verdade, embora eu concorde com a ruiva ao chamá-los de hipócritas.
ERRATA NA CHAVE DE IMAGENS:
ResponderExcluir6
Army in the Enchanted Wood
http://www.eldritchdark.com/galleries/inspired-by-cas/all/a/9
Percebi que Nightmare é outra figura, que acabei de utilizar em outra postagem.
...
Valeu pelo comentário do grande Vondrake!
A opinião dele é sempre importante, sempre com boas e criativas ideias.