sábado, 23 de outubro de 2010

Ode Pseudo-Emo a Azathoth


Um som de flautas a emanar da câmara oculta
Sombras dançam suavemente a seguir o ritmo hipnótico
Uma opressiva consciência guia os passos dessa procissão.


Um paradoxo reinante sobre a estrutura do universo,
A leveza e a elegância de um fluxo de energia livre
Entrelaçadas ao peso esmagador desta consciência opressiva.


O presságio do futuro inevitável
O desespero de quem antevê a própria morte
É este o fado da matéria, esmagada contra si mesma.
A consciência opressiva bloqueia a tudo e a todos e a si mesma.


Uma insensibilidade cinzenta toma conta da mente cósmica.
Uma zona de possibilidades estranhas antes remotas
Lentamente se instala sobre a prisão da carne onde vivemos.
Uma opressiva consciência finalmente nos enreda e imobiliza.


Oh, extremo anseio de liberdade!
Oh, extremo desejo de um dia esta presença sufocante desfazer-se!
Quem sou, quem é você, estamos todos esmagados na existência!
Todos juntos num mesmo barco a viajar num mar de sombras,
Sombras da nossa própria cegueira que impele um tumulto insano:
Um turbilhão de violências desferidas contra nós mesmos.
Os sobreviventes terão perguntado se terá valido a pena sobreviver.


E mesmo após todo um éon que se desenrolou nesta luta medonha
Um macabro amanhecer se desenha em nossas mentes a cada dia
A esperança da fuga, a fé num sangue derramado que nos redimirá
Das atrocidades que contra nós mesmos cometemos.
Nosso crime será nossa própria salvação, devoramos nossa própria carne,
Bebemos nosso próprio sangue, como uroboros o tempo é infinito para nós.
Será que perceberemos um dia que o ciclo deve ser quebrado?


Vida, existência, opressiva consciência!

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