quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Lágrima Ardente





Adentro a floresta sinistra com o coração batendo forte.
O medo foi há muito expurgado desse coração antes traiçoeiro.
Busco a feiticeira que se oculta na floresta,
Uma ninfa demoníaca que é minha presa, alvo, e caça.

É minha missão dar cabo de seu corpo alvo e seus desejos torpes
Que propagam a malícia para além das fronteiras da floresta sinistra.
E por que?
Porque a Memória assim me ordena.

Temível e monstruoso é meu fardo, meu legado ancestral,
Sou o cavaleiro cinzento, ostento o brasão de Lorde Eligos Abigor.
Laços de vassalagem me obrigam a cumprir seus desmandos,
E somente a lágrima ardente poderia me salvar.

Desbravo o mato obscuro, tateando e sentindo o cheiro da ninfa demoníaca.
Seus odores sensuais e voluptuosos me preenchem o coração
E me toldam o cérebro, sinto o vigor do meu sangue pulsar mais forte.
E minha força é minha fraqueza, minha virtude é meu vício,
Este é o mote do Cavaleiro Cinzento.

Inútil tentar me controlar.
Devo ceder às ilusões e cavalgar o desejo que me toma;
A única forma de fazê-lo é possuindo a feiticeira selvagem e vampírica
Assolando esta floresta que na verdade é meu próprio eu demoníaco.

Juro conquistá-la, mas é em vão o juramento.
Ela só pode ser tocada e nunca conquistada;
Possuída, mas nunca domada.

E na clareira a se esconder no centro da floresta sinistra e encantada
Eu vejo as formas perfeitas da imperfeição encarnada:
A feiticeira cruel e sangrenta, a ninfa demoníaca dos bosques do Desejo.
Suas curvas são uma amostra do infinito manifesto como mulher.

Seu cheiro de fêmea sussurrante me domina, e eu quero ter o seu corpo,
Quero possuir sua alma, devorar esta carne alva e suculenta
E ainda assim deixá-la viva, marcada com o amor de meus braços firmes.

Eu, o Cavaleiro Cinzento, observo-a e marco minha presença para ela.
Dispo minha armadura das cinzas da noite e lhe dirijo meu olhar predatório.
Ela é fascinante e tão divina quanto o âmago da própria morte.
E morte sendo, em suas veias pulsa a vida, minha vida e dela.

Nos dilaceramos num abraço cheio de espasmos, mordidas e beijos cruéis;
Sinto seus seios roçarem meu peito exposto e um frêmito de amor me consome.
O hálito desta deusa encarnada me confunde e me esclarece ao mesmo tempo.
Logo a tombo no chão sagrado da floresta sinistra para que eu a possua inteira.

Mas, ai de mim, a ganância e a luxúria não devem andar juntas.
Jamais deveria ter tentado tornado minha de verdade:
Pois seu sexo foi luxuriento e devastador, uma tormenta carnal que me envolveu.
E absorto em seu mais obscuro e profundo ser, movendo-me como um lobo faminto
Que encontra sua fêmea depois de dias de corrida pela floresta sinistra,
Desfiz-me em lágrimas ardentes de prazer insuportável.

E agora, que fazer?
A lágrima ardente havia despertado.
Não mais preso à vassalagem do inferno e ao juramento feito em sagração ritual,
Estava livre para dedicar-me à minha deusa.
Estava perdido... para sempre.

Um comentário:

  1. Deliciosamente envolvente!
    Óh hells!
    Que profundidade de sentimentos!!!
    Adorei!
    Mas isso já nem é novidade neh? rsrs

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