sexta-feira, 5 de março de 2010

JORNADA SEM FIM

Os prazeres da carne úmida pela chuva de sangue...
Os êxtases da alma torturada pela tempestade rugindo...
Dentro de nós.

Nada disso, nem teus sussurros de prazer profano,
Nem teus gritos que revelam o êstase do sexo secreto
Oculto na penumbra...

Nem tudo isso servirá para aplacar nossa fome insaciável.
Meus rugidos de satisfação ao te ver cavalgando meu corpo,
Meu ímpeto irresistível de sentir tuas mordidas, teus beijos:
Mesmo com toda a excitação frenética de noites sem fim...

Teus orvalhos suculentos brilhando em seu corpo demoníaco
São como um oráculo delirante a revelar uma mensagem tremenda:
Precisamos sair deste labirinto de árvores retorcidas à luz da lua,
Encontrar lugares onde devorarmos um ao outro de novas formas.

É difícil parar no meio de uma de nossas delícias sangrentas
Onde um consome o sexo da outra com beijos e mordidas
E uma morde e beija o sexo do outro como se fosse a última vez.

Mas é justamente aí que devemos parar, no meio do desejo
Começando a ser satisfeito de modo maliciosamente perverso...
Pois o vigor nos preencherá os corpos selvagens ao corrermos então
Nus, livres, tendo por roupa os pensamentos caóticos de prazer...

Mil anos ou três segundos duraram esta corrida insana e alucinógena?
Vezes em que eu era o Cavaleiro Cinzento e você minha fiel montaria
Uma égua demoníaca com o rosto de uma linda mulher de dentes alvos...

Vezes em que você era uma ninfa caçadora, e eu a presa animalesca
Um escorpião cinza-negro numa louca corrida, no fim devorado
E permanecendo vivo para mais uma troca de papéis e aparências...
Para onde iremos nesta jornada sem fim?!?

Não consigo mais vislumbrar o futuro:
Está a teu cargo, minha musa, desenhar com nosso sangue e suor
O trajeto que trilharemos a partir de agora...
Eu o seguirei fielmente! Assim jura o Cavaleiro Cinzento!